E eu não sou uma mulher?

E eu não sou uma mulher? bell hooks




Resenhas - Eu não sou uma mulher?


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Rosangela Max 20/02/2023

Movimento feminista X sociedade sexista.
Excelente estudo sobre as mulheres negras serem duplamente vitimizadas pela opressão racista e sexista. Abordando desde a época da escravatura (com a horrífica experiência do navio negreiro) até o século XXI.
A autora ressalta que os temas patriarcado (ou seja, o sexismo institucionalizado) e a hierarquia racial são inseparáveis e crítica a insistência das mulheres brancas liberacionistas em analisar estas questões de forma separada.
É uma crítica contundente ao racismo das feministas brancas, o sexismo dos homens negros e o racismo e o sexismo dos homens brancos.
Apesar de ter como cenário a sociedade dos EUA, acaba sendo válida para o feminismo em qualquer país.
Uma leitura super recomendada para quem deseja saber mais sobre o tema.
Paloma 21/02/2023minha estante
Já está na minha lista de leitura obrigatória ??


Rosangela Max 21/02/2023minha estante
??????




Vênus_Alice 06/12/2023

E eu não sou uma mulher?
A crítica que Bell Hooks faz neste livro é sobre as conquistas dos direitos e espaços feministas na sociedade e que a maioria das lutas ocorreu uma fragmentação, criando uma hierarquia de poder e direito:
1 homem branco
2 mulher branca
3 homem negro
4 mulher negra

Essa hierarquia sofre resquícios (que são bem presentes), da época de escravidão e quando havia luta por direitos, as mulheres se fragmentavam, mulheres brancas não queria ser colocadas juntas com as negras e só aceitavam elas na luta quando eram beneficiadas, mas no momento de garantia das mulheres negras, ninguém as apoiavam. Homens negros quando conquistavam espaços e respeito na sociedade, queriam agir como os brancos, de forma patriarcal e machista. As mulheres brancas menosprezavam as negras, e não queriam estar no mesmo segmento.
Sob essa ótica, foi visto que o racismo e o sexismo não são pautas separadas e a fragmentação gera enfraquecimento. É triste perceber que muitos grupos utilizaram e utilizam os movimentos sociais apenas para benefício particular e não para o coletivo.
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Rodrigo | @muitacoisaescrita 04/02/2020

Questionador e visionário
Escolhi, antes de resenhar este livro, ler outras obras de bell hooks. “E eu não sou uma mulher?: mulheres negras e feminismo” é seu livro de estreia e, em “Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra”, ela olha para trás, vendo seu primeiro livro como fruto de sua necessidade de autorrecuperação, de entender a realidade de mulheres negras nos Estados Unidos, a fim de fugir das normas colonizadoras de uma sociedade supremacista branca e machista.
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Em “E eu não sou uma mulher?” – dividido em 5 capítulos: 1) Sexismo e a experiência da mulher negra escravizada; 2) A desvalorização contínua da mulheridade negra; 3) O imperialismo do patriarcado; 4) Racismo e feminismo: A questão da responsabilidade; e 5) Mulheres negras e feminismo –, bell hooks volta à história dos EUA para compreender a realidade e a posição das mulheres negras. A normatização do homem branco, sua universalidade, é denunciada, por exemplo, em “Quando falam de pessoas negras, o foco tende a ser homens negros; e quando falam sobre mulheres, o foco tende a ser mulheres brancas” (p. 27); nesse sentido, hooks denuncia, também, a subalternidade das mulheres negras, que não são homens nem brancas. Antes de denunciar o racismo presente nos movimentos feministas – dominados pelas mulheres brancas com privilégios de classe –, hooks descreve a experiência de ser mulher nos navios negreiros, mostrando o estupro como método de controle e reafirmação de mulheres negras escravizadas como objetos e mercadorias, tendo em vista que a mulher negra era vista como “cozinheira, ama de leite, governanta comercializável” e “por isso, era crucial que ela fosse tão aterrorizada a ponto de se submeter passivamente à vontade do senhor, da senhora e das crianças brancas” (p. 44). Mulheres negras escravizadas eram obrigadas a desempenhar um papel “masculino”, o que fez muitos historiadores – brancos, rs – pesquisarem acerca da emasculação de homens negros, quando, na verdade era uma masculinização de mulheres negras, visto que, por exemplo, “qualquer mulher branca forçada pelas circunstâncias a trabalhar no campo era considerada indigna do título ‘mulher’”. Mulheres negras exerciam todos os trabalhos que fossem designados a elas, enquanto homens negros resistiam, por ser “de mulher”. Nesse sentido, mulheres negras não eram vistas como mulheres, nem tinham sua feminilidade valorizada, como no caso de mulheres brancas.
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Mulheres negras, além de serem estupradas pelos senhores escravagistas, trabalhavam como “prostitutas” (raramente recebiam compensação pelo uso de seu corpo, então esse termo é inadequado), quando, na verdade, eram estupradas e os senhores recebiam todo o dinheiro. “Estupro” era somente com mulheres brancas. Na lógica escravagista, negros e negras eram mercadorias, produtos – não poderiam, portanto, ser “estuprados” pelo dono.
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A imagem da mulher negra foi moldado a partir de esteriótipos racistas, sexistas e misóginos. A devassa, a prostituta, a mulher raivosa, a mulher que fala alto, que compra brigas, a mulher sexualmente livre com um corpo convidativo, etc. “Casada ou solteira, criança ou adulta, a mulher negra era um alvo suscetível para estupradores brancos” (p. 99). “Mesmo que uma mulher negra se tornasse advogada, médica ou professora, era provável que ela fosse rotulada, por brancos, de meretriz, prostituta” (p. 102). hooks desconstrói, também, a tese do matriarcado, uma tese antimulher, baseado em esteriótipos advindos de uma cultura branca de tornar negativa a contribuição positiva de mulheres negras. Durante a escravidão, por terem aguentado trabalhos “de homem” (quando, na verdade, eram forçadas e obrigadas a fazê-los), mulheres negras passaram a representar uma “ameaça” à masculinidade dos patriarcas, pois ameaçava os mitos patriarcais sobre a natureza da diferença e inferioridade psicológica nata da mulher. A verdade é que “a maioria dos homens em uma sociedade patriarcal teme mulheres que não assumem os tradicionais papéis passivos e se ofende com elas” (p. 134).
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“As mulheres das classes alta e média que estavam na vanguarda do movimento [feminista] não se esforçaram para enfatizar o fato de que o poder patriarcal, o poder que homens usam para dominar mulheres, não é apenas privilégio de homens brancos das classes alta e média, mas de todos os homens em nossa sociedade, independentemente de classe ou raça” (p. 145). Homens brancos com poder de classe eram, no início do movimento feminista estadunidense, rotulados como “os” inimigos; ao denunciar isso, bell hooks evidencia a incapacidade de feministas brancas de enxergar o patriarcado como uma estrutura ampla e, ao mesmo tempo, a vontade de mulheres brancas de obter os privilégios desses homens brancos, não necessariamente de destruir as formas de opressão, bem como o próprio patriarcado ou o racismo, por exemplo. Em seguida, hooks enfatiza o imperialismo do patriarcado, onde homens se “uniram” a fim de estabelecer a supremacia masculina – um fato que comprova isso, por exemplo, foi o direito ao voto estendido aos homens negros, mas não, também, às mulheres negras e brancas. “Racismo sempre foi uma força que separa homens negros de homens brancos, e sexismo tem sido uma força que une os dois grupos” (p. 163).
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“O processo começa com a aceitação individual da mulher de que as mulheres estadunidenses, sem exceção, foram socializadas para serem racistas, classistas e sexistas, em diferentes graus, e que, ao nos rotularmos feministas, não mudamos o fato de que devemos trabalhar conscientemente para nos livrarmos do legado da socialização negativa” (p. 249). Ao longo do quarto capítulo, bell hooks denuncia o racismo velado – ou até mesmo explícito – no movimento feminista, “liderado” por mulheres brancas privilegiadas, que, muitas vezes, não abdicavam de seu lugar opressor e recusavam-se enxergá-lo. A negação nos espaços e o silenciamento foram “armas” para evitar mulheres negras nos círculos “feministas”. Ousaram, também, afirmar que a “maior preocupação” das mulheres negras era o racismo, não o sexismo, visto que elas já trabalhavam, logo estavam “libertas” (essa questão é retomada em “Teoria feminista: da margem ao centro”).
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O livro não possui notas-de-rodapé e, de acordo com hooks, isso foi devido ao fato dela querer que o máximo de pessoas tivessem acesso ao livro e pudessem compreendê-lo com maior facilidade, para fugir do contexto academicista que exige palavras difíceis, um diálogo centrado para uma “bolha” e não para as massas. A linguagem do livro também é bem direta e pessoal, hooks defende muito bem seus pontos de vista e trás bastantes referências para fazê-lo.

site: https://www.instagram.com/muitacoisaescrita
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Abayomi Jamila 04/06/2020

Para romper os silêncios do oprimido
Esse livro é indispensável para quem deseja compreender de modo histórico a mulheridade negra estadunidense. Nessa obra, bell hooks é visceral, expõe as torturas de homens brancos e mulheres brancas, que marcaram os corpos e a experiências de mulheres negras. O meu capítulo preferido é o quarto (Racismo e sexismo: A questão da responsabilidade), em que a autora se debruça a expor a safadeza de mulheres brancas na construção de um feminismo, que não estava comprometido em derrubar o sistema capitalista branco patriarcal, mas fazer parte dele. De forma escancarada, as feministas brancas escolheram negar a existência de mulheres negras e excluí-las do movimento de mulheres. Assim, “o racismo garantiu que o destino da mulher branca sempre fosse melhor do que os de mulheres negras” (234). Nessa acepção, O movimento feminista negro chega como resposta ao feminismo racista, todavia se afirma como o Outro, ou seja, se afirma a partir da narrativa do racismo.
Eu discordo, mas a aposta de bell é hooks é na sororidade, na união de mulheres negras e brancas na superação do racismo com a finalidade de alcançar uma revolução feminista, porque para a autora, feminismo é querer para todas as pessoas a libertação dos padrões dos papéis sociais da dominação e da opressão sexistas.
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mdudalivros 23/03/2021

A leitura desse livro foi quase um parto. Não porque tenha sido difícil, mas pela densidade do conteúdo abordado. Foram 10 meses de aprendizado lento, sempre com um lápis e post-its à mão para fazer anotações e marcar trechos importantes. Bell Hooks é genial e necessária. Aborda diversas fases e faces do feminismo nos Estados Unidos -que se refletem no Brasil- ao longo da história, desde a escravidão até o início da década de 70. Com uma escrita fluida e simples, ela ?mastiga? tópicos filosóficos e políticos para leitores leigos que buscam entender as origens, as nuances e os problemas do feminismo. Além de convocar a sociedade para uma revolução que visa ao fim da dominação imperialista, capitalista, racista, classista e patriarcal, com o intuito de libertar homens e mulheres, de todas as cores, classes sociais e sexualidades. É o feminismo em sua forma ideal. É o movimento que amedronta a classe dominante. É o feminismo que devemos praticar diariamente. Viva bell hooks!
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Rosinha.Correia 30/04/2021

Um mês lendo, por seu um livro denso, que requer atenção e reflexões em alguns pontos, mas tbm pq procrastinei um bocado.
De todo modo, não deixa de ser um livro com uma linguagem muito acessível, didática, detalhista e muito bem explicado.
Bell Hooks contextualiza todo o processo de desvalorização da mulher negra na sociedade, abordando temáticas importantíssimas, como racismo, sexismo, classismo, patriarcado, feminismo e muito mais.
É aquele livro do tipo: MUITO NECESSÁRIO!
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giu 16/09/2021

extremamente necessário
Nesse estudo histórico Bell Hooks perpassa pela vida de mulheres negras desde o início da formação dos Estados Unidos, acompanhando relatos de mulheres escravizadas, pelo período de guerra civil, a segregação racial, ascensão de movimentos de mulheres, chegando até os movimentos feministas contemporâneos.

O livro traz diversos artigos e relatos históricos e uma visão da sociedade estadunidense que foi completamente deixada de lado por historiadores brancos, Hooks trata sobre esteriótipos ligados a mulheres negras, além de falar sobre o "sequestro" da mulheridade negra e a exclusão de mulheres negras que sempre aconteceu em movimentos feministas. "E eu não sou uma mulher?" é uma obra essencial para entender a importância da interseccionalidade no movimento feminista, e é uma excelente aula para feministas brancas que muitas vezes não conhecem a história do movimento.
Apesar de o assunto ser bem denso, a autora consegue o trabalhar de uma forma muito acessível, não se apegando a linguagem acadêmica o que torna a leitura bem tranquila. O ponto de vista de qual é falado é claramente focado nos EUA, mas os paralelos com a história do Brasil podem ser facilmente feitos, o que torna a leitura ainda mais enriquecedora.

Apesar disso senti que muitas vezes a autora andava em círculos durante alguns argumentos, tornando-os repetitivos, tanto dentro de um mesmo capitulo quanto em capítulos diferentes. Além de não concordar com certos pontos de vistas tomados por ela, como o de que a formação de grupos feministas por mulheres negras foi uma ação reacionaria racista e "antibranca", entre outros.
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Isadora Silva 10/01/2021

"E eu não sou uma mulher?" Livro de estreia da pensadora e feminista negra Bell hooks é uma obra referência até os dias atuais por sua coerência e consistência analítica das vivências das mulheres negras.

"E eu não sou uma mulher?" é uma obra de grande relevância pois a autora faz uma pesquisa da formação das feministas negras e como se deu o processo de construção da feminilidade festas mulheres diante o patriarcalismo em que demore viverem e do racismo a que sempre estiveram subjugadas. Mulheres negras são vítimas de um opressão racista e machista que as desumaniza, mas aos mesmo tempo lhes pede subserviência.
Dentro dos espaços brancos de liberdade feminina são silenciadas, nas luta pela emancipação negra o sexismo as oprime, dessa forma, buscam se unir como mulheres negras em busca dos seus direitos.

Ler bell hooks e suas abordagens sobre temas como patriarcado, feminismo e racismo nós faz refletir sobre o caminho que aquelas que vieram antes percorreram e sobre o quanto ainda precisamos fazer, mas também nos faz questionar o quanto o movimento feminista foi deturpado pelo racismo de mulheres brancas. A autora finaliza a obra nos chamado para continuar lutando por quem somos e acreditando no movimento de libertação e emancipação de mulheres brancas e negras.
OsLivrosDaTha 10/01/2021minha estante
Oie, passando pra te convidar a conhecer meu Instagram literário @oslivrosdatha ?




21/08/2023

"Quando você nega direitos a uma mulher, você nega a todas."
Tenho muitos pensamentos sobre esse livro e não consigo verbalizar nenhum. O livro é bem voltado para os Estados Unidos, mas dá para aplicar muitas das ideias para a nossa sociedade. Bell Hooks aponta as hipocrisias tanto do movimento feminista quanto da comunidade negra quando se trata das mulheres negras e aborda a vontade de moldar o feminismo para se encaixar no patriarcado ao invés de lutar contra o patriarcado. É uma leitura essencial para o feminismo.
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eumariaa 05/02/2021

e eu não sou uma mulher?, bell hooks
Incrível o quanto com um escrita e linguagem didática bell hooks abre nossos olhos a respeito de temas tão atuais.

A obra tem 5 capitulos sobre mulheres negras e feminismo e nos traz uma análise histórica de como o colonialismo e escravidão tiveram um duplo impacto na vida da mulher negra escravida.
Luma.Morais 09/02/2021minha estante
Iniciei as leituras da autora Hoocks, e confesso, superei minhas expectativas! Contexto incrível e direto. Posso dizer sem medo que tornou-se minha favoritinha!!! Ansiosa para ler os outros livros da autora!




Aisiel 05/05/2021

"E Eu Não Sou Uma Mulher?" (Bell Hooks, 2019)

Bell Hooks "denuncia" os historiadores brancos que limitaram a condição da mulher escrava à fatos históricos, desconsiderando a violação física e sexual massiva sofrida pelas mulheres negras. A autora constrói um desenho perfeito sobre como o povo negro foi inserido na opressão sexista e racista. Abolicionistas e ativistas negros aliaram-se aos homens brancos na partilha do sexismo, além disso, o ativismo das sufragistas brancas e ricas excluía mulheres negras e pobres. Um livro fundamental para compreendermos as tensões na história da luta feminista.
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Gramatura Alta 16/01/2021

http://gramaturaalta.com.br/2021/01/16/e-eu-nao-sou-uma-mulher/
Quando falamos em escravidão, a primeira coisa que nos vem à mente é um homem negro acorrentado. Quando falamos em feminismo, nosso primeiro pensamento são mulheres brancas lutando pelo seu direito a voto. Por que nunca paramos para pensar nas mulheres negras e nas suas lutas? Enquanto brancas apenas lutam contra o sexismo, a mulher negra luta contra o racismo e sexismo.


Esse livro me ajudou a ver de uma perspectiva que nunca havia pensado. Me fez ver o quanto o racismo e o sexismo vem sendo inserido desde quando nascemos nessa sociedade. E que as maiores vítimas desses preconceitos são as mulheres negras. Peguei dois livros sobre o racismo para ler, ambos escritos por mulheres negras, e fiquei com medo de não conseguir compreender, admito a vocês, fiquei com medo que meus privilégios como branca não conseguissem me fazer abrir os olhos para tudo isso, mas é impossível você não conseguir entender essa dor.

Nas palavras de Bell Hooks, chorei, senti uma tristeza profunda por toda a dor que foi causada ao seres humanos, vemos o quão ilógico é tratar outra pessoa por sua cor, por seu sexo. E o livro mostra tudo isso com uma profundida que é impossível você ler e não conseguir ver o que ela diz.

Bell Hooks começa falando sobre a escravidão, sobre os abusos que as mulheres negras sofriam de “senhores” brancos, os maus tratos pelas mulheres brancas, por elas quererem diminuir a mulher negra e as castigar, sendo que ela está sendo a vítima ali. Mostra o machismo do homem negro dentro da escravidão, onde os homens consideravam muitos trabalhos de mulher e, por isso, se negavam a fazer, onde os brancos diziam que mulheres negras não eram mulheres por trabalharem de forma sobre humana, onde mulheres brancas se sentiam mais poderosas se humilhassem as mulheres negras cada vez mais. Vocês conseguem ver o tamanho da discriminação que a mulher negra sofreu nessa ponta de iceberg?

"Ativistas negros reconheceram publicamente que esperavam que mulheres negras se envolvessem no movimento para cumprir um papel sexista padrão. Eles exigiram que mulheres negras assumissem uma posição de subserviência. Disseram a elas que deveriam cuidar de necessidades do lar e gerar guerreiros para a revolução."

É impressionante de se ler em como reduziram a dor da mulher negra. Hooks mostra isso de uma forma bem explicita. Fizeram com que o homem negro carregasse todo o peso nas costas de ser escravo, e como a masculinidade dele era atingida, pois não conseguia salvar sua mulher negra de ser estuprada, sim gente, eles tratavam o homem como o que sentia a dor por sua mulher ser estuprada e ignoraram o fato da dor da mulher estuprada. A mulher que sentia diariamente o sofrimento e, depois que era usada, era jogada como um objeto. Juro para vocês, que a raiva do homem branco nesse momento, é imensurável.

Aliás, vemos no livro todo, injustiças cometidas contra as mulheres negras, vemos a relutância delas de entrar para a causa feminista, que era comandada por mulheres brancas em busca dos objetivos apenas delas, inventando uma sororidade fictícia, cheias de preconceitos e racismo. Vemos sua relutância em também lutar com homens para a igualdade racial, pelos termos machistas.

"Racismo sempre foi uma força que separa homens negros de homens brancos, e sexismo tem sido uma força que une os dois grupos."

Mulheres negras foram tratadas como a escória da sociedade, eram sexuais, impuras, selvagens, elas foram retratadas dessa maneira pelo racismo do homem branco, e foram diminuídas cada vez, inclusive dentro de suas próprias casas. Começaram então a impregnar uma competição entre as mulheres brancas e negras, onde a mulher branca era o símbolo da pureza e a negra da imoralidade. E isso causou impacto no feminismo, onde as mulheres brancas não queriam ser vistas com mulheres negras.

Vocês conseguem entender que o objetivo da mulher branca ao trazer a mulher negra para o feminismo era para dizer que estavam todas juntas, mas elas se recusavam a ouvir essas mulheres? Diminuindo a causa delas? E que o objetivo do homem de trazer a mulher à luta contra o racismo, era para colocar eles como o foco principal, enquanto a mulher ficava como pano de fundo? Fazendo com que ele fosse colocado numa hierarquia mais alta? Quero muito que vocês leiam este livro, tenho certeza que conseguimos entender muito mais sobre o racismo e o sexismo nele.

Ambos os livros que peguei, escritos por duas mulheres extraordinárias, que são negras, que tem orgulho de serem negras, estão dentre os melhores livros que já li. São dois livros perfeitos que eu faço questão de deixar nas leituras obrigatórias de todas as pessoas nesse planeta. Trazem um conhecimento ilimitado.

E por fim deixo a vocês as palavras de Bell Hooks:

"Escolho apropriar-me do termo feminismo, para focar no fato de que ser “feminista”, em qualquer sentido autentico do termo, é querer para todas as pessoas, mulheres e homens, a libertação dos padrões de papeis sociais, da dominação e da opressão sexistas."

Resenha escrita pela Amanda para o blog.
http://gramaturaalta.com.br/2021/01/16/e-eu-nao-sou-uma-mulher/

site: http://gramaturaalta.com.br/2021/01/16/e-eu-nao-sou-uma-mulher/
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baagalindo 02/10/2020

Bell Hooks destrói nos argumentos, apresenta pesquisas profundas sobre teorias e conceitos que permeiam o feminismo pelo prisma da mulher negra em uma sociedade escravocrata, capitalista e machista.

O livro da aulas sobre o feminismo negro, necessário, inclusive ou principalmente para as mulheres brancas e para os homens negros.
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fabb1998 06/01/2022

bell hooks, presente
Uma das coisas mais surpreendentes foi a forma como ela valorizou a luta de outras mulheres que não eram tão engajadas, porque de qualquer maneira, a resistência é uma característica intrínseca a mulheres pretas.
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