Em que medida e uma biblioteca pessoal evidenciam uma trajetória por meio de autorrepresentações e representações múltiplas de seus titulares? É possível ler esses acervos como um lugar de registro consciente das escolhas cultural e socialmente determinadas realizadas pelos agentes sociais? Pode-se, a partir da investigação desses documentos, "verificar o caráter intersticial da liberdade que dispõem os agentes" para manipular, negociar e interpretar os sistemas normativos - contraditórios - nos quais se inserem? Uma trajetória intelectual elaborada a partir dos documentos presentes em um acervo privado pessoal permite entrever as ações individuais, bem como geracionais e de inserção em tradições intelectuais, em um processo de construção autoral? São estas questões que norteiam a reflexão realizada ao longo deste livro, que tem como objetivo privilegiado o arquivo privado pessoal de Francisco José de Oliveira Vianna, importante intelectual brasileiro da primeira metade do século XX. Por meio da análise do conjunto de documentos e livros que compõem esse arquivo, a autora investiga uma série de proposições, imagens e representações, com vistas a contribuir com as reflexões já realizadas sobre a obre desse intelectual.