Isabela Raíssa 10/12/2022
Publicado em 1971, "O Exorcista" tem como pano de fundo uma família composta por Regan e Chris MacNeil, que precisa conciliar a vida de mãe solo com o trabalho intenso de atriz; porém, Regan começa a apresentar comportamentos completamente diferentes sem motivo aparente e a rotina de ambas sofre mudanças drásticas.
No que tange à narrativa, esta possui um ritmo mais lento, contudo, isso não a torna maçante. A escolha do autor por essa abordagem faz com que o leitor acompanhe passo a passo a evolução da condição de Regan, que ocorre de maneira sutil, deixando dúvidas sobre o que realmente está acontecendo (é algo sobrenatural ou a ciência explica?).
Por sua vez, a construção dos personagens é o ponto de destaque da história. Regan, a princípio uma garota doce e gentil, transforma-se gradualmente em uma figura temida por todos que a rodeiam. Sua mãe, Chris, precisa lidar com o peso de criar sua filha sozinha após um processo complicado de divórcio - seu cansaço e desespero são palpáveis. O padre Damien Karras, em especial, assume o protagonismo da narrativa - suas inquietações quanto à sua vocação e à sua fé o deixam muito real.
Enfim, todo esse contexto pode "angustiar" o leitor, pois parece não haver quem possa de fato ajudar a família MacNeil. É uma leitura riquíssima para quem gosta de mistério e de mergulhar nos aspectos psicológicos dos personagens.