Estamos em plena 2ª Guerra Mundial. As relações diplomáticas entre Brasil e Japão estão cortadas. A polícia reprime os japoneses e uma série de ações contra eles são tomadas. Escolas foram fechadas; reuniões entre amigos proibidas; e com medo, as famílias são obrigadas a esconder os livros escritos em sua língua materna. Pode até soar estranho, mas estamos em plena São Paulo, que nem sempre foi tão acolhedora assim para os japoneses. Agora, no ano do centenário da imigração, a escritora e ilustradora Lúcia Hiratsuka oferece aos leitores infantis e juvenis um novo olhar sobre as esperanças, as angústias e os desafios dos japoneses na sua chegada ao país.
Com uma narrativa em primeira pessoa delicada e comovente, Os livros de Sayuri relata os problemas sofridos por uma família de imigrantes japoneses, no Brasil, durante a 2ª Guerra Mundial; o esforço da menina Sayuri (a narradora) e de seu irmão, esgueirando-se, todas as noites, para estudar; o medo das represálias; a angústia da guerra; e o encantamento pelas letras, que a tudo supera.
Há muitas razões para se apreciar o livro de Lúcia, uma reconhecida divulgadora das tradições japonesas. O texto trata de temas como a diversidade cultural, o amor pelo conhecimento, a superação de obstáculos, e conta, de uma perspectiva diferente, a história da presença japonesa no Brasil. Tão bem escrito como ilustrado, a história de Sayuri é enriquecida por ilustrações que acompanham a delicadeza do livro e mostram a leveza dos traços japoneses.
Lúcia Hiratsuka nasceu em 1960, em Duartina, interior de São Paulo. Artista plástica, é autora e ilustradora de diversas obras infantis. Em 2004, ela publicou por Edições SM Lin e o outro lado do bambuzal (aprovado no PNBE e PNLD/SP 2005). No ano seguinte, lançou Contos da montanha, que ganhou o selo da FNLIJ de Altamente Recomendável (2005), foi incluído no Catálogo de Bolonha (2006) e conquistou o 3o lugar no Jabuti 2006 na categoria Ilustração.