A história de Loudun é, talvez, o mais espantoso caso de "possessão" em massa de que se tem conhecimento. Começou com uma brincadeira num pequeno convento das Ursulinas, cresceu com a malícia e as fantasias femininas; envolveu o próprio cardeal Richelieu; culminou com o julgamento, tortura e execução do pároco local, Urbain Grandier, um clérigo devasso, cuja arrogância e excessos granjearam-lhe inimigos implacáveis entre o clero e os leigos. Foi acusado de ter provocado, através da feitiçaria, a possessão da prioresa e das freiras do convento. Entretanto, quatro anos após sua morte, em 1634, o "diabo" ainda as possuía. E o jesuíta Jean-Joseph Surin, enquanto tentava exorcizar a prioresa, ficou ele próprio possesso, e somente vinte anos depois recuperou seu equilíbrio mental, saindo do estado patológico em que se encontrava.
Este é o primeiro relato da história completa, cuja leitura é tão excitante quanto um filme de suspense. Aldous Huxley encontrou seu material de trabalho em Michelet e Brémond, nas autobiografias de Surin e da prioresa, nos depoimentos das testemunhas oculares John Maitland, futuro Duque de Lauderdale, e Thomas Killingrew, o dramaturgo. as a cause célèbre de Loudun também o levou a discutir a brixaria do século XVII, a teoria psicológica anterior a Descartes, a natureza da possessão, e a teoria e a prática da vida espiritual. Tal como em A Eminência Parda e outros livros, Huxley torna suas idéias provocantes e convincentes ao máximo, relacionando-as com acontecimentos reais e personagens históricos. Em Os Demônios de Loudun os leitores encontrarão não apenas uma das narrativas mais fantásticas e absorventes de todos os tempos, como poderão apreciar, em sua expressão máxima, o raciocínio penetrante de Huxley.