Sonetos de Luís de Camões

Sonetos de Luís de Camões Luís de Camões




Resenhas - Sonetos


63 encontrados | exibindo 61 a 63
1 | 2 | 3 | 4 | 5


pribt 27/07/2014

Indiscutivelmente um grande autor renascentista, seus poemas são perfeitos, tanto na escrita quanto na escolha das palavras...
Mas... Ao ler seus poemas senti grande pesar... é muito sofrimento... tem horas que parece que ele vai morrer de tanto amar...
Ela parece cruel e tirana, sem amor e ao mesmo tempo parece que o ilude. Sei que é um amor platônico... Mas Camões sofreu demais, talvez pelo confinamento não sei, mas fiquei muito melancólica apos a leitura ...
comentários(0)comente



Darien 24/11/2009

Camões, sempre Camões
Falar do amor contraditório, ou ainda misturar com dosagem magnífica mitologia Grega com acontecimentos que podem ocorrer nos dias de hoje... Só mesmo um mestre da escrita para tal feito.

Camões é e sempre será o melhor de todos os escritores em Língua Portuguesa. Em seus sonetos, ele propõe ao leitor uma viagem de amplos caminhos tanto pelos sentimentos que os textos produzem quanto pelas "cenas" que possamos imaginar.

...
comentários(0)comente



C. 11/04/2009

Da teoria à prática: um soneto camoniano
Tem o leitor aqui o esboço duma leitura pessoal do soneto Pede-me o desejo, Dama, que vos veja, de Luís de Camões, à luz das Linhas de Leitura propostas por Maria Vitalina Leal de Matos em A Lírica de Luís de Camões.

Para tanto, parto da observação da engrenagem silogística do poema, estrofe a estrofe, no intuito de demonstrar como, na oposição entre a teoria e a prática, a ação predomina em detrimento da idealização, apesar do domínio sobre a teoria se fazer presente na poética camoniana.

Atente só:

Pede-me o desejo, Dama, que vos veja,
Não entende o que pede; está enganado.
É este amor tão fino e tão delgado,
Que quem o tem não sabe o que deseja.

Nesta primeira estrofe é estabelecida a proposta do poema: o “eu-lírico” afirma que o desejo pede que ele a veja, mas que (o desejo) está enganado porque o amor é tão delicado a ponto de quem ama não saber o que, de fato, deseja.

Não há cousa a qual natural seja
Que não queira perpétuo seu estado;
Não quer logo o desejo o desejado,
Porque não falte nunca o que sobeja.

A segunda quadra vem explicar, por meio dum silogismo, qual é o caráter do desejo: parte da proposição de que nada natural não quer perpétuo estado, ou, mais claramente, tudo o que é natural pretende-se perene, portanto o desejo não quer o desejado para que se mantenha sempre desejando. Daí deduzimos que o desejo é natural e que o objeto desejado deve ser necessário e inalcançável para que o primeiro exista e mantenha-se eterno.

Mas este puro afeito em mim se dana;
Que, como a grave pedra tem por arte
O centro desejar da natureza,

assi o pensamento (pola parte
que vai tomar de mim, terrestre [e] humana)
foi, Senhora, pedir esta baixeza.

O primeiro terceto, iniciado pela adversativa, vem indicar que, embora o eu-lírico saiba que o desejo, como cousa natural, pretende-se eterno, nele isto não se aplica. É introduzido um cotejo que será encerrado no último terceto do poema: assim como a grave pedra - a ciência, o pensamento, a filosofia, Copérnico, Galileu, etc. et al - deseja o centro da natureza, o pensamento, ou desejo dele, pediu que ele fosse vê-la porque ele é uma criatura terrestre, humana.

A parte “terrestre [e] humana” à qual a personagem-sujeito se refere está ligada diretamente à prática, embora tenha demonstrado anteriormente que tem domínio sobre os princípios teóricos, contemporâneos ao poema, que pregam a procura pela manutenção eterna do que é natural.

É deste modo que a análise proposta no poema procura distinguir teoria e prática, diferenciando pensamento e ação.

Sob o ponto de vista da teoria, que crê na cousa natural querer perpétuo seu estado, a ação, que leva o “eu-lírico” à concretização do desejo, vendo a Dama, é caracterizada como “baixeza”.

É interessante observar que, embora, sob a perspectiva do plano dos princípios, o ato de vê-la seja apontado como baixeza típica do humano, o “eu-lírico” faça questão de assumir sua “falha” e demonstrar, ao final do poema, como aquela teoria não serve de nada ao ser terrestre e humano.

Desta maneira, fica evidenciado no poema em questão que, apesar de coexistirem, como afirma Maria Vitalina Leal de Matos, o carnal e o espiritual, a estância prática, humana e carnal é privilegiada por Camões, em detrimento da teórica, sobre-humana e idealizada.


Referências:


MATOS, Maria Vitalina Leal de, A lírica de Luís de Camões, 4ª edição, Lisboa: Editorial comunicação, 1994

SILVA, Vitor Manuel de Aguiar e, Camões: Labirintos e Fascínios, 2ª edição, Lisboa: Cotovia, 1999







comentários(0)comente



63 encontrados | exibindo 61 a 63
1 | 2 | 3 | 4 | 5