Luiz 31/12/2023
Cristianismo é o Eterno na história da humanidade
Livro: O Homem Eterno
Autor: G. K. Chesterton
Alguns anos após a publicação de Hereges, e sua sequência, Ortodoxia, Chesterton nos presentei com O Homem Eterno. Tendo defendido o cristianismo católico como o único Estandarte da Verdade em meio ao caos do mundo moderno, cabe agora ao autor mostrar o como a história da humanidade mudou, e melhorou, após o surgimento do cristianismo e do homem chamado Cristo.
"Eu sustento que, quando trazidas à luz do dia, essas duas coisas parecem inteiramente estranhas e únicas; e que é só no falso crepúsculo de um período imaginário de transição que se as pode fazer parecer, no mais mínimo que seja, com qualquer outra coisa. A primeira dessas coisas é a criatura chamada homem e a segunda é o homem chamado Cristo."
Dividi portanto este livro em duas partes: a primeira sendo um esboço do essencial da aventura da raça humana enquanto permanecia pagã; e a segunda um resumo da verdadeira diferença que adveio com o se tornar cristã
(G. K. Chesterton, p.14)
Usando de uma abordagem diferente da que tomou nos livros anteriores, a qual consistia em apresentar o pensamento comum e moderno pretendente a intelligentsia de sua época
Anteriormente em Hereges e Ortodoxia, Chesterton partida de uma abordagem que apresenta a mentalidade moderna e seus erros, fazendo contrapontos e nos mostrando que suas premissas são deslocadas do senso comum e completamente invertidas, e até contrapondo elas ao próprio cristianismo, mas neste livro Chesterton tenta nos mostrar o como muito da cultura atual se fundamenta na Cristianismo e o como a humanidade mudou com sua presença.
Algumas ideias que Chesterton nos apresenta são:
? Desde as cavernas às artes, o ser humano sempre buscou se expressar por meio da beleza das coisas e do mundo, é característico do homem criar obras de artes e expressões artísticas, mas isto se deve justamente por ele ser imagem e semelhança de Deus, que criou outra obra de arte, o mundo. A ciência moderna acredita na evolução, no mito de que o homem evoluiu do macaco, mas fato é que nenhum homem é compatível à um animal, nenhum animal pode produzir algo que o homem faria, a teoria da evolução ao final tenta reduzir a beleza do homem a um animal selvagem.
? ainda se pressuponha que o homem tenha criado a religião, o fato é que a beleza que a religião proporciona é uma experiência artística e lúdica capaz de ensinar tanto quanto qualquer outra coisa fruto da humanidade. Se o homem expressa a religião é porque algo nele o chama para isso, da mesma forma que o homem se organiza em unidades familiares, por existir na divindade uma expressão de família.
? desde a antiguidade a sempre houveram "deidades" para serem adoradas, mas fato é que todas elas se complementam e possuem premissas semelhantes, além de terem o cristianismo como inimigo. Se um ser divino exige sacrifícios humanos, ele está mais para um demônio do que para um deus. É curioso o como o paganismo se mescla facilmente a religiões e filosofias orientais, como se pudessem fazer parte uma das outras.
? afirmar que Jesus era somente mais um homem ou coloca-lo no mesmo patamar de outros sábios não é sensato, uma vez que seus ensinamentos prosperaram e transformaram o mundo de forma que nenhum outro homem conseguiu, pessoas morreram em seu nome, curaram em seu nome, fizeram milagres em seu nome, seria insensato se não loucura afirmar que ele é apenas mais um homem.
"Se Cristo foi simplesmente um personagem humano, ele realmente foi um personagem humano extremamente complexo e contraditório. Pois ele combina exatamente as duas coisas que estão nos dois extremos da diversidade humana. Ele foi exatamente o que o homem com uma alucinação nunca é; ele foi sábio; ele foi um bom juiz. O que ele dizia era sempre inesperado; mas era sempre inesperado e magnânimo e com frequência inesperadamente razoável. [...] Ela [sua parábola] tinha a propriedade que une a sanidade à sutileza. Não tinha a propriedade simplória de um louco. Não tinha nem mesmo a propriedade de um fanático. [...] Eu realmente não concebo como esses dois caráteres poderiam se combinar de forma convincente, a não ser por meio do modo surpreendente como o Credo os combina. Pois, a menos que alcancemos a aceitação completa do fato como um fato, ainda que maravilhoso, todas as meras aproximações estão na verdade mais e mais se afastando dele. A divindade é grande o suficiente para ser divina; é grande o suficiente para chamar a si mesma de divina. Mas a humanidade, quanto maior se torna, menos provável é que o faça. Deus é Deus, como dizem os muçulmanos; mas um grande homem sabe que ele não é Deus, e, quanto maior ele é, melhor o sabe. Esse é o paradoxo; tudo que esteja apenas se aproximando daquele ponto está apenas recuando para longe dele. Sócrates, o mais sábio dos homens, sabe que nada sabe. Um lunático pode pensar que é a onisciência, e um tolo pode falar como se fosse onisciente. Mas Cristo é onisciente noutro sentido se ele não apenas sabe, mas sabe que sabe."
(G. K. Chesterton, p.241)
? a Igreja fundada por Jesus foi durou milênios, suportou todo tipo de perseguição, calúnia, Império e regimes totalitários diversos, mas ela permanece de pé, se fosse somente constituída por humanos não suportaria tantos séculos.
"A teoria materialista da história, segundo a qual toda a política e toda a ética são expressão da economia, é enfim uma falácia muito simples. Ela consiste apenas na confusão das condições necessárias à vida com as preocupações normais da vida, o que já é coisa bem diversa. [...] O homem não pode viver sem os dois sustentáculos da comida e da bebida, os quais o sustentam sobre duas pernas; mas sugerir que esses foram os motivos de todos os seus movimentos na história é como dizer que todas as suas marchas militares ou peregrinações religiosas devem ter tido por meta conseguir ter uma perna formidável [...]. E, se você deixa de fora da história humana coisas como as guerras religiosas e as explorações meramente aventurosas, tal história não apenas deixará de ser humana como deixará de ser até mesmo uma história. O desenho da história é feito por essas curvas e ângulos decisivos e determinados pela vontade do homem. História econômica não deveria nem ser história.
[...]
A verdade é que a coisa que se faz mais presente à mente do homem não são os elementos necessários à sua existência; mas é antes a existência em si mesma; o mundo que ele vê quando acorda a cada manhã e a natureza geral de sua posição nele. Existe algo que está mais próximo dele do que a subsistência, e é a vida. [...] Mesmo aqueles pedantes desprovidos de graça que acham que a ética depende da economia devem admitir que a economia depende da existência. E inúmeras dúvidas e devaneios normais são sobre como vivemos, mas sobre por que vivemos."
(G. K. Chesterton, p.161-163)
"Não me importo se o cético diz que é uma história impossível; não consigo compreender como uma torre tão alta poderia permanecer de pé por tanto tempo sem possuir um alicerce. [...] Ela é a única mentalidade que permanece incólume em meio ao despedaçamento do mundo. [...] Ela durou por quase dois mil anos; e o mundo moldado por ela tem sido mais lúcido, mais equilibrado, mais sensato em suas esperanças, mais saudável em seus instintos, mais bem-humorado e animado frente ao fado e à morte, do que todo o mundo ao redor. Pois foi a alma da cristandade que adveio do inacreditável Cristo; e a alma dela era o senso comum. Embora não ousemos olhar para o Seu rosto, podemos olhar para os seus frutos; e pelos Seus frutos nós O conhecemos. Os frutos são consistentes e a fertilidade é muito mais que uma metáfora; e em nenhum lugar deste triste mundo há crianças mais felizes trepadas nas macieiras, ou homens a cantar num coro mais harmônico enquanto pisam a vinha, do que sob o lampejo fixo desta iluminação instantânea e intolerante; o relâmpago tornado eterno como a luz."
(G. K. Chesterton, p.321)
Essas são algumas das ideias que o autor aborda em meio a tantas. Confesso ser impossível tentar resumir de ou passar minimamente, de forma satisfatória qualquer um dos livros da trilogia que Chesterton fala sobre o impacto do cristianismo no mundo.
Ler em sequência Hereges, Ortodoxia e por fim O Homem Eterno, pois podemos compreender o como o cristianismo se diferencia de tudo o que existe, de tudo que foi produzido, o que me leva a crer que de fato, o cristianismo não é uma invenção humana, mas sim algo criado por Deus, enquanto que tudo o que o homem criou foi falho, tudo que a mentalidade moderna foi um fracasso se comparado ao cristianismo e seu sucesso em tudo que tocou transformou positivamente.
O mundo literalmente é outro com o cristianismo e sem ele, seria muito mais decaído.