"O Brasil é racista, eu não sou." Essa forma de pensar revela o grau da perversa disseminação do racismo em nosso corpo social. Se não lidamos com ele de forma objetiva na política, na economia ou na educação, não é de estranhar que o preconceito antinegro se perpetue nas relações interpessoais.
Daí, não é de admirar que pouco se saiba acerca de seu efeito em nossa subjetividade, embora, a despeito do silêncio e da negação históricos, a sombria e violenta realidade que gera se torne cada dia mais evidente. Daí por que também é tão importante falar, desnaturalizar e expor o que está diante de nós e insistimos em não ver, o dissimulado orgulho em diminuir o outro.
A dimensão e a importância do debate no âmbito institucional do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae tornam-se evidentes, seja como reflexão acerca dos valores - objetivos e subjetivos - que sustentam os preconceitos, seja como ato político, como um chamamento à responsabilidade, individual e institucional, no enfrentamento das desigualdades que constrangem os relacionamentos e impedem nosso salto civilizatório.
Foram a urgência e a pertinência dessas questões que mobilizaram o Departamento de Psicanálise na realização do evento "O Racismo e o Negro no Brasil: Questões Para a Psicanálise". Foram a profundidade e a qualidade do debates que levaram a editora Perspectiva a transformá-lo em livro.