Marina 13/09/2009Inocência e burrice não são a mesma coisa. O livro é bom, mas poderia ser muito melhor.
Alguns fatores simplesmente não convencem. Ora, como pode um menino de 9 anos em plena Alemanha nazista não saber quem é Hitler ou o que uma suástica representa, ainda mais sendo filho de quem é (um comandante do exército nazista)?
Mesmo que essa alienação do menino fosse possível, John Boyne subestima a inteligência de um garoto de 9 anos fazendo Bruno, o protagonista, acreditar eternamente que os judeus são pessoas que moram do outro lado da cerca, que não são prisioneiros, e que é muito injusto o fato de que do lado de lá seja muito mais divertido porque há muitas crianças e na casa dele não, mesmo depois de presenciar atos violentos. Ah, faça-me o favor. Capacidade de raciocínio e de tirar as próprias conclusões são nulas, né. Chega a ser irritante em alguns momentos.
Outro ponto que não gostei é a linguagem do autor, muito simples e por muitas vezes boba como o protagonista. Na própria orelha do livro diz que ele não é feito para uma criança ler, mas não é o que o texto de Boyne transmite (se fosse o próprio personagem que narrasse tudo bem, mas não é o caso).
Enfim, apesar de tudo, se você puder ignorar a falta de coerência do escritor, a leitura será bem proveitosa. E o final é surpreendente e emocionante.