"Cobra Norato é assim, cheia de vidas intensas, andarilhas, que cedo ou tarde se cruzam, sem perceber. Assim correm as histórias deste livro: paralelas, fluidas, até se encontrarem em uma emanação de cores, aromas e emoções. Não poderia ser de outra forma quando o tema é a telepatia. Leia-se: uma conexão entre as mentes humanas que dispensa a senha do wifi.
Como seria o mundo, você já pensou, se todas as pessoas pudessem sentir umas às outras em uma solução de empatia total? Eis a pergunta que atravessa este livro como um raio telepata, trocando personagens de corpo, abrigando mortos na mente de vivos, deixando um brilho filosófico e poético nas frases.
Uma pergunta, de fato, que leva a centenas de questões. Haveria diminuição das injustiças sociais? Acabaria o machismo e o racismo? As pessoas aprenderiam umas com as outras? Não sei. Ninguém sabe. Mas entre neste livro pronto para colecionar perguntas e imagens bonitas, personagens marcantes e histórias divertidas. Esqueça as respostas. A Luiz Bras interessam os mistérios. Ele sabe inseri-los em nossa cabeça. Sua literatura inventiva tem um poder quase telepático nesse quesito. E existe algo mais valioso em um romance de fantasia do que o mistério?
Algumas das vidas andarilhas que você encontrará neste livro: uma velha solitária que anda de cidade em cidade acompanhada por seus gatos e suas memórias, a amizade improvável entre uma menina e um monstro que habita um banco de praça, a história de uma consciência (humana?) de cem anos que troca de corpo a cada vinte e quatro horas, entre outras vidas que habitam os locais maravilhosos de Cobra Norato.
Como essas histórias se conectam você descobrirá se deixando conectar, assumindo o risco de ser a vida andarilha que percorrerá essas páginas e dará sentido ao romance. Há um limite de idade para entrar neste livro? De jeito nenhum. O leitor jovem e o adulto serão igualmente bem-recebidos neste universo. Basta estar disposto a viajar e manter o roteador da imaginação ligado."
- EDUARDO SABINO, escritor e editor, assina a orelha do livro.