Diário de um Imago

Diário de um Imago Shiva




Resenhas - Diário de um Imago


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Fabio Shiva 19/06/2022

A história da banda Imago Mortis como pano de fundo para revoluções mundiais
No outro dia liguei a tevê bem na hora em que um bambambã da tecnologia afirmava ser impossível que os computadores um dia adquirissem consciência e se voltassem contra a humanidade: “Os sistemas de computação estão sempre dando ‘bug’ e precisando que alguém vá consertar”, dizia o especialista, como se encerrasse o assunto. Confesso que fiquei bolado diante de tanta confiança da parte de alguém que faz parte do seleto grupo de pessoas diretamente responsáveis pelo avanço tecnológico em nossa sociedade. Em meu parco entendimento, uma máquina se rebelar contra o homem é algo que se encaixa perfeitamente na ideia que faço de um “bug”. Como que em confirmação aos meus temores, logo em seguida ganhou repercussão na Internet a afirmação de um engenheiro do Google (que foi afastado por conta disso), para quem a Inteligência Artificial da empresa tornou-se “autoconsciente” e possui até alma…

O que não dá para negar é que as transformações tecnológicas vêm acontecendo de forma cada vez mais rápida e intensa, afetando radicalmente a humanidade e até mesmo a maneira de nos relacionarmos uns com os outros. Essa foi a grande percepção que tive ao preparar a nova edição do livro “DIÁRIO DE UM IMAGO: contos e causos de uma banda underground” (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3), onde conto a história do Imago Mortis, banda de heavy metal em que participei desde o seu início, em meados da década de 1990, até pouco depois do lançamento do segundo CD, “VIDA – The Play of Change” (https://youtu.be/1sUIUyCTLnk), ópera rock que está comemorando 20 anos em 2022.

Ainda nessa linha da Inteligência Artificial, há outro exemplo gritante do quanto o mundo mudou em tão pouco tempo. Lembro de ter lido um artigo, provavelmente na saudosa “Isaac Asimov Magazine”(que circulou no Brasil entre 1990 e 1992 e da qual sou até hoje orgulhoso possuidor da coleção completa), afirmando que jamais haveria uma máquina capaz de vencer o homem no jogo do xadrez, devido à infinita capacidade criativa da espécie humana. Pois bem, poucos anos depois (em 1997 para ser exato) essa confiante afirmação foi retumbantemente desmentida pela derrota do então campeão mundial de xadrez Garry Kasparov para o computador Deep Blue. Hoje, 25 anos depois dessa simbólica e espetacular vitória da Inteligência Artificial sobre a Inteligência Humana, a capacidade de processamento dos computadores aumentou tanto que temos campeonatos de xadrez entre máquinas, onde os homens só podem participar como espectadores de boca aberta. Assustou-me o comentário de um especialista em xadrez, que recomendou que esses jogos entre computadores não fossem assistidos com muita frequência, pois isso faria os jogos entre seres humanos perderem completamente a graça…

Não menos impactantes foram as transformações ocorridas no mundo da música, que é o cenário principal de meu livro “Diário de um Imago”. O livro começa contando as peripécias que nós da banda passamos para gravar uma “fita demo”, segue contando outras aventuras para gravar o primeiro CD e até experimentações com o então recém lançado formato digital do mp3, que podia ser veiculado livre de um invólucro físico através da maravilha de nossa época: a Internet. Hoje a fita cassete, o CD e o mp3 fazem igualmente parte do passado remoto, e qualquer pessoa com acesso à Internet pode instantaneamente ouvir a música que quiser, escolhendo dentre todas as gravações já realizadas pela humanidade. Para alguém que chegou a vivenciar os encontros entre amigos para troca de sons, onde cada um ia com seus LPs favoritos debaixo do braço, essas são realmente mudanças profundas. Contudo – e esse é o ponto principal do que estou tentando dizer aqui – ao contrário do que seria de se esperar, hoje não temos uma humanidade que desfruta plenamente desse riquíssimo manancial musical que está à distância de um clique no Google ou no YouTube. Muito pelo contrário: em minha opinião, vivenciamos hoje (ao menos no Brasil) um terrível empobrecimento musical, com as pessoas consumindo quase que exclusivamente um subestilo financiado pelo agronegócio, um tipo de sonoridade que é raso e superficial na melhor das hipóteses.

Sei que estou falando pouco ou nada sobre o livro que motivou essa resenha, mas sinto que preciso expressar as reflexões que foram suscitadas por essa nova leitura. Não se trata daquele papo de que “os velhos tempos” é que eram bons e de que agora nada presta. A constatação principal é até que meio óbvia (e talvez justamente por isso passe despercebida pela maioria): nunca antes, na história conhecida da humanidade, uma só geração passou por transformações tecnológicas tão profundas, que impactaram de forma tão abrupta a sociedade. Um outro exemplo se impõe: o advento das redes sociais e o modo como estão alterando a nossa própria percepção da realidade.

O tema é por demais complexo para ser esgotado em um único livro, que dirá em uma modesta resenha. Mas vou pontuar aqui algumas constatações bastante perturbadoras (ao menos para mim) a partir de um único detalhe das redes sociais, que é a cultura do “like” ou da “curtida”. Creio que foi no documentário “Privacidade Hackeada” (https://youtu.be/wjXYCrxRWqc) que vi um dos engenheiros do Facebook dizendo que o objetivo inicial de implementar as curtidas era “aumentar a positividade no mundo”. Contudo essa tecnologia rapidamente decretou uma espécie de “ditadura das curtidas” em nossa sociedade, que tem como lei primordial: “Recebo likes, logo existo.”

Há muitas consequências funestas disso, não sendo a menor delas a epidemia de depressão e vazio existencial, principalmente entre adolescentes. Mas há outras consequências ainda mais terríveis: sem perceber, fomos legitimando uma sociedade cujo valores e verdades são ditados pelos “influencers”, cujo principal (se não único) atributo é justamente o de terem muitas curtidas e seguidores em suas postagens. E o que há de tão terrível nisso? É que o critério de autoridade passou a ser o número de seguidores, simples assim. E da noite para o dia (pelo menos foi o que pareceu para mim) todos passaram a achar normal questionar fatos e evidências científicas com base apenas na opinião (desde que embasada por muitas curtidas). E pior ainda: a legitimação das Fake News, a partir do princípio muito básico de que damos mais atenção a notícias negativas (mesmo que mentirosas). E foi assim que, no decorrer de alguns poucos anos, temos uma verdadeira apoteose do ódio e da intolerância nas redes sociais, determinando a ascensão de nefastas ideologias…

Existe também, graças a Deus, um lado muito positivo nessas transformações todas. Enquanto eu escrevia a primeira versão do “Diário de um Imago”, dei-me conta do quanto minha adolescência e juventude foram vivenciadas em uma sociedade profundamente racista, machista, homofóbica e elitista. O mundo mudou tão rápido que muitas pessoas hoje ainda não aceitam o que é um fato consumado e tentam retornar (à força, se preciso) para um padrão mental coletivo que seja menos desafiador para elas, mesmo que à custa do sofrimento dos outros. Mas os reacionários podem se espernear o quanto quiserem: o novo sempre vem.

Dentro do campo mais restrito de minha própria prática literária, constatei com muita felicidade uma dessas alterações propiciadas pela tecnologia. Nessa nova edição digital do livro “Diário de um Imago”, usei e abusei do recurso do hipertexto, inserindo links que possibilitam múltiplas leituras diferentes para cada leitor. Essa é uma inovação tecnológica muito bem-vinda, que pretendo aproveitar em meus futuros escritos. Como eu dizia sempre, nos meus tempos de Imago Mortis: Mutatis Mutandis (“mudando o que deve ser mudado”)…

Assim seja!

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2022/06/a-historia-da-banda-imago-mortis-como.html



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DANILÃO1505 10/07/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!


Fabio Shiva 10/07/2022minha estante
Olá, Danilo! Valeu por sua Luz somando!




Fabio Shiva 10/01/2020

...só sei que foi assim!
É com muita alegria que inicio mais um ano com a resenha de um livro que eu mesmo escrevi. Oxalá essa prática se torne uma tradição! Novamente, como no ano passado foi o caso de “Favela Gótica” (https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2019/01/favela-gotica-fabio-shiva.html), não me cabe falar dos possíveis méritos ou deméritos da obra, mas sim das circunstâncias, motivações e pequenos segredos que fizeram com que o livro fosse escrito.

E começo com uma confissão: durante muitos anos, não podia ouvir as músicas do Imago Mortis, músicas que ajudei a compor e cujas letras escrevi. Enquanto estava redigindo o livro, me determinei a ouvir algumas das músicas, para mergulhar mais intensamente no passado. Durante as audições, sentia uma angústia tão intensa que não conseguia conter as lágrimas. E agora que o livro está pronto, diante do relato de pessoas que acharam a leitura muito engraçada e divertida, só posso dar graças ao poder da Literatura de nos ajudar a transcender e ressignificar as dores da Vida.

“Tudo o que dá para rir, dá para chorar: é questão de hora e lugar”. Esse é um ditado que se aplica bem ao processo de escrita de “Diário de um Imago”. Adquiriu uma força irresistível, para mim, a ideia de contar como uma comédia a história da banda de heavy metal que se propôs a fazer a música mais triste do mundo, capaz de levar uma pessoa ao suicídio, e que quis transformar em riffs, acordes e melodias a própria experiência da morte. Além de trazer um pouco de leveza a temas tão sinistros, o humor me permitiu também escapar de uma armadilha muito comum a esse tipo de livro, que é ficar advogando a própria importância, alardeando as próprias “glórias mofadas”.

Um livro contando a história do Imago Mortis estava sendo plasmado há muito tempo, impulsionado para a existência pelo desejo de muitas mentes. O primeiro idealizador de uma biografia da banda foi o querido amigo Mauro B. Fonseca, que há cerca de dez anos chegou a esboçar uma narrativa, que acabou sendo muito útil. De lá para cá os vocalistas Alex Voorhees e Tufi Sami também se empolgaram com a ideia, anotando suas próprias recordações e pedindo depoimentos a personagens importantes como Eliton Tomasi, Janna Souza, Reinaldo José, Hioderman Zartan e Fausto Mucin, entre outros. O empurrão que faltava aconteceu em 2018, quando tomei conhecimento da dissertação de mestrado de Bruno Pael dos Santos, defendida na Universidade Federal da Grande Dourados (MS), com o título: “A Morte Como Acontecimento Semiótico: a perspectiva simbólica da banda de heavy metal Imago Mortis” (https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2019/12/a-morte-como-acontecimento-semiotico.html). Se as músicas da ópera rock “VIDA” foram consideradas importantes o suficiente para serem objeto de estudo de uma dissertação de mestrado, então a história por trás da composição dessas músicas também merecia ser contada.

A partir do momento em que eu finalmente senti que precisava escrever esse livro, foram imprescindíveis as colaborações das pessoas já citadas e também de ex-membros do Imago: Fabrício Barretto, Alex Guimarães, Flavio Duarte e André Delacroix. Não posso deixar de fazer um agradecimento especial a dona Lícia Barretto, minha mãe, cujo ponto de vista sobre nossas estripulias de banda rendeu algumas das passagens mais hilárias do livro. Quanto à interação dos antigos imagões, acabou rendendo uma bela surpresa, que foi a música “O Mistério da Vida” (https://youtu.be/1o8wDrhA0NU).

Do ponto de vista estritamente literário, algumas experiências foram cruciais na composição desse livro. Devo muito à leitura de “Limonov”, de Emmanuel Carrère, livro que me foi presenteado pela querida Maria Inês Menezes e que me instigou com o conceito do “romance de não ficção”. Mais ainda, os livros do próprio Eduard Limonov, relatos autobiográficos de extremo sincericídio, provocaram minha admiração e inveja: será que um dia eu teria coragem de escrever algo parecido?

As peças que faltavam no quebra-cabeça vieram através de alguns textos biográficos que escrevi por encomenda, como Ghost Writer. Nesses textos, era comum o cliente querer cortar ou consertar qualquer “defeito” em sua personalidade e/ou ações. Por mais que eu argumentasse que eram essas pequenas imperfeições que tornavam a história e o próprio personagem do cliente mais cativantes, via de regra a decisão era abolir ou enfeitar tudo o que pudesse ser tido como fraqueza. Isso reforçou a minha determinação de não fazer assim ao contar a minha própria história.

E assim foi. Escrevi “Diário de um Imago” tomado por um frenesi de exibicionismo de algumas das características menos apreciáveis em mim mesmo (bem como em meus desafortunados companheiros de banda). Só no dia seguinte ao da publicação do livro na Amazon (https://www.amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3) foi que cessou essa espécie de auto-hipnose, e exclamei horrorizado: “O que foi que eu fiz? Agora vão ficar sabendo de todos os podres de meu passado!” Bom, como se diz, agora é tarde...

É por isso que encerro essa resenha com um agradecimento especial à minha linda esposa e companheira, Fabíola Campos, que mesmo depois de ficar sabendo de tanta tosqueira a meu respeito continuou casada comigo!

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2020/01/diario-de-um-imago-contos-e-causos-de.html



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Comenta Livros 08/12/2020

Muito bom
Fabio me surpreendeu mais uma vez com um livro divertidíssimo sobre outra façanha de sua vida.

site: https://comentalivros.com/diario-de-um-imago-fabio-shiva/#.X8-wfaGSnIU
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Luciano Otaciano 11/01/2020

Livro excelente!

Olá caros leitores e caríssimas leitoras, preparados para mais uma resenha literária. Venham comigo descobrir minhas impressões à respeito da obra.


Para os apreciadores do Imago Mortis, dos Mensageiros do Vento e do Fábio Shiva, a leitura desse livro foi mais uma confirmação talento distribuído em muitas facetas do autor Fábio Shiva. O autor possui uma capacidade impressionante de escrever obras grandiosas, embora não deixe de ser simples como um todo. Nesta obra, ele disseca a vida de uma banda de metal no underground nacional, com detalhes tão vivos que você se sentirá fazendo parte das situações que são descritas ali. As sensações que o leitor sentirá são tantas, que, ao invés de analisar o livro, eu poderia relatar tudo o que sentir ao ler a obra. Eu pude sentir antipatia, simpatia, raiva e tristeza, até mesmo uma melancolia gostosa de se sentir, principalmente àquela que nos remete à longínquos tempos atrás. O leitor ficará empolgado com cada êxito conquistado. Vai rir das situações mais bizarras que uma banda pode viver e quem é músico vai se identificar bastante. Existem muitas situações inusitadas neste livro, porém são contagiantes e também pertinentes.O livro vai tocar em questões inquietantes, pode mesmo chocar a alguns e tudo isso vale à pena, no mínimo para nos fazer olhar para nós mesmos e reafirmar os nossos próprios valores. O livro possui filosofia, religião, literatura (legal pescar algumas referências) e claro, muita música. Foi interessantíssimo saber que a banda tem uma ligação com Macaé, situada no estado do Rio de Janeiro, pois é uma cidade ao qual, tenho um enorme carinho, pois tenho alguns amigos e parentes por lá, sem contar o time da cidade de mesmo nome, que aliás já disputou a segunda divisão nacional de futebol há alguns anos atrás. Aproveitando o espaço, recomendo duas outras obras do autor Fábio Shiva: "Labirinto Circular" (tem no wattpad) e "Favela Gótica". Aliás "Favela Gótica" tem resenha aqui no blog. Tenho certeza de que você sairá no mínimo impactado ao realizar a leitura desses livros maravilhosos. Em tempos de gente que não se mostra, as obras do Fabio vem para dar uma ar de autenticidade e isso é algo louvável. E o mais louvável ainda é que Fábio Shiva é autor nacional, e sendo tal precisa de nossa divulgação e reconhecimento. Em resumo "Diário de Um Imago" é uma leitura gostosa, muito embora não tenha grandes surpresas no ponto de vista do contexto geral do livro, mas ainda assim, é uma leitura esclarecedora e prazerosa. Recomendo. Finalizo por aqui, espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!
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ataliba 13/01/2022

Lembranças maravilhosas
Sempre curti o Imago Mortis. Seus cds sempre foram figurinha carimbada nas minhas playlists e, antes das playlists no meu cd player. Sim, amiguinhos, houve a época em que o streaming não era um padrão. E nesta época, assim como faziam os incas e os maias, nós trocávamos cartas. Nós tínhamos o contato direto com as bandas. E, vivíamos a música de forma muito sincera, Ela fazia parte de nossas vidas.
Quando o Imago lançou a música "Os mistérios da vida" , que aliás mexeu muito comigo na época pois estava em meio a uma crise de burnout e depressão acabei comprando o livro na Amazon. E que maravilhoso.
Navegar pelas histórias do Imago me fez relembrar esta época divertida da vida. E, ajudou em muito no momento em que estava passando.
Só posso agradecer ao Imago por isto. Como sempre me acompanhando musicalmente e, neste momento, em uma maravilhosa leitura.
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