Analuz 26/03/2021
Somente para leitores iniciados
"The Dark Man" é uma daquelas obras do King que você só deve ler após ter tido contato com outros volumes obrigatórios do Kingverso. Claramente publicado para fãs já estabelecidos do autor, o livro traz um poema com a primeira aparição do famoso Homem de Preto (posteriormente nomeado como Randall Flagg), que veio à mente de King ainda em seus longínquos tempos de universitário.
O poema se espalha ao longo das poucas mais de 150 páginas do livro, mas muito se engana quem pensa que se trata de uma obra longa. Na verdade, é bem o oposto: um poema curtíssimo, distribuído com muitas ilustrações ao longo das páginas e um verso aqui e outro acolá. Assim se dá a disposição da obra, que de forma um tanto crua, nos apresenta Flagg através de versos confusos e íntimos, entremeados de ilustrações que beiram entre o "sujo" e o surrealista, não economizando em sombreado com hachuras e agregando, de forma muito concisa, ao conteúdo escrito.
Ao fim, o livro conta com uma nota de Cesar Bravo, também autor de terror e, neste caso, tradutor de “The Dark Man”. Se até então havia alguma dúvida de que este material é feito unicamente para fãs de King, é ao se ler a nota de Bravo que a teoria se confirma, pois o mesmo expõe, da forma mais clara possível, os paralelos entre a criação do Homem de Preto e a própria vida de King, utilizando termos que fazem referência clara à Torre Negra e que provavelmente deixam quem não leu a saga de fora da compreensão total do texto (nem preciso dizer que essa é a obra máxima de King, por assim dizer, pois conecta praticamente todos os livros do Kingverso).
Então sim, este é um livro extra para os fãs, e quem nunca ouviu falar do tal Homem de Preto não deve começar por ele! No mais, como uma pessoa que leu "A Torre Negra" mas não se declara fã da saga, arrisco dizer que The Dark Man é um livro completamente dispensável, se tornando apenas um item de colecionador aos admiradores mais acalorados. Pois, enquanto história, o poema é tão curto que não agrega nada que o leitor já não saiba ou imagine sobre Flagg, apesar de que a edição visualmente impecável da Darkside ainda sirva como um bom estímulo ao consumo.
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