Sorte

Sorte Nara Vidal




Resenhas - Sorte


7 encontrados | exibindo 1 a 7


fev 13/01/2021

Faltou sustância.

Esse é o tipo de livro que deveria ter pelo menos mais 200 páginas, no mínimo. Nara Vidal narra a imigração de uma família irlandesa para o Brasil em 1800 em busca de melhores condições de vida. Mas o sofrimento é tanto que amargura a vida da personagem principal, Margareth. O livro é narrado com rapidez e sem muita profundidade. Não há um desenvolvimento digno. Há só violência e tristeza.

A autora transforma fatos reais violentos e distintos em uma história sem o devido cuidado. Se houvesse um trabalho mais profundo, com certeza, a história seria bem mais rica. Nem o sinalzinho de realismo mágico no final modifica de forma positiva o livro.

Uma pena que a boa ideia não tenha sido bem trabalhada.
Karamaru 17/09/2021minha estante
Tive a mesmíssima impressão. Abraços!




Euler 30/04/2020

Hi Brasil
Parece ser uma tendência da literatura contemporânea, narrativas históricas feministas, narrativas que voltam no tempo para mostrar de fato a perversidade que acontecia/acontece com as mulheres que não eram tratadas como musas como nos livros do José de Alencar. Foi inevitável para mim não traçar o diálogo com o livro Carta à rainha louca, já que nas duas histórias, mulheres brancas pobres e desafortunadas tem seu destino destroçado por serem mulheres, sendo confinadas em conventos, revelando a perversidade que existiam nesses espaço que deveria ser de solidariedade. Em Sorte, Margareth e sua família vem da Irlanda em busca de um Brasil idílico, mas o que encontram aqui é algo completamente o contrário. Margareth após sofrer com o machismo do pai e dos irmãos acaba sendo abandonada por eles por ter engravidado, sendo recolhida num convento que atendia mulheres caídas. Do calvário da casa, para o calvário do convento o que temos é a hipocrisia de uma sociedade que pune apenas as mulheres, negando o aborto ao mesmo tempo que não permitem que sejam mães. Outra personagem importante é a Mariava, mulher escravizada que sofre infortúnios ainda piores que o da protagonista. O destino das duas se entrelaçam em desgraças. Sorte é um livro curto, com uma linguagem extremamente poética, na qual só se diz o necessário e as lacunas são os rompimentos que são feitos violentamente em vidas como a das personagens. Dentro da narrativa, a micro narrativa da ilha Hy-Brasil, demonstra o quanto essa visão fantasiada de nós só nos deu Azar.
comentários(0)comente



Pandora 02/09/2021

Sorte é sobre a amizade improvável entre duas mulheres, uma branca e uma preta, no Brasil do século XIX. É também sobre a brutalidade de suas vidas e de sua coragem, apesar de tudo. E, finalmente, é sobre como mulheres são penalizadas somente por serem mulheres. Permeando a narrativa, a história contada e recontada da ilha mítica Hy-Brasil, na costa irlandesa, onde o mar tem cor de chumbo. [1]

Apesar da narrativa curta, Nara Vidal consegue, neste texto sensível e enxuto nos envolver na história das protagonistas, em especial na de Margareth, a narradora. Nestas poucas páginas a acompanhamos da Irlanda ao Brasil, fugindo da fome para um país escravocrata em guerra com os vizinhos (Cisplatina). Minha única ressalva é o final, contado em terceira pessoa, que me pareceu um tanto corrido, o que fez a história perder um pouco de sua força. De todo modo, é uma leitura que recomendo.


Nara Vidal mora em Londres. Em parceria com a University College London, a escritora é uma das fundadoras do Brazilian Translation Club e mantém uma livraria online especializada em literatura brasileira contemporânea, a Capitolina Books. Por três vezes, ganhou o Brazilian Press Awards na categoria Literatura, prêmio que elege os destaques da cultura brasileira no Reino Unido. Fonte: Agência Riff.

Em entrevista ao Canal Londres, no YouTube, Nara contou que demorou seis anos para escrever esta novela em virtude da pesquisa que fez, tendo, inclusive, mostrado no vídeo uma escritura original de venda de escravos, na qual se inspirou para criar a personagem Mariava. A outra personagem, Margareth, foi baseada na história contada por uma senhora que vivia no asilo onde Nara fez um trabalho voluntário de leitura. A senhora lhe disse que “tinha tido um filho, mas nunca tinha sido mãe”. Então, a autora descobriu que ela era uma daquelas mulheres irlandesas que tiveram seus filhos tomados pela igreja católica em um Asilo de Madalena. [2]

Vidal justifica a mudança de voz narrativa, ao final do livro, para a terceira pessoa, simbolizando o calar das vozes das duas mulheres.

[1] Hy-Brasil é uma ilha fantasma do Oceano Atlântico, que apareceu num mapa pela primeira vez em 1325. Segundo a lenda irlandesa, a região vivia envolta por uma névoa impenetrável, que só desaparecia em um dia a cada sete anos, único momento em que ela se tornava visível. Acredita-se que a tradição era fruto de uma miragem, mas acabou incorporada pela cultura dos povos celtas. No século 7, um monge irlandês chamado São Brandão foi um dos primeiros a saírem da Irlanda em busca da tal ilha. Estudiosos creem que ele possa ter chegado na América alguns séculos antes dos outros europeus. Fonte: IstoÉ.

[2] Os Asilos de Madalena eram instituições que existiram entre o século XVIII e o final do século XX e eram ostensivamente chamadas de casas de “mulheres perdias (mulheres caídas)”. Estes locais operaram por toda a Europa e América do Norte durante grande parte do século XIX até o final do século XX e abrigavam mulheres com deficiência física e mental, rebeldes, mães solteiras e suas filhas, vítimas de estupro e aquelas que se acreditava possuir caráter duvidoso como as prostitutas. O primeiro asilo foi fundado em 1765 na Irlanda. A instituição recebeu o nome inspirado em Santa Maria Madalena, que segundo a compreensão católica, se arrependeu de seus pecados e se tornou uma das mais fiéis seguidoras de Jesus Cristo. Fonte: Wikipédia.

Nota: Sorte ficou em 3º lugar no Prêmio Oceanos 2019.
comentários(0)comente



Biblioteca Álvaro Guerra 28/10/2021

Sorte
-Saudade é castigo pior que o castigo de ser mulher. Galega. Eu já nasci desta terra. Mas não me querem aqui a não ser pra me explorarem. Me surrarem. Por isso eu sinto saudade do que não aconteceu . Poderia ter ficado em Angola de onde veio a mãe. Arrancaram a nossa gente de lá sem palavra alguma. A mãe também veio cega num navio. Mas um cheio de doença. Peste. Preto e rato.

-A gente não sente saudade do que não conhece. Mariava.

-Sente. Galega. E muita. Eu plantei no meu pé a imagem de uma casa. Há dias de chuva que regam saudade e fazem o remoer do coração crescer fértil. E quando vejo um futuro todo despedaçado e que nunca aconteceu. Mas existiu. Eu que não cheguei a tempo. Me tiraram o futuro e agora eu moro aqui no Brasil.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!


site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788545557098
comentários(0)comente



Mary 13/01/2022

Delicado, porém...
É um livro sobre uma família irlandesa que imigra no Brasil em meados dos anos 1800. Mas não é apenas isso. Vai tratar sobre essa mudança de terras (aqui pode ser incluída até uma terra mística) da perspectiva de um desses imigrantes, uma mulher. É um relato feminino de um enredo cruel. Não acho que, por isso, seja delicado, mas há um quê de suavidade em um livro inteiro de violências de todos os tipos. É uma história triste, mas que não parece tanto por causa da forma contada. É como uma delicadeza cheia de espinhos, você aprecia enquanto é espetado, ainda que sutilmente. O único defeito que encontrei nele é que, por ser tão sutil, ele acaba sendo curto demais para o que poderia desenvolver. Contudo, ótimo e isso independe do que eu acho.
comentários(0)comente



M. S. Rossetti 07/02/2022

Inebriante
Trama digna de uma adaptação para o cinema. Ser mulher nunca foi fácil em uma sociedade misógina em que os piores inimigos da condição feminina muitas vezes são outras mulheres. Sororidade, sempre uma questão a ser debatida.
comentários(0)comente



Ana 28/12/2023

Confesso que não esperava tanto.

A capa não é atrativa, o título não chama atenção e não conhecia a escritora, então é difícil lembrar o que me fez colocar esse livro na meta do ano, provavelmente a descrição e quantidade de páginas me atraíram kkkk Mas o fato é que adorei o enredo, gostei das personagens e, em exceção do final, achei uma história bem construída, mas poxa, o final tinha tanto potencial para ser surpreendente, porém não rolou pra mim, uma combinação tão grande de coincidências que ficou difícil acompanhar e juntar as peças... Ainda assim, recomendo a leitura.
comentários(0)comente



7 encontrados | exibindo 1 a 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR