Escolhido por imenso júri de escritores e críticos latino-americanos como um dos vinte melhores relatos escritos em língua espanhola a partir de 1980, Salão de beleza surpreende os leitores por sua brutal intensidade dramática.
Em uma grande metrópole, um cabeleireiro, que se traveste à noite para fazer programas, monta seu sofisticado salão e cuida de aquários com inúmeras espécies de peixes. Pouco a pouco, no entanto, movido por uma piedade aparentemente gélida, ele começa a abrigar pessoas atacadas por uma peste implacável. Em nenhum momento aparece a designação da doença, mas é visível que se trata da AIDS. O desvelo e a atenção do protagonista-narrador pelos que vão morrer contrasta com a prosa fria, despojada de qualquer sentimentalismo, com que vai tecendo sua história.
O resultado estético desta dualidade entre o estilo contido e a compaixão pelas dores humanas é extraordinário. Além disso, o refinado jogo temporal do texto e a metáfora lancinante dos peixes que vão desaparecendo nas águas turvas dos aquários contribuem para que esta novela se torne uma pequena obra-prima da ficção contemporânea.