Victoria361 22/04/2023
Quincas Borba três vezes
Contexto: A obra narrada em terceira pessoa, com o narrador que às vezes conversa com o leitor, conta a história de Rubião, sujeito humilde e professor morador de Barbacena que recebe uma bolada de dinheiro fruto da morte do seu amigo rico, Quincas Borda. Rubião agora é um sujeito rico e decide se mudar para o Rio de Janeiro, levando, agora, seu cachorro Quincas Borba à cidade que possui pessoas pertencentes a uma socidade e elite diferente da que esta acostumado, com valores que estão longe de serem essenciais.
Minha opinião: Eu adoro o Machado, adoro a forma que escreve e dialóga com a realidade de uma forma extretamente real. Mas esse livro em especial não foi meu favorito, apesar de ser excelente. O encontro de Rubião com os dois oportunistas, Palha e Sofia, me prendeu à história pela trama ser tão bem construída e viciante de acompanhar. Palha induzindo a própria esposa a 'dar corda' para o ingênuo Rubião para usufruirem do milionário e não o transformarem em 'inimigo'. Bom, a história mostra que com o tempo esse plano se põe em terra, principalmente quando o Rubião fica doente. Os jogos políticos e a maneira muitas vezes gentil do Rubião lidar com as coisas me deixaram bastante incomodada, por não se fazer enxergar que existia muito maldade envolta dele. O salvamento do meninno Deolindo e a zombaria não muito tempo depois só nos dá a certeza de que é preciso cautela para lidar com as pessoas, nunca se sabe o dia de amanhã. O delírio como imperador foi uma baita surpresa, bom, enalteciam o 'poder' do Rubião justamente pelo interesse dele, mas o jeito que tornou-se salvador e até o poder político que estava se inserindo fez o sujeito delirar, quem diria que seria como imperador. O corte na barba deu uma alevancada, talvez. Confesso que fiquei bastante surpresa com o desenrolar da história e o final, Rubião teve o mesmo fim de Quincas Borba, o fim solitário e inesperado. A maldição do dinheiro trouxe tantas coisas, mas o cachorrinho estava ali, como reflexo do filósofo, quem sabe essa não seria a salvação? Fica a reflexão dessa obra como um todo.
Minha frase favorita: "Diz-se de uma paisagem que é melancólica, mas não se diz igual a coisa de um cão. A razão não pode ser outra senão que a melancolia da paisagem está em nós mesmos, enquanto que atribuí-la ao cão é deixa-la fora de nós." (Quincas Borda, pág 36).