alinenotalien 19/11/2020
Autora mirou numa mulher forte e independente, mas acertou em uma mulher egoísta, egocêntrica, rude e superficial!
Ainda bem que conheci o trabalho da Megan Maxwell com a série Peça-me o que quiser, porque se eu tivesse começado com Eu Avisei, nunca mais teria chegado perto de um livro da autora. Começamos bem a resenha, não? Segue o baile.
Victoria é uma publicitária de sucesso. Ela batalhou a vida inteira pra chegar onde chegou, e a batalha foi mais árdua ainda por ela ter vido da periferia. No entanto, fica evidente que a “mocinha” esqueceu suas origens e gosta de pisar em todo mundo. E quando eu digo todo mundo, é todo mundo mesmo, incluindo a sua própria família! Victoria é extremamente arrogante, egoísta, egocêntrica, rude e superficial. Ela é insuportável e eu só queria esganá-la por tratar as pessoas tão mal.
A vida de Victoria começa a desmoronar a partir do momento em que ela cancela seu casamento 24h antes da cerimônia e, por fim, descobre que está prestes a perder uma importante conta na agência publicitária, porque o conde Colum McKenna não quer assinar um contrato de locação. Decidida a contornar isso e se livrar do traste de seu ex, Victoria parte para a Escócia, juntamente com sua irmã, Bárbara, para encontrar o conde e conseguir aquilo o que quer.
O pano de fundo para a história é maravilhoso, devo dizer. Tudo que envolve a Escócia me fascina e foi um dos motivos que me fez ler esse livro. Mas nem o pano de fundo pode fazer esse livro ser agradável. Infelizmente.
Com a personalidade e caráter questionável de Victoria, logo ela arruma confusão com os funcionários do hotel, Robert e Niall. E todo o livro ocorre em volta de brigas infantis e desnecessárias entre esses personagens, principalmente Niall. Este é um santo por aguentar a Victoria, devo deixar isso bem claro. Toda vez que ele colocava a “mocinha” em seu lugar eu queria largar o livro e aplaudir.
Outra questão que me desagradou muito foi a escrita forçada da Megan Maxwell. Ela não tinha ideia de como desenvolver a vida luxuosa de Victoria, então insistia em falar sobre TODAS as marcas famosas usadas pelos ricaços. E chegou uma hora que cansou e pareceu forçado. Ok, Megan, a gente sabe que a Vicky ama marcas luxuosas e é rica pra caramba, não precisa usar 3 páginas pra falar sobre Gucci, Versace e os escambau.
O desenvolvimento de Niall e Victoria como casal também deixou muito a desejar. A autora podia ter focado mais na química e atração dos personagens, mas ela insistiu até o fim em focar apenas nas brigas e discussões desses dois. Brigas que geralmente eram desnecessárias, discussões infantilizadas que eram de dar desgosto e fazer revirar os olhos.
Ponto positivo são os personagens secundários, principalmente Tom e Ona. Esses dois são maravilhosos, e eu amei cada lição de humildade e amor que eles deram para Victoria. Robert e Bárbara sofrem com os mesmos problemas de brigas desnecessárias que o casal principal, mas nem de perto é tão desagradável quanto com Niall e Victoria. Além disso, a personalidade da Bárbara é muito mais agradável que de sua irmã, sendo mais como Judith Flores de Peça-me o que quiser. Rous, a mulher tímida e esquiva que mora na fazenda, é maravilhosa também. Aos poucos ela foi conquistando seu espaço na história e também no meu coração de leitora. Margarita e Vítor são ótimos também, e eu amo a personalidade desses dois. Adoro que Marga não abaixe a cabeça pra ninguém e não tem problema em falar sobre o alcoolismo e está disposta a enfrentar isso por sus filhos e por ela mesma. E, por fim, Lexie é maravilhosa. Adorei a garotinha e queria que ela tivesse participado mais da história. Quem sabe ela teria descongelado o coração de Victoria mais cedo, hein?
As lições de humildade aplicadas a Victoria surtiram efeito, porém, particularmente, foi tardio. Foi horrível ver a crueldade dessa mulher durante mais de 70% do livro e, do nada, simplesmente ter uma rendição. Megan Maxwell poderia ter trabalhado melhor isso e conduzir a mudança da personagem durante a história, não jogar tudo no final. Ficou algo tão fácil, como “oh, fui cruel por grande parte da minha vida, mas me desculpe” e pronto, acabou. Com tantas pessoas que sofreram na mão dessa mulher, eu esperava algo mais sobre a “rendição da megera”.
O “segredo” de Niall, Robert e toda a família foi deplorável. Por que a autora insistiu em fazer esse “suspense”? Até agora não entendi. Simplesmente bati o olho, desvendei e depois fiquei “ah, vá, é mesmo que você só foi revelar o que todo mundo já sabia só agora?”. Era desnecessário manter isso até os capítulos finais, Megan! Você jogou fora uma chance de conduzir uma história de maneira diferente, que poderia ter sido muito mais agradável de se ler. Alguém pode botar a mão na consciência dessa mulher, por favor?
Eu Avisei é um livro desagradável, com uma personagem principal insuportável. A história é desgastante e eu só finalizei pela força do ódio (ou eu teria abandonado antes mesmo da metade do livro!). Se você espera um romance bonitinho, com uma personagem feminina forte e independente, passe longe. Porque o livro não tem nada disso e você só vai receber litros e litros de frustração em troca. Se ainda assim você quer enfrentar essa bomba, vai por sua conta e risco e, principalmente, com muita paciência, mas fica o conselho de amiga aqui: eu avisei.