Ringworld

Ringworld Larry Niven




Resenhas - Ringworld


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Yurii 06/03/2015

Finalizei o livro sem entender se o machismo óbvio que permeia a história é intencional ou reflete apenas a visão sexista do autor.

Como leitor assíduo de Ursula K. Le Guin e suas sociedades multifacetadas, foi penoso continuar a leitura de Niven até o fim. No começo pensei que havia algo estranho, mas ao passo que a narrativa se prolonga fica claro a posição da mulher na história: Teela Brown é quase uma boneca inflável que, como o texto explicitamente anuncia, está ali para o prazer carnal do protagonista (caso contrário ele estupraria um alienígena para se aliviar!). A outra mulher que aparece na história é uma prostituta espacial, uma dentre três mulheres que serviam cerca de 30 homens durantes suas viagens espaciais. O poder especial de Prill é a arte de seduzir na cama.

Vamos aos alienígenas: Speaker, um gato gigante macho guerreiro cuja sociedade é patriarcal e as fêmeas são IRRACIONAIS. O outro, Nessus, cujas fêmeas TAMBÉM são irracionais, parece uma alusão simplória de uma raça de homossexuais. Ah até que enfim uma representatividade! Mas não. A raça de Nessus é considerada covarde ao extremo, manipuladora, que depende de uma fêmea irracional para gerar um filho que será cuidado por dois machos da espécie, que segue, por sinal, um 'Hindmost'. Não sei até que ponto posso estar extrapolando, mas 'Hind' pode ser traduzido como 'a parte de trás, o traseiro', e é com o 'hind' que Nessus sempre se defende. Chega a ser ridículo.

O livro não passaria pelo teste de Bechdel. Mal passa pelo teste do bom senso. A história é interessante, o Ringworld é curioso e todo fã de ficção científica ficaria apaixonado. Exceto, claro, se ele não for mais capaz de suportar uma história com visão social medieval, como é o caso.
Jinn 29/08/2018minha estante
Li e tive a mesma impressão. Por mais que a estória, no fim, tenha se voltado muito à Teela, não tirou o gostinho amargo do restante do livro. Minha intenção inicial era ler a série toda, mas não decidi ainda se lerei as sequências. Por um lado, o Niven fez um excelente papel criando o cenário e entregando aos poucos as explicações, por outro lado....




Alessandro 30/05/2014

O leitor que aprecia pelo menos um pouco de ficção científica tem a obrigação de ler esse livro!
Ringworld, escrito por Larry Niven em 1970, é um romance de ficção científica do subgênero Hard, ou seja, que demonstra um grande interesse na precisão científica dos conceitos envolvidos. A estória situa-se no universo Known Space, e a recepção do livro foi tão boa que Niven escreveu três sequências e quatro prequelas. Ringworld recebeu os Prêmios Nebula em 1970, e Hugo e Locus em 1971, sendo considerado hoje um dos maiores clássicos do gênero.
Infelizmente nenhum livro da série foi traduzido para a língua portuguesa, por favor me corrijam se eu estiver errado!

Conceitos desenvolvidos
Um grande número de conceitos são desenvolvidos por Larry Niven neste livro:

* Várias espécies alienígenas coexistem, com diferentes níveis tecnológicos. Os puppeteers, kzin, humanos e outras. Os puppeteers são extremamente desenvolvidos tecnologicamente, mas vivem afastados do convívio com outras espécies, e são notórios covardes. Os Kzin são agressivos e já estiveram em guerra com os humanos;
* Campo de êxtase (Slaver stasis field), que interrompe o fluxo do tempo para objetos dentro dele, assim nada pode atingir o que está dentro do campo;
* Os puppeteers acreditam que sorte é uma característica genética, e que pode ser selecionada por cruzamentos seletivos. Um sistema de loteria para reprodução na Terra levou à seleção de Teela Brown para a equipe de exploradores, pois vários antepassados dela sempre tiveram a sorte de ter ganhado o direito de reprodução;
* Existe uma droga que prolonga a vida e preserva a juventude, a Boosterspice;
* A matéria do Ringworld, chamado de Scrith, é construída com uma resistência à tensão equivalente em magnitude à força nuclear forte;
* O motor hiperspacial utilizado pelos humanos e kzin é mais rápido que a luz (aproximadamente 122x a velocidade da luz), mas ainda não permite a completa exploração e colonização da galáxia. Os Puppeteers conhecem um sistema mais avançado, mas ainda não liberaram para uso de outras espécies que permite desenvolver velocidades de 421000c;
Teletransporte ponto-a-ponto à velocidade da luz. O uso da tecnologia na Terra causou a perda de sentido de posição global, cidades e culturas estão completamente unidas;
* Culturas tecnológicas podem sofrer rupturas que causam a regressão em direção à religiões. As sociedades podem esquecer que a tecnologia foi desenvolvida pela ciência e acreditar que tratam-se de fenômenos de origem divina.
* O núcleo galático possui uma grande concentração de estrelas, algumas prestes a tornarem-se novas. A proximidade dessas novas causou uma espécie de reação em cadeia que aconteceu a milhares de anos atrás, gerando uma quantidade massiva de energia que irá destruir todos os planetas habitados da periferia galática. Um explorador utilizando uma nave experimental Puppeteer conseguiu descobrir o avanço dessa onda de choque que irá exterminar a vida na periferia da galáxia. Essa é a razão para o interesse de Louis no sistema de propulsão guardado pelos Puppeteers, pois poderia ser a única forma de evacuar os planetas habitados até a Nuvem de Magalhães, até então inalcançável pelos humanos ou Kzin. A ideia apresentada por Niven é interessante, mas impossível fisicamente. A explosão de uma nova jamais causaria um aquecimento das novas próximas, a única possibilidade de disparar uma nova é o acréscimo de massa. Além disso mesmo com a maior proximidade das estrelas no núcleo galático, a distância entre as estrelas ainda seria absurdamente grande para que alguma explosão pudesse afetar drasticamente outros sistemas na vizinhança.

Introdução ao roteiro
A estória inicia-se em 2850, na Terra, na festa de aniversário de 200 anos de Louis Gridley Wu, que apesar da idade avançada está em condições perfeitas de saúde, graças a avançada medicina da época. Mas Louis está entediado com a vida que vem levando, e está considerando iniciar um viagem sabática além do Known Space, por um ano ou mais, o que já fez em outras ocasiões.
Durante a festa Louis é procurado por um puppeteer, uma misteriosa e avançadíssima espécie que oferece à ele participar de uma viagem exploratória além do Known Space. Logo depois são recrutados Speaker-to-Animals, um Kzin (uma espécie agressiva parecida com um gato, que esteve em guerra com a humanidade em outra época), e uma jovem humana Teela Brown (amante de Louis).
Inicialmente eles viajam até o mundo natal dos puppeteers, onde então descobrem que o objetivo da missão é explorar um mundo artificial em forma de anel, que ocupa completamente a órbita de uma estrela. A órbita tem aproximadamente uma unidade astronômica (igual a órbita da Terra), e a rotação desse mundo gera 99,2% da gravidade terrena, através da ação de força centrífuga. A atmosfera é semelhante à da Terra sendo mantida pela ação da força centrífuga e por paredes de montanhas nas laterais do anel. O mundo é habitável, e a superfície plana interior tem uma área de aproximadamente 3 milhões de planetas Terra. Noites artificiais são produzidas por retângulos gigantescos conectados por cabos ultra fortes, que rotacionam em velocidade diferente do anel principal.
As tentativas iniciais de contato fracassam, e a nave dos exploradores é atacada pelo sistema de defesa automático do mundo anel, e acaba realizando um pouso forçado próximo à uma grande montanha. A nave fica gravemente avariada, e agora o time de exploradores tem que encontrar uma forma de retornar, bem como concluir a missão exploratória original.

Considerações sobre o livro
Ringworld é um dos livros de ficção científica mais importantes dos últimos 50 anos, tendo influenciado vários outros autores e até Space Operas como Star Wars de George Lucas, ajudando a gerar uma indústria bilionária. O mundo anel de Niven é uma das megaestruturas mais impressionantes já imaginadas, utilizando conceitos científicos como a da Esfera de Dyson (recomendo a leitura do artigo da Wikipédia).
Um acontecimento na Convenção Mundial de Ficção Científica de 1971 mostra o quanto o livro é levado à sério: Estudantes do MIT causaram comoção ao gritarem O Mundo Anel é instável!. Larry Niven tinha cometido o erro de não incluir propulsores gigantes que ajudariam a manter a órbita em torno do sol, falha que ele corrigiu anos mais tarde em suas sequências. O problema não era Niven estar errado, mas sim que os leitores estavam levando suas ideias tão a sério que começaram a se preocupar com problemas de estabilidade da estrutura! De qualquer forma, o Mundo Anel é algo muito improvável de ser construído, mas talvez não seja totalmente impossível.
Outra característica louvável do livro é romper com o padrão estabelecido por outros vencedores do Hugo, como Heinlein, que preocupavam-se pouco em descrever tecnologia e ciência, e iniciar a fase da ficção científica Hard, com uma pesada exposição tecnológica do universo criado, arte que depois Arthur C. Clark desenvolveu com maestria criando até conceitos científicos que acabaram mostrando-se reais como satélites artificiais e elevadores espaciais.
O leitor que aprecia pelo menos um pouco de ficção científica tem a obrigação de ler esse livro! Afinal, qualquer livro que tenha ganho simultaneamente os prêmios Hugo e Nebula podem ser considerados sagrados para o fã da ficção científica. Apesar de muita coisa ficar sem explicação o que Niven posteriormente complementou nos outros sete livros da franquia e do livro não ter a profundidade do livro de Arthur C. Clarke, Encontro com Rama, certamente Niven supera Clarke na questão de escala.
Fica a questão para ser respondida pelos leitores: será nesse caso tamanho importa?

Para ter uma ideia melhor da escala da megaestrutura de Ringworld veja o vídeo no meu blog.

site: http://leiturasparalelas.wordpress.com/2014/05/30/ringworld-larry-niven/
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