Ensaio sobre a cegueira

Ensaio sobre a cegueira José Saramago




Resenhas - Ensaio Sobre a Cegueira


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João Herberth 26/03/2024

Cegar para ver
Tanto já foi dito, comentado, analisado, investigado, interpretado, criticado e elogiado sobre Ensaio sobre a cegueira, que fica difícil acrescentar algo novo. Então apenas vou falar da minha experiência sem o peso da cobrança.
A experiência de leitura das 310 páginas foi densa e bastante sufocante. Menos pelo estilo do autor — já sou familiar de outros livros — mas sim por seu conteúdo. Há uma declaração do autor que realmente exprime bem o que se encontra nesse livro: "Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso." Pois está tudo alí. Saramago não foi conhecido por seu otimismo e acredito que seja nesse livro onde essa visão de mundo fica mais evidente.
A maneira como os efeitos da cegueira branca afetam os personagens ao nível de degradação máximo, muito além do tipo de comportamento animalesco e primitivo, comumente retratado na ficção, é incrível, ao mesmo tempo que aterrador. Esse é sem dúvidas um dos melhores livros que já li, e falo isso tendo passado pela leitura de maneira bastante penosa. Sim, a leitura não é nenhuma "delicinha", muito longe disso, mas é o tipo de experiência que apenas a mais alta literatura pode te entregar. É provocante, te faz refletir, muitas vezes te tira do eixo, causando reações que apenas o contato com algo que te força a abrir os olhos e "ver", é capaz de proporcionar. Apenas leiam!
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cmgle 26/03/2024

Primeiro contato que tive com Saramago, e confesso que o início foi difícil me adaptar ao ritmo e identidade de escrita.
Uma leitura impactante e reflexiva.
Recomendo a todos pelo menos 1 vez na vida.
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Camila Felicio 25/03/2024

Um clássico contemporâneo
O livro mereceu cada minuto dedicado! Melhor releitura da vida, meu segundo favorito do autor depois de o Evangelho.
Livro chocante, brutal e transformador... Amo cada parágrafo longo e vírgulas em excesso que esse GÊNIO emprega em seus livros, a fluidez de suas histórias é absurda, fluidez acompanha de um enredo absurdo, reflexivo, marcante e intrigante!
Quem me conhece um bocadinho sabe como amo o Saramago, meu amor pela literatura nasceu e se conserva graças à ele, Eça, Pessoa e minha paixão recente chamada Stendhal (meu coração literário é franco-português kkkk)
Que leitura fantástica, com certeza farei outra releitura!!
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Maria.Eduarda 24/03/2024

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
?Temos aqui um coronel que acha que a solução era ir matando os cegos à medida que fossem aparecendo,
Mortos em vez de cegos não alteraria muito o quadro,
Estar cego não é estar morto,
Sim, mas estar morto é estar cego,?

?Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente como animais?

?O mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino é duro, cruel e implacável dos cegos.?

?Levei a minha vida a olhar dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista um alma,
E se eles se perderam??

?A cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.?

?Aqui, onde deveria ter sido um por todos e todos por um, pudemos ver como cruel de tiraram os fortes o pão da boca aos débeis.?

?Bons dias,
Perdera-se o costume de dar os bons dias, não só porque dias de cegos , propriamente falando, nunca seriam bons, mas também porque ninguém poderia estar inteiramente certo de que os dos não fossem tardes ou noites.?

?Meu Deus, a luz existe e eu tenho olhos para a ver, louvada seja a luz.?

?Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.?

?É bem certo que o difícil não é viver com as pessoas, o difícil é compreendê-las.?

A premissa deste livre sempre me deixou curiosa. Pelo fato da escrita ser em português de Portugal e não haver sequer um travessão (pra mim, a pior parte) pois só dá pra distinguir diálogos se ler duas vezes, desisti dele algumas vezes. Mas resolvi ler ele e não desisti, e que bom, pois só me surpreendi. Foi como reviver a pandemia, mas aqui, acredito ter sido bem pior. O final fica em aberto. Mas, recomendo a leitura.
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Isabella 24/03/2024

VISCERAL!!!
Esperava por uma leitura poética e recebi um soco no estômago. Esse livro me destruiu completamente ao mesmo tempo que reconstruiu minha visão sobre ser humano. Me senti sufocada em vários momentos da leitura e tive que parar por alguns dias até retomar. Saramago faz a gente se ver como animais, sem identidade, princípios ou possibilidades. Chegando a limites mentais e fisiológicos. Questiona o que fazemos quando não temos outra opção, até que ponto podemos nos submeter a situações insalubres e o que somos capazes de fazer por poder e sobrevivência. Também dialoga muito com o cenário pandêmico que vivemos.
Não tem como explicar em poucas palavras todas as sensações e reflexões que esse livro me causou, se você tem estômago forte vale a pena!!!
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ArthurGM 24/03/2024

A cegueira moral
José Saramago nos apresenta uma realidade onde perdemos a visão, ele nos mostra a natureza do ser humano, e com partes pesadas ( o que me surpreendeu na obra me deixando um pouco traumatizado, já que não esperava) trazendo a perca da moralidade e dos valores, onde a sobrevivência individual é o que mais importa aos cegos
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Iza 23/03/2024

Somos cegos que veem
Que leitura dificil! Tanto pela escrita, quanto pela língua e pela estória.
Por ser em português de Portugal, não é o maior dos problemas, apesar de ser uma linguagem mais antiga. Agora, o fato de não ter parágrafos, pontuação praticamente inexistente, separação entre falas - nunca foi visto! Demorei muito para me adaptar a leitura por este motivo.

A estória, em si, é difícil. Uma sociedade que vai perdendo a visão aos poucos. Como se adaptar a uma nova realidade sem ajuda de ninguém? Os primeiros, sendo tratados como animais, colocados em quarentena num lugar sem as mínimas condições de convivência (sem água, pouca comida)? perdem tudo, inclusive seus nomes, que os fazem ser quem são. Se não podem ver, e não podem vê-los, de que adianta saber um nome?
Uma nova sociedade é formada pelos que foram postos em quarentena, e todos precisam se adaptar à nova realidade. Mas, como?

Não é um livro fácil. Há cenas deploráveis. Você tenta se imaginar na situação em que estão, às vezes se questiona: ?o que eu faria??. Mas é inimaginável. Cenas que foi necessário fechar o livro para respirar um pouco e sair da situação.
Entretanto, se consegue chegar ao final, vale a pena. Esperava mais? Sim! Mas a reflexão que traz, vale a pena. Se colocar no lugar do outro. Enxergar o outro. Não deixar o medo cegar.

?Se eu voltar a ter olhos, olharei verdadeiramente os olhos dos outros, como se estivesse a ver-lhes a alma, A alma, perguntou o velho da venda preta, Ou o espírito, o nome pouco importa, foi então que, surpreendentemente, se tivermos em conta que se trata de pessoa que não passou por estudos adiantados, a rapariga dos óculos escuros disse, Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.?
Beatriz.Soares 03/04/2024minha estante
A escrita tá sendo muito difícil pra mim :((( depois se acostuma? Pq tá me fazendo enrolar pra ler ele, essa escrita sem pontos, parágrafos.. é péssimo




nalua.m 23/03/2024

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
Quando ninguém mais pode olhar e julgar o homem oriundo de uma sociedade capitalista, o que sobra da humanidade cultivada socialmente?
Esse é o questionamento que permeia a história toda.

Impactante. Arrebatador. Revolucionário. Cruel.
A narrativa é confusa propositalmente, acredito que para estarmos ainda mais imersos na percepção dos cegos, que nem nome possuem, desumanizados pela sua condição.
O que nos humanizada em sociedade são nossos olhos? Ou são as convenções? Ou o capital? Ou esse nos desumaniza?

Ainda que eu disserte a melhor das resenhas, cada leitor terá uma percepção e visão única. Essa é a genialidade da obra de Saramago, dar diferentes visões a uma obra que fala sobre estar cego.

"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos"
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Sampaio 21/03/2024

É um clássico, porém...
Um livro com uma escrita bem poética e gostosa, porém bem arrastada, diversas situações foram prolongadas mais do que deveriam. Não via a hora de chegar no final, além disso, o final reflexivo foi um pouco decepcionante, esperava mais de tanto que falam bem desse livro.
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Lari Colucci 20/03/2024

Difícil, pesado e confuso
É uma obra que se destaca não apenas por sua narrativa impactante, mas também pelo estilo peculiar de escrita do autor. A ausência de pontuação convencional e o fluxo contínuo de diálogos sem marcações claras podem tornar a experiência de leitura desafiadora, exigindo uma atenção redobrada para acompanhar a trama e diferenciar os personagens e seus diálogos.

A densidade do texto, aliada ao tema sombrio e à crueza com que Saramago explora a natureza humana em situações extremas, contribui para uma leitura que pode ser percebida como pesada e lenta. O autor não suaviza a realidade de seus personagens; pelo contrário, ele os coloca em um cenário de desolação e desespero, onde a cegueira metafórica e literal revela as fragilidades e brutalidades humanas.

A crueldade e o realismo com que o autor descreve o colapso da sociedade e a degeneração moral e física dos personagens podem impactar profundamente, provocando reflexões sobre solidariedade, ética e a condição humana. Em um cenário onde a cegueira se torna uma epidemia, as reações variadas dos personagens ilustram um espectro amplo de respostas humanas frente ao caos e à adversidade.
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Cla Motta 20/03/2024

A pandemia da cegueira
Aos se cegarem as pessoas passaram a viver como animais, abandonados, caóticos. E quando só uma pessoa enxergava ela também passou a não ver já que ninguém a enxergava.
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pwhset 19/03/2024

Eu vejo
"Não há bem que sempre dure, nem mal que ature, assim como não há bem que dure sempre, também não há mal que sempre cure."

É impressionante pensar como os olhos, a visão guiam os nossos sentimentos mais profundos e principalmente a nossa humanidade.

O José Saramago criou aqui uma ambientalização, que nem pode se dizer de tão ficção assim depois de termos passado por uma pandemia, que descreveu o horror de vivermos em uma sociedade sem humanidade, que se despiu de tudo que foi construído e os tornavam racionais.

Foi prazeroso acompanhar o desenvolvimento dessa história que abordou muito bem a dor, o suspiro de empatia que restou naquele grupo através dos olhos da mulher do médico.

A escrita é incrível, o desenvolvimento da narração e a descrição deixa você submerso naquele mundo branco. Com certeza uma das minhas melhores leituras do ano.

Encerro com a cena das estátuas e imagens da igreja cobertas pela venda branca, uma cena que me arrepiou e me fez pensar sobre como a vivência visceral da situação fez dos santos cegos ao povo credor. E como a cegueira mútua é o que nos afasta dos verdadeiros sentimentos e vivências humanitárias.
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marxisa 18/03/2024

Então é que se vê o animalzinho que somos.
Ao final do livro, lendo as frases em que destaquei, tive um insight.
Dizem que quando estamos em situações extremas, acabamos por nos cegar pelo desespero, agindo de acordo com os nossos instintos mais bestiais (o que realmente lemos no livro) mas e se nós já vivemos desse modo, mas não se revela de maneira tão agravante e apenas nos acostumamos. Talvez em outra sociedade com outras culturas estaríamos aterrorizados de ver o modo como sobrevivemos.
O desespero do dia a dia, a correria, o medo de errar, a pressão de ser bem sucedido. Ter uma vida e suas responsabilidades já é estar em situações extremas (não entrarei em recortes de classe pq é óbvio que para outros a situação é melhor ou pior) e por consequência estamos cegos, somos tão brutais como aqueles personagens em quarentena, pensando em nossa própria sobrevivência sem enxergar ao nosso redor.

"o sentido de responsabilidade é a consequência natural de uma boa visão, mas quando a aflição aperta, quando o corpo se nos desmanda de dor e angústia, então é que se vê o animalzinho que somos."
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