Thiago Valença 26/02/2015
Sobre a natureza do mal
Tive muita curiosidade de ler esse livro porque sempre gostei muito do filme. Depois de ler, achei o filme uma excelente adaptação (talvez a melhor), a copia fiel do livro, muitos poucas cenas foram retiradas (se você incluir as cenas deletadas). Consegui entender muita coisa que o filme havia deixado de explicar devidamente (do demônio Pazuzu, do que aconteceu antes da Regan com o padre Merrin e de algumas questões no final), e até uma razão plausível por isso ter ocorrido.
O livro merece 5 estrelas pela ótima história que tem, convenhamos que na década de 70 isso era uma história pesada porque os costumes da sociedade em geral eram outros. Mas o único ponto negativo desse livro (único mesmo) é que a escrita do autor é mediana, a diagramação do livro realmente horrível sem o espaço do parágrafo para um lapso temporal ( cara, isso fez falta). Pior isso ele leva 4 estrelas.
A história é muito boa, muito interessante. A sensação do perigo, de alguém observando e do clima de tensão são palpáveis. Não é só a questão da possessão que o livro gira em torno, mas de uma suspeita de assassinato que leva a trama a ficar mais densa, e tem um ritmo de investigação policial.
O padre-médico-boxeador é que investiga se a Regan está possuída ou se é o caso de dupla personalidade. Ele ataca cada ponto até levar o caso á Igreja. É disso que se trata esse livro a história foca nos casos de possessão e como desmascarar uma, vc acompanha perfeitamente o raciocínio do padre. Eu lembrei muito do filme O Exorcismo de Emily Rose, mas caramba, o que era meu filme preferido de possessão (depois de O Exorcista), se tornou um plágio! Quanta semelhança! Percebi que muitas ideias de filmes de terror vieram desse livro. Que falta de originalidade...
Acompanhando o raciocínio do padre passamos por ótimos questionamentos acerca de distúrbios da mente. Lembrei muito de ´Carrie, a estranha´ do Stephen King, mais de uma vez é citado o caso de psicocinese mais presente em adolescentes. Uau, dois livros convergindo no assunto (medo, rs). Pra quem viu o filme fica muito claro que a Regan está possuída, mas no livro a trama é construída gradativamente e a suspeita de que pode ser “apenas” um distúrbio oscila muito. Lendo (sem ter visto o filme, se é que existe alguém) vc realmente fica em dúvida. Questionamentos como a mudança de fisionomia, da voz, do vocabulário, da inteligência levam vc a acreditar que ela pode NÃO estar possuída. Tanto a fé do padre quanto nossa inteligência é testada constantemente. Muito bom!!!
O livro não foca nas partes que seriam assustadoras, na verdade até quando elas aparecem não são perturbadoras. Realmente não sei porque alguém teria tanto medo desse livro, sem entrar em questões de religião, o livro em si não tem nada demais a não ser coisas nojentas voltada ao sexo e palavrões. Ao meu ver o que assusta mais é a parte do invisível, a espreita, do mito, do silêncio pesado. Achei o filme muito mais assustador que o livro.
A justificativa para tudo isso ter acontecido no livro é MUITO boa. Realmente convenceu, é bem plausível. Ler O Exorcista não foi de maneira alguma perda de tempo. Não tendo a pretensão de resumir, esse livro passa a verdadeira idéia de que as pessoas são ruins mesmo, malvadas, cruéis e nesse ambiente é que o mal está, e não só na possessão de um corpo.