Resenhas - A tirania dos especialistas

pedrocipoli 05/04/2020

O que poderá ser
Eu entendo que é uma espécie de "coletânea". Também entendo as diversas análises negativas, em especial na Amazon. Porém, há sim problemas aqui.
Martim Vasques da Cunha parece tentar "emular" o estilo de escrita de John Gray, mas infelizmente há uma desconexão no livro. O autor tem uma cultura quase enciclopédia, mas a (talvez) necessidade de utilizá-las atrapalha a mensagem que quer passar. Acredito que com o tempo seus livros ficarão mais talhados, com mais esmero, com um começo, meio e fim mais mais definitivo. E efetivo.
Olavo de Carvalho "não é mais o que poderia ter sido", e o paralogismo de curto circuito é, de fato, um dos problemas mais patente. E é necessário coragem para escrever um livro sobre isso, algo admirável aqui, em especial de um ex aluno. A necessidade de opinar sobre tudo, com uma agressividade juvenil, de ciência política a culinária, é realmente um sintoma de um posicionamento totalitário de O. de C. Precisamos de menos pessoas fiéis a ele e mais de acordo com a realidade.
Vasques da Cunha está no caminho certo, e creio que teremos um excelente intelectual no futuro. Mas urge uma clareza mais certeira.

Beto 25/03/2021

Magistral avaliação do cenário político e cultural brasileiro
Ao observar as críticas, é possível perceber que grande parte daqueles que diminuem a importância do livro o fazem, pois a "Tirania dos Especialistas" possui forte vínculo com Olavo de Carvalho - e esses laços não são positivos.

Martim Vasques cria uma sólida análise sobre o ambiente brasileiro, apoiado em inúmeros autores e em suas próprias teorias. O livro é um prato cheio de referências e, ao fim da leitura, adicionei inúmeros novos livros a minha lista deste site. O autor utiliza bem as ideias externas e traz um campo de visão amplo para diagnosticar o cenário político e cultural nacional. A bem da verdade, em muitos momentos do livro - principalmente no capítulo "As Ruínas Circulares", em que o autor desmembra Olavo de Carvalho - você se perguntará: aonde ele quer chegar? Algumas colocações parecerão deslocadas por algum tempo e uma nuvem de caos pode surgir, mas, poucas páginas depois, você será iluminado de repente - e, o mais legal, por conta própria - e agregará tudo o que foi dito até então. Ainda assim, a obra não é de fácil leitura e entendimento e, com certeza, realizarei uma releitura em alguns anos, quando possuir um gabarito filosófico e cultural maior; acreditando que será (ainda mais) prazerosa.

Por fim, o melhor capítulo, em minha visão, é o mais curto do livro. "As Máscaras do Exílio" fecha com chave de ouro a curta e bela obra de Martim, sendo um resumo cirúrgico do que ocorre com a humanidade no período da modernidade. As páginas finais são curtas e avassaladores, um belo paradoxo que encerra uma precisa análise.

O que deixo como conclusão é: não se baseie por comentários cegos de jovens carregados por um encantamento. Em nenhum momento os comentários do livro são feitos sem fundamentos ou por sentimentalismo - mesmo nas críticas a Olavo - e esses sempre trazem uma profunda reflexão por trás. Leia o livro, anote todas as referências e o guarde com carinho, pois, em alguns anos, poderemos julgar as palavras do autor de uma forma retrospectiva. Se for pelo bem geral da nação, espero que a análise de Martim não se conclua perfeitamente - ou tempos sombrios nos aguardam.

Raul 19/01/2020

A Tirania de Martim
A "Tirania dos Especialistas" é um conjunto de ensaios, sendo que a maioria deles já havia sido publicada. Comprei o livro pensando que o autor desenvolveria a ideia de "revolta do subsolo de Olavo de Carvalho", mas todo conteúdo sobre o filósofo está no capítulo "As Ruínas Circulares", que nada mais é do que o ensaio publicado na Gazeta do Povo com o título "o mínimo que você precisa saber sobre o pensamento de Olavo de Carvalho". A crítica de Martim Vasques mistura sensatez e ressentimento, preocupações pertinentes, como o mecanismo de controle empregado pelo filósofo no tratar com os próprios alunos, com questionamentos pouco desenvolvidos, como o uso da analogia no método de dialética simbólica. Olavo de Carvalho é o intelectual mais relevante da nova direita, grupo que está no poder, e Martim é o primeiro crítico do pensador que realmente conhece sua obra e não usa do artifício de tachá-lo de astrólogo. Vale a leitura.

alex 21/05/2021

A tirania dos especialistas, Martin Vasquez da Cunha (2019)
Caramba.... Que golpe... Vai para o lixo.

Confesso que parei na página 126, mas coloquei como "lido" para poder emitir essa opinião.

Em primeiro lugar, o título e sua descrição não mantêm relação com o seu conteúdo (daí eu ter falado em golpe). Não, não mantêm.

Logo de início já se tem a forte sensação de ausência de contexto e de linha narrativa/explicativa. Sobre o que é o livro? Parece um monte de artigos soltos, sem conexão. Mal escritos, lançando mão de uma erudição excessiva e desnecessária.

Chama muito a atenção o fato do autor, um filósofo, aparentar puro rancor literário. Só críticas ferrenhas (e pouco trabalhadas ou aprofundadas) a todos. Aquela postura de ser o possuidor da verdade absoluta e cristalina, que os demais ignorantes não veem. Distancia-se, assim, daquela ideia romântica do filósofo provocador, que debate, abre possibilidades para a reflexão. Neste livro, não. Há apenas as verdades incontestáveis do autor.

Em determinado momento, parece que o livro foi escrito para os autores que ele critica. O escritor exala ansiedade nas respostas (que se mostra nos parágrafos mal arranjados, citações abruptas etc).

De outro lado, também se destaca uma distinção pobre entre esquerda e direita. Aqui, a ausência de complexidade é retrô. Não parece um livro escrito em 2019.

E, então, se escancara a panfletagem mais vergonhosa. No capítulo 7, a linguagem muda. Sai o autor raivoso e entra um puro e cheio do mais ardente amor, irrigado de adjetivos submissos a Olavo de Carvalho e seus livros.

Realmente, e sem espaço para estupidez ideológica, a leitura do livro é intragável.

Inacreditável. Mesmo. Vai para o lixo.

Pablo 12/04/2023

Ainda não sei o que pensar.
É muito paradoxal por parecer ser um especialista falando sobre especialistas. Ainda vou ter que passar um bom tempo refletindo sobre as pleonexias. Um baita exercício.