Resenhas - O Jogo do Anjo

Fran Kotipelto 28/01/2011

Ah, look at all the lonely people.Ah, look at all the lonely people

Dizem que na hora da morte tudo se torna claro,esta é a primeira frase presente em Fortaleza Digital do escritor norte-americano Dan Brown,eu felizmente e logicamente nunca morri pra dizer se a frase em questão tem algum sentido,mas David Martin de O Jogo do Anjo me fez ter uma noção do que não faz sentido,não faz sentido morrer na escuridão,sem enxergar uma minúscula partícula de luz que pode ser dinheiro para uns,prazer para outros,um sorriso do amado(a) para os mais românticos,há também os que acreditam que essa luz só pode ser Jesus,eu não tenho uma opinião totalmente clara como a luz,e não importa muito também,mas como diria o grande Cazuza: a fome está em toda a parte,mas a gente come,levando a vida na arte. E é isso o que fazemos...

David Martin é o típico estorvo para uma sociedade miserável,como boa parte da população mundial o é.Vendemos nossos talentos por salários ridículos,vivemos no anonimato,sofremos por amor,vemos os clássicos filhos da puta se darem bem na vida,enquanto nós alimentamos nossas almas com uma palavra que nos mantém firmes,a tão requisitada ESPERANÇA.Ah a esperança,o que seria de nós sem ela além de um bando de suicidas?

Voltemos a David Martín, o ilustreprotagonista,narrador e por que não desgraçado jovem escritor que vive em Barcelona na década de 20. Aos 28 anos,desiludido no amor,na vida profissional e muito mal de saúde David vive sozinho num casarão em ruínas. E eis que surge Andreas Corelli (o lado B da sociedade) um estrangeiro que se diz editor de livros.Ninguém sabe de onde ele veio,mas sua fala é suave e sedutora. Ele promete a David muito dinheiro, e sua simples aparição parece devolver a saúde a David.Mas como tudo na vida tem seu preço,com o pobre David não poderia ser diferente não é mesmo? E é justamente esse preço que constrói o grande mistério da obra,e David como sempre está sozinho.

Com genialidade digna de um mestre Carlos Ruiz Zafón nos apresenta mais uma vez a sua principal personagem,a Barcelona,com seu encanto,frieza,misticismo e acima de tudo,seu carisma macabro que cativa até o mais frio dos seres. O Jogo do Anjo nos mostra a vida cotidiana de verdadeiros heróis exclusos da sociedade mesclando sentimentos de perdão,redenção,medo,culpa,amor,ódio,vingança e tantos outros.

Vale a pena ler o livro? Não é o tipo de coisa que costumo responder,mas eu diria leia,se vale a pena aí já é outra história,e você com certeza vai ter de mergulhar na Barcelona dos anos 20,e se for atento vai descobrir que hoje tudo continua igual em todo o mundo,só mudamos de época.

Bem-vindo à Cidade dos Malditos...

Michela Wakami 05/03/2022

Perfeito
Maravilhoso, eu simplesmente não conseguia largar.
Uma história que envolve muitos sentimentos.
Foi tão bom conhecer a mãe do Daniel.
Estou em êxtase!

@tigloko 26/02/2024

Cada vez mais apaixonado por essa série!
Adorei retornar a essa série. Novamente o autor traz uma Barcelona recheada de personagens incríveis e ainda mais segredos, que me fizeram ter uma imersão completa durante a leitura.

É impressionante como ele consegue misturar gêneros literários de forma tão bem feita, isso ainda me surpreende. Tem mistério, drama, um pouco de terror, policial, é realmente para todos os gostos e tudo bem dosado sem extrapolar. Porém, achei que o fantástico estava mais presente neste livro em relação ao anterior. Em alguns momentos fiquei na dúvida se os acontecimentos eram reais ou somente fantasia do protagonista, gostei dessa ambiguidade.

Ainda que tenha curtido bastante o livro, sinto que no seu terço final ele perde um pouco o ritmo e demora a concluir a história( conclusão essa muito boa, vale mencionar).

Estou curioso para o que me aguarda nos próximos volumes!

Mari.Vasconcelos 16/11/2021

Que autor das galáxias!
Esse livro é simplesmente
F
A
N
T
Á
S
T
I
C
O

Preparem- se para arrepiar os cabelos da nuca, para ler de olhos arregalados, e as vezes com olhos fechados, pra pedir pra dormir no quarto da mãe mas tmb para se emocionar, torcer e arfar...

Só sei que se Zafón escrevesse receita de miojo, se transformaria no mínimo, numa massa italiana sofisticada com molho de ostras silvestres colhidas em mares profundos cercadas por predadores assassinos.(Ôh homi phodastico da pohha)

"As pessoas normais trazem filhos ao mundo; os romancistas, trazemos livros"

Vania.Cristina 08/04/2024

Sombrio e sensível, tocou meu coração
Esse é o segundo volume da série O Cemitério dos Livros Esquecidos, do espanhol Carlos Ruiz Zafón. Embora os livros se entrelacem, podem ser lidos separadamente, porque são narrativas independentes.

A história deste se passa antes dos acontecimentos do primeiro livro. E o contexto social e histórico é ainda mais relevante aqui. Acho que conhecer um pouco a história da Espanha e da luta contra o fascismo, facilita a compreensão das camadas mais profundas dessa obra.

David Martín é o protagonista. Ele foi uma criança pobre, abandonada pela mãe e criada pelo pai analfabeto, ex soldado, amargurado e com baixa auto estima, que demonstrava um afeto contido pelo menino, e o tratava de forma violenta.

Martín cresceu amando livros e frequentando, escondido do pai, a livraria Sempere & Filho, que se tornou um lugar acolhedor e seguro. O velho Sempere sentia carinho por ele, permitindo que ficasse por lá lendo o que quisesse. Suas economias, gastava com livros que o velho vendia barato para ele. Quando não tinha como comprar, ganhava.

Um dia, o pai de Martín foi brutalmente assassinado na frente do filho.

Assustado e traumatizado, o menino se escondeu na área das máquinas do jornal La Voz de la Industria, onde o pai trabalhava como porteiro.

Uma vez descoberto, passou a ser protegido pelo jornalista, célebre e rico, Pedro Vidal, que convenceu o jornal a contratar o menino, primeiro como contínuo, depois como seu assistente pessoal. Com o apoio de Vidal, aos poucos Martín foi subindo no jornal, se tornando repórter da editoria de Polícia. Depois, ganhou uma coluna fixa no jornal, para escrever contos de ficção.

Incomodado com a inveja dos colegas, que desprezavam a sua rápida ascensão, Martín resolveu sair do jornal. Ainda com a ajuda de Vidal, conseguiu um trabalho na editora Barrido & Escobillas, onde começou a ganhar bem escrevendo livros populares e usando um pseudônimo.

Procurando um lugar pra morar que pudesse ser seu, acabou comprando uma mansão sombria, que estava abandonada, e que sempre lhe chamou a atenção.

Martín estava secretamente apaixonado por Cristina Sagnier, filha do motorista de Vidal, mas sentia que ela não o respeitava, por desprezar o tipo de livro que ele escrevia e por acreditar que ele estava desperdiçando seu potencial criativo.

Martín trabalhava muito, estava exausto, se sentia explorado pelos editores que estavam enriquecendo às suas custas, dormia pouco e estava solitário. A mansão revelava, cada vez mais, um lado sombrio e misterioso, coisas estranhas começaram a acontecer. A mansão tinha segredos...

Aos poucos Martín foi adoecendo, tendo lapsos, desmaios, visões... Quando estava bastante fragilizado e depressivo, conheceu um homem elegante e misterioso que se apresentou como editor francês. Ele queria que Martín largasse todo o trabalho e dedicasse a ele exclusividade por um ano, para escrever um livro misterioso encomendado. Em troca, se aceitasse, ele iria receber um bom dinheiro adiantado, e mais dinheiro ainda, ao término do trabalho, além de outras ofertas misteriosas e sedutoras.

Gente, isso tudo são só as primeiras páginas do livro. Muita coisa acontece.

A história de O Jogo do Anjo mexeu mais comigo do que A Sombra do Vento, o primeiro livro. Tive uma experiência de leitura melhor, fiquei comovida, emotiva, foi tudo mais intenso. Talvez eu esteja agora familiarizada com o autor, talvez aqui ele esteja mais maduro, não sei dizer. A história é mais sombria, com presença forte do sobrenatural. Mas é um sobrenatural que, em alguns momentos, deixa o leitor em dúvida sobre a confiabilidade do narrador.

Gostei do entrelaçamento entre os dois livros. Foi muito bom reencontrar a livraria e os Sempere, e conhecer mais sobre a família. Curioso é que o Cemitério dos Livros Esquecidos, que dá nome à série, tem muito menos protagonismo do que a livraria dos Sempere. Mas a grande protagonista e o grande cenário vivo é, na verdade, a cidade de Barcelona, bela, assustadora e intensa.

Se o primeiro livro me remeteu a Dumas, esse aqui me lembrou Oscar Wilde e O Retrato de Dorian Gray.

Só sei que agora quero muito ler os outros livros dessa série e sinto tristeza quando penso que o autor nos deixou cedo. Favoritei. Leiam!

Janaina Edwiges 03/02/2022

"Uma pessoa acaba se transformando naquilo que vê nos olhos de quem deseja"
Amo a escrita do Carlos Ruiz Zafón, mas o segundo livro da série O cemitério dos livros esquecidos não me encantou como o primeiro, que se tornou um dos meus livros favoritos. O protagonista de O jogo do anjo não tem tanto carisma e a história poderia ter sido mais concisa. Por outro lado, adorei conhecer o Sr. Sempere, avô do personagem Daniel de A sombra do vento. Essa conexão com o universo do primeiro livro foi o que mais despertou minha atenção.

Marcio 05/03/2022

Trama envolvente
Muito bom, de início não encontrei nenhuma ligação com o primeiro livro desta tetralogia, mas no decorrer da leitura apareceu alguns vínculos. Pode ser feita a leitura separadamente, um suspense bem empolgante.

Guilherme.Maia 26/12/2020

O jogo do anjo.
Zafón simplesmente é mágico, é o meu segundo livro de Zafón, e mais uma vez fui surpreendido, com um misto de sentimentos, é o tipo de livro que não deve ser somente lido, tem que ser digerido com a alma.
Guardarei na alma frases que foram escritas nesse livro, e concerteza vou continuar com os próximos livros.

Adriano F. Zwierzykowski 02/10/2020

Vale o que pesa
Têm livros e autores que são um pouco complicados de se atrever a resenhar, e esse é um deles. Uma obra prima, do quilate do seu anterior, A sombra do vento. Porém, acho que o estilo desse é muito mais definido ao contrário do primeiro. Acho que os livros devem ser lidos sim em sequência, pois algumas coisas podem se tornar vagas e vazias lidas em ordem aleatória. O final ficou em aberto e creio que o próximo livro fechará algumas amarras soltas (assim espero)? acredito que grandes emoções estão por vir.

Elton.Oliveira 02/03/2024

Uma trama sombria sobre livros
Mais uma vez , um enredo que não baixa a intensidade!

Estou encantado com a perspicácia de Zafón em montar uma história centralizada em bibliotecas, leitores , escritores , suspense , reviravoltas e encaixes impressionantes com a história central da série, que agora estou entendendo o porquê de poder ser lida em qualquer sequência.... História ímpar ! Nunca vi tanta maestria em uma composição!

Nesse livro da série " Cemitério dos Livros Esquecidos" , Zafón monta mais uma história bem encaixada de um escritor. Vamos prestigiar toda sua trajetória, início pobre , sofrido , sem dinheiro, sem família e com ajuda de um protetor, consegue construir uma fama e tem seu pequeno auge em publicações que imprimem sua marca e conquista seus fãs.

Ele não tem sossego, tem que produzir intensamente, seus empregadores não facilitam nunca sua vida. Cada um exige trabalhos ardilosos e rotinas exaustantes de trabalho. Por último, encontra um certo patrão que lhe dará uma difícil tarefa de criar uma religião em forma de livro ! É aí que começa a história dessa trama , com vidas anteriores , buscas por respostas a toda sua inquietante situação, um sombrio e terrível Jogo do Anjo ???.

Investigações, plots , descobertas e tudo tão bem conectado à Biblioteca dos Livros Esquecidos ! Descobrimos a sequência dos personagens na trama central, o nascer , o antes, o depois ... Kkkkkkk ! Eu realmente estou em êxtase com essa série.... ??.

Obrigado Zafon ! É um prazer poder apreciar seu trabalho!

Josiane.Castro 29/05/2022

Originalidade
Um jovem escritor recebe um oferta irrecusável de escrever um livro para um editor estrangeiro . Ambientado em Barcelona , anos 20. Um livro cheio de mistérios , suspenses, romance , intrigas e amizades. Zafon, maravilhoso em suas obras , em suas descrições . Senti me num filme de ação e suspense

Lorayne.Stinguel 14/07/2020

Não dá vontade parar
O livro é ótimo porém muito obscuro e um pouco fantasioso. Tem muito suspense, assim como A sombra do vento, porém achei que algumas coisas ficaram mal explicadas, ou talvez eu não tenha entendido a essência do livro.

Bella 11/07/2021

Intrigante
Se eu precisasse escolher apenas uma palavra pra caracterizar O Jogo do Anjo, certamente essa palavra seria intrigante.

Por óbvio uma mera palavra não consegue demonstrar a imensidão da Barcelona de Zafón, que dessa vez foi ainda mais fundo, nos anos 20, explorando uma atmosfera que respira mistério.

David Martin representa tudo aquilo que cada um de nós anseia, luta e teme. Quer ser ouvido, reconhecido e amado. A questão é: até que ponto as pessoas são capazes de chegar para alcançar os seus desejos mais profundos?

O Jogo do Anjo começa com um ritmo mais tranquilo, mas na medida em que vamos nos envolvendo com a vida pessoal de David, passamos a tomá-lo como amigo, compartilhando de sua felicidade e de sua raiva, porém sempre com a consciência de que ele é um ser humano e as pessoas falham.

O enredo se torna bastante envolvente e em determinado ponto torna-se impossível parar de ler. Contudo, a obra é muito bem construída e a sua conclusão é rápida e pouco explorada. Sinto que existem muitas pontas soltas mas que de forma alguma prejudicam a genialidade das palavras de Zafón. Que O Prisioneiro do Céu e Labirinto dos Espíritos nos tragam os desfechos pendentes!

Dany 17/04/2022

Quando se olha muito tempo para um abismo...
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O segundo volume da série O Cemitério dos Livros Esquecidos nos leva em mais uma viagem pela Barcelona do século XX, dessa vez, na companhia de um jovem escritor de grande talento e poucos recursos. David Martín é um homem que tem verdadeira paixão pela arte de escrever e grande inventividade quando se trata de criar personagens e histórias fantásticas, contudo, precisa se contentar com o trabalho em um jornal que não lhe dá o espaço que gostaria, uma vez que precisa de meios (leia-se, dinheiro) para sobreviver.
Apadrinhado por Pedro Vidal, um homem influente e com aspirações literárias, mas nem metade do talento de Martín, o jovem acredita ter encontrado alguém disposto a ajuda-lo a ascender na sociedade espanhola e, também, um amigo. Tudo começa a mudar quando Vidal pede Cristina, a mulher por quem Martín é apaixonado, em casamento. Além disso, Martín já não aguenta mais o trabalho no jornal, que considera medíocre diante das suas aspirações, e, para finalizar, descobre uma doença que irá aos poucos afetar sua atividade mental, levando-o a morte em pouco tempo.
Nesse momento nada favorável, um homem misterioso de nome Andreas Corelli se apresenta a Martín como um editor, muito interessado na escrita do jovem, que lhe propõe um trabalho irrecusável: a chance de escrever uma história que impactará o mundo. E uma boa grana em troca desse serviço.
Com um tom menos aventuresco e mais melancólico do que A Sombra do Vento que, vale lembrar, se passa depois dos eventos de O Jogo do Anjo, em ordem cronológica, esse é um livro que mergulha na mente conturbada, e altamente sarcástica, de um protagonista que tenta fugir de um destino trágico. Com mais referências literárias remetendo, principalmente na primeira parte, às Grandes Esperanças, de Dickens, o jogo em que nos vemos enredados levanta, até mesmo, questões filosóficas e existenciais.
Destaque, mais uma vez, para uma personagem feminina, a inteligente e incansável Isabella, principal ponto de conexão com a história do primeiro livro e, muitas vezes, a única capaz de lidar com o temperamento de David. Mais uma grande história desse que se tornou um dos meus autores favoritos da vida.

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