NaiaraAimee 25/12/2022
Até Você Chegar...
O que dizer de mais um livro da Judith Rainha McNaught pelo qual eu me apaixonei?
Sharon, uma jovem governanta, acompanha sua pupila da América até a Inglaterra para que ela se case com um barão, todavia, no final do percurso, Charise Lancaster foge com outro homem e fica a cargo da pobre mulher anunciar ao noivo dela o ocorrido, embora isso possa lhe custar sua liberdade e talvez sua vida.
Numa noite, ao sair da casa de sua amante, Stephen Westmoreland acidentalmente, com sua carruagem, é o responsável pela morte de Lorde Burleton. Incumbido de avisar a noiva do homem, Stephen comunica a mulher que acaba de sair do navio, que o homem faleceu. No entanto, um acidente acontece e a mulher que ele pensa ser Charise acaba tendo de ser levada para sua casa para que seja cuidada
Assim que recupera a consciência, Sharon se dá conta de que não sabe quem é e não se lembra de nada. Stephen acaba sendo aconselhado pelo médico a manter a farsa de que é noivo dela e a partir desse momento, ele se vê obrigado a lutar contra o sentimento muito verdadeiro que, aos poucos, nasce dessa mentira.
A escrita da Judith é uma coisa surreal! Eu amo as descrições de cenário que são tão ricas e como ela sabe te envolver nos sentimentos dos personagens. Como sempre, os mocinhos dela são lindos, fortes e apaixonantes e as mocinhas são enérgicas, fofas e decididas. O livro me prendeu do início ao fim e eu consegui terminá-lo rapidinho!
Amei como Sharon e Stephen foram se apaixonando, a humildade da mocinha. A cena de ela regendo o coral de empregados foi tão mágico! Eu amo como a Judith sempre coloca momentos assim nos livros. Nunca é nada muito inovador ou original, mas ela é a prova de que você pode usar a mesma fórmula de modos diferentes e conquistar o coração das pessoas.
Apesar de ter amado e muito, eu tenho algumas ressalvas. A partir daqui, a resenha vai conter spoilers.
SPOILER
SPOILER
Eu amei o pai da mocinha, a jornada dela com as viagens, o moço mexicano, o índio Cão Que Dorme, eu até fiquei pensando que história boa teria dado se ela tivesse continuado nessa linha, embora de forma alguma eu ache que os rumos que a história tomou depois fosse ruim. Judith voltou para o conforto do que ela já sabe fazer que são mocinhas que se descobrem em um ambiente de luxo, que com sua humildade vão tornando os mocinhos homens mais brandos, derrubando as barreiras deles e fazendo com que se apaixonem.
Meu problema com o livro começou quando Charise vai tirar satisfações com a Sherry e ela, enfim, recupera a memória. Acredito que aqui começou a acontecer certas injustiças, que eu só engoli porque a Judith é uma baita autora, escreve bem e sabe envolver. Em um livro menos primoroso, talvez eu tivesse baixado bem mais a nota.
Eu preciso dizer que eu detestei Whitney, Meu Amor quando li e continuei não gostando do Clayton no livro do irmão. Ele é chato até no livro dos outros, mas voltando à situação, quando Sherry recupera a memória, é um pouco injusto como ela carrega toda a culpa das mentiras sozinha. O Stephen mentiu o tempo todo, mas isso é deixado de lado porque ele ia se casar com a Sherry e porque acredita que ela tinha se passado por Charise de propósito. Passei pano para isso e tentei ignorar essa parte.
Depois disso, o Stephen, sem nenhuma surpresa, passa a sair com várias mulheres. Um dia a Whitney vê a Sherry na opera e percebe que a moça só vai às apresentações para ficar olhando para o Stephen e ela tem a ideia de juntar os dois novamente. A essa altura, a Sherry, ajudada pelo Nicholas, o personagem step da Judith que só serve pra causar ciúmes na família Westmoreland, já arrumou para ela um emprego como governanta e dessa forma a Whitney convida essa família para o aniversário de quatro anos do filho dela.
Quando a Sherry chega lá, a Whitney diz para ela que o Stephen a esperou e reteve o padre, desejando que ela voltasse para que ambos se casassem, pois inicialmente ele acreditava mesmo que Sherry tinha perdido a memória e como ela não voltou, ele deduziu o pior, até porque ele já havia se enganado outra vez (homem burro do caramba). A Sherry é advertida que os homens Westmoreland são orgulhosos e fingem indiferença, então ela é que vai ter que correr atrás de reconquistar o Stephen. Isso me incomodou em um nível...
Stephen trata a Sherry como se ela nem existisse, briga com a cunhada e depois, sem resistir, ele acaba dormindo com a mulher. Pelo menos não tivemos estrunfo aqui que nem em Whitney. Um pouco de clareza chegou à mente da Judith nessa hora. Mas depois disso, mesmo quando ele descobre que ela era virgem e tudo mais, ele faz o quê? Tenta conversar? Não. Ele faz a proposta de que eles sejam amantes. Não dá para esperar muito dos Westmoreland, embora o Royce (Um Reino de Sonhos) seja bem melhor que seus sucessores.
Sherry não aceita e, claro, depois a situação se reverte e os dois vivem felizes. No Epílogo vemos o reencontro dela com o pai. Outra coisa que me incomodou foi ela nem pensar direito nele quando recuperou a memória, mas eu entendo que o foco da Judith é sempre e majoritariamente o romance.
Eu sei que reclamei pra caramba aqui, mas como eu disse, o livro é envolvente. O romance é tudo de bom e ler Até Você Chegar me fez muito bem. Era tudo que eu estava precisando, então eu passei um pano danado pra várias coisas, mas essa é a magia de um grande autor, eu acho. Às vezes as história contém coisas que te incomodam e mesmo assim ele é capaz de te fazer amar aquele livro e os personagens, mas você não tem que ser cego aos defeitos por conta disso.
Enfim, amei e indico, sim, pois é romântico, agradável e muito bem escrito.