Zero

Zero Ignácio de Loyola Brandão




Resenhas -


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Dudu Menezes 08/04/2021

Leitura obrigatória
Esse livro tem vários méritos, embora a leitura seja extremamente - e propositalmente - alucinante, nauseante, cansativa, truncada e difícil.

Os relatos das torturas sofridas pelos presos políticos, conforme explicou o autor, são reais, e ele diz ter os mantido tal e qual os recebeu, quando ainda trabalhava na redação do jornal Última Hora, já que, devido à censura, não puderam vir à tona naquele período. O livro foi escrito no contexto dos anos 1960/1970, e acabou sendo publicado, primeiro, fora do país, na Itália, em 1974.

O texto precisa ser lido em meio a narrativas paralelas, que confundem, e, depois, enfim, se fundem, para, novamente, confundir, e, por fim, fundir as histórias pessoais em um conjunto de "fluxos de pensamentos" de diferentes personagens, que, como todos nós, raciocinam milhares de coisas, ao mesmo tempo, viajando, nos guetos das memórias, entre o presente e o passado, projetando um futuro cada dia mais incerto.

Denunciar os crimes cometidos pelos militares, durante a ditadura, é fundamental, ainda mais em tempos como os de hoje, mas Loyola Brandão fez isso como o Chico Buarque, em suas canções, para ultrapassar os censores.

Ele usa, portanto, de uma técnica de subversão linguística; misturando a pontuação própria do espanhol com a do português, para dizer, sem dizer, e, ao final, GRITAR! Denunciando o horror de um país, miserável, que se defrontou com o terror das prisões políticas e da tortura, que deixaram, até os dias de hoje, graves sequelas anti-democráticas. 
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Tim John 31/08/2022

Genial
Simplesmente sem palavra para descrever o que essa obra me fez sentir e pensar. Nas primeiras 70 páginas eu já sabia que iria ser uma de minhas leituras favoritas.

É um livro genial, muitas vezes me pegava lendo 1 página e parando, não por ser uma leitura chata, mas por me satisfazer com somentes poucas linhas da magnificência de obra.

É um deleite para aqueles que gostam de uma crítica misturada com comédia absurda, coisas sérias levadas ao extremo do inimaginável, personagens sendo quebrados e remontados e histórias contadas de um ponto de vista totalmente diferenciado.

Além de tudo isso, temos ainda o modo em que o livro é escrito. Não é algo normal, não é algo para amadores, a liberdade poética em seus parágrafos é utilizada de maneira totalmente compreensível, mudando a recepção da idéia pelo leitor de forma drástica, trabalho cirúrgico. Além de histórias paralelas e comentários do narrador que me renderam boas gargalhadas.

Uma obra prima.
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Sheltom 28/06/2020

Um murro na boca do estômago. Experiência!
Esse livro é de tirar o fôlego. Em vários momentos, isso se torna mais do que uma metáfora!
A estrutura experimental e não-linear é um desafio grande, exige muita atenção e força de vontade para continuar. Não é literatura de fruição, é experiência. Ao mesmo tempo, é um documento histórico.
Ignácio parte de matérias de jornal censuradas para denunciar os absurdos da ditadura militar. A isso, somam-se a sua experiência à época, um toque de ficção e alguns relatos extremamente pesados.

O LIVRO NÃO É RECOMENDADO A PESSOAS SENSÍVEIS A CENAS DE TORTURA.

O Brasil precisa agradecer por esta obra e colocá-la em debate.
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