Estranho que eu tenha começado a escrever esta história quando tinha uns 12 ou 13 anos. Permanece a impressão de ter vivido esta mágica viagem entre os deuses gregos e os astronautas. Escrevi isto numa folha de papel almaço que sobreviveu à minha juventude e a todas as minhas mudanças. Com o tempo a folha se perdeu, mas a idéia ficou na memória e foi sendo revivida toda a vez que precisava contar histórias para que o Lucas e a Carina, meus filhos, e Diego, meu sobrinho, dormissem. Eles gostavam da maneira como ia se transformando cada vez que eu contava. E reclamavam quando seguia por caminhos sem muita lógica, quando o sono invadia a fala e misturava contação com sonolência.
– Como é, Pai? Continua!
A voz se embaralhava e entrava o sono. E eles estavam mais despertos que eu. Neste momento eu percebia que esta não era uma história para fazer as crianças dormirem.