A consciência, ao abrir caminho rumo à sua verdadeira existência, vai atingir um ponto onde se despojará de sua aparência: a de estar presa a algo estranho, que é só para ela, e que é como um outro. Aqui a aparência se torna igual à essência, de modo que sua exposição coincide exatamente com esse ponto da ciência autêntica do espírito. E, finalmente, como apreende sua verdadeira essência, a coincidência mesma designará a natureza do próprio saber absoluto.
Esta tradução da Fenomenologia do espírito foi publicada pela Vozes em 1992 em dois volumes e já teve cinco edições. Dez anos depois, aparece a tradução corrigida, em um só volume: é quase uma nova tradução, pois o original alemão foi cotejado linha por linha, e ainda comparado com as duas traduções francesas mais recentes. Este livro assinalou, em 1807, um marco no trabalho de Hegel, que começou a publicar sua primeira tentativa de construir um Sistema de Filosofia, com a Fenomenologia do Espírito, onde a fenomenologia desempenha uma função fundamental: a introdução à Ciência. A intenção do autor é articular com o fio de um discurso científico - ou com a necessidade de uma lógica - as figuras do sujeito ou da consciência que se desenham no horizonte do seu afrontamento com o mundo objetivo.