Lição da matéria

Lição da matéria Daniel Arelli




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"Difícil determinar / de que estranha matéria é feito esse poema." Assim escreve Daniel Arelli num dos poemas desse livro. De fato, são estranhas ao universo mais comum da grande maioria do que se produz em poesia as matérias dos versos que aqui se apresentam. Não são textos centrados na primeira pessoa. Não tentam aproximar o leitor de um sentimento verdadeiro ou inventado. Não são poemas carregados de rimas ou aparentes recursos sonoros. Não pesam nas imagens, nas metáforas. Estão mais para o diálogo com as ideias - sejam essas ideias poéticas, estéticas, filosóficas, históricas ou, até mesmo, científicas. Em vários poemas, Daniel trabalha como um pesquisador. Colhe uma amostra, examina-a e faz um parecer, criativo, sobre ela. Surge então essa estranha voz que se faz do choque da postura da observação analítica com a explosão criativa. Uma explosão curta, atômica, de poucas e bem escolhidas palavras. Explora, para obter esse efeito, diversas formas: poemas com versos de uma palavra, com versos mais longos, com pontuação ou sem, ou seja, cada texto encontrando a sua forma adequada. Ou, como ele mesmo escreve: "Não tente encaixar o poema / na forma / deixe que ela escreva o poema / observe-a de longe como a uma respeitável desconhecida / ocupada com algum afazer exótico / e ancestral". A consciência da forma e, ao mesmo tempo, do limite a que a consciência pode chegar, quando a forma escapa ao poeta, traz uma inteligente abertura estética para Lição da matéria. Essa, inclusive, parece ser uma de suas lições. Em outro poema, temos mais uma chave que o poeta, agora também como poeta-crítico e leitor, nos passa de sua autoconsciência: "às vezes sequer é preciso ler o poema / pelo corte do verso sabemos se é bom". O corte no espaço vai ditando o ritmo visual e a partitura da voz do poeta. Com esse princípio, cabe nos seus textos tudo e mais um pouco. Basta fazer, e Daniel faz, o corte certo. Poesia culta, que é intertexto com a poesia de um conjunto de poetas, sem esconder as referências, mas, ao contrário, nomeando-as e propondo uma interlocução. Poesia madura, mas não a maturidade como descanso, e sim como capacidade de realizar com segurança um texto inquieto e desestabilizador. - Ricardo Silvestrin.





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Resenhas para Lição da matéria (2)

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É um jeito diferente de se ver a poesia através da física. É interessante, mas não me tocou muito....
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