spoiler visualizarMarcos Conte 29/12/2019
Uma história com um grande compilado de Coaching [SPOILERS]
Bom que pelo menos não tivemos uma demora tão grande para finalmente concluir esse terceiro livro.
Como era a parte final e toda a ação do livro havia sido deixada para essa segunda parte, comecei a minha leitura de forma entusiasmada, porém pouca coisa me agradou nesse volume da saga.
Sem comentar muito sobre a história em si, direi alguns pontos bons e algumas cenas as quais eu adorei e direi algumas outras coisas que me incomodaram muito e tornaram a leitura um tanto difícil para mim.
Pontos positivos: Gosto muito de como o livro, mesmo se passando em um ano bem atrás do nosso atual, as discussões acerca dos indígenas são extremamente atuais e importantes. É bom retratar a situação deles e suas dificuldades. Também gosto como trata o governo Bruxo fazendo um comparativo ao governo atual, um governo que esquece as minorias e vira sua face diante dos problemas indígenas. O assunto sobre xenofobia também é super atual, já que também enfrentamos isso hoje, na sociedade atual, sendo alimentado pelas palavras de ódio do próprio presidente da republica. Enfim, acho que esses assuntos foram muito bem tratados e acredito que seja uma crítica muito válida!
Os personagens do folclore brasileiro apresentados nesse volume do livro foram SENSACIONAIS!! Eu simplesmente amei o curupira, embora esperasse que ele fosse mais sábio e não tão ingênuo. Amei o Boitatá demais.
Pontos negativos: Bom, quero deixar claro que as críticas não são destrutivas, muito pelo contrário. Direi alguns pontos que me incomodaram e que fizeram com que a leitura de ODT parte 1 e 2 fossem extremamente massante para mim.
A presença incessante de mensagens motivacionais nessas duas partes foram coisa de outro nível. Sei que livros assim, de ficção e fantasia, tendem a passar mensagens positivas e bonitas para que possamos tirar algo de bom do livro. Ao longo da minha vida como leitor, não estou acostumado a ler tantos discursos motivacionais em livros assim. Normalmente a lição de moral é embutida em algum acontecimento e através daquele acontecimento podemos interpretar da maneira que entendermos. Não estou dizendo que é errado discursos motivacionais, mas tantos assim chega a ser um pouco chato. No final do livro o discurso do Capí sobre tolerância e saber respeitar as diferenças foi bonito, porém mais uma vez foi extremamente longo e ficou algo repetitivo e chato.
Outra coisa que me deixa muito entediado, é como certas informações nos livros são passadas. São sempre de forma didática, como se a gente estivesse em uma aula e temos que aprender. Mais uma vez eu friso a importância de sabermos sobre indígenas, porém são muitas informações, muitos nomes diferentes, muita coisa que foi jogada de forma didática, que eu quase peguei um caderno e comecei a anotá-las para estuda-las. Há sempre algum personagem que sabe tudo acerca de algum assunto e ele passa o capítulo todo repetindo e repetindo a mesma coisa.
Ex: Quando Hugo encontra as icamiabas e daí aprendemos sobre elas e como elas odeiam os homens. Temos ai lições sobre feminismo e aprendemos algo histórico sobre a luta feminina dentro das aldeias indígenas. Ok, a mensagem foi passada, porém ao longo dos capítulos que seguem as icamiabas, somos apresentados ao mesmo assunto e ficamos batendo na mesma tecla de novo e de novo.
Outro ponto que me incomodou, foram alguns diálogos e atitudes de personagens adultos que soaram muito infantis. Ex: Provocações infantis de Ustra e a falta de respostas e de imposições adultas acerca disso. Nunca há um adulto pra se impor suficiente e acabar com esses tipos de atitudes.
Preciso falar sobre o Hugo e as atitudes irritadiças dele. Sei que ainda estamos no terceiro livro, que Hugo é uma criança ainda, porém ele já sofreu suficiente pra entender que a atitude irritadiça dele sempre causa mal á alguém. Há todo momento em que Hugo é descrito ele está com raiva de alguém ou com raiva por alguém não te-lo ajudado. Ele é egocêntrico e acha que o mundo gira ao redor dele, que todas as pessoas devem acatar seus pedidos. Ex: Hugo retorna ao rio em projeção astral e ele se irrita com os amigos e os culpam a todo momento por terem deixado ele ir sozinho. Por não quererem arriscar suas vidas em uma decisão mortal que ELE mesmo tomou. Hugo quis impor essa jornada aos outros e por ter recebido vários "Nãos" ficou todo irritadiço culpando todo mundo por estar sozinho. A atitude dele ao saber que a imunidade de Capí havia sido vazada para a imprensa e Hugo dizendo que ele deveria ter se doado mais aos estudos que estavam fazendo com ele, mesmo sabendo que tudo aquilo estava sendo doloroso para Capí, mesmo sabendo de tudo que o amigo havia aguentado até aquele momento. Atitudes egoístas.
Tive a impressão de que várias ações e sacrifícios feitos ao longo do livro foram em vão, pois logo depois de todo sofrimento e sacrifício essas ações eram rapidamente desfeitas.
Ex: Houve uma luta mortal para salvar a vida de Poetinha das mãos de Moacy e seu grupo que queria matar o pobre garoto. Logo depois de uma luta longa, Poetinha decide que Moacy (uma das pessoas que queria fazer mal a ele) seria seu protetor. Foi toda uma luta, pessoas se machucaram e essa atitude é feita, e mais uma vez, temos um discurso motivacional sobre perdão!
No geral, não gostei do desfecho. Eu senti que tudo foi em vão, embora o livro diga que tudo que Hugo fez na amazônia não foi em vão, que ele mudou e se tornou alguém melhor e daí, mais uma vez, somos apresentados a um Hugo cheio de rancor pelos amigos não terem se juntado a ele na floresta. Mais uma vez vemos suas atitudes irritadiças, mostrando que ele não mudou coisa nenhuma.
A "ressurreição de Atlas" também não me agradou. O personagem simplesmente ouviu umas palavras do Hugo e decidiu que não queria morrer e de repente a morte foi revertida. Sério? Fico feliz que um personagem como ele não tenha morrido, mas depois de TODOS os perigos passados na Floresta e os personagens terem saído ilesos, sem ter nenhuma morte importante no livro, eu achava que a perda do Atlas seria a morte importante de um personagem no livro, porém mais uma vez fui enganado.
A história teve seus momentos bonitos, teve os momentos de angustia, mas não me convenceu dessa vez.
Aguardando pelo quarto livro.