O casaco de Marx

O casaco de Marx Peter Stallybrass




Resenhas - O casaco de Marx


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Lori 12/11/2010

Às vezes, você pode comprar um livro por um motivo e durante a leitura descobrir que é diferente do que você pensava, isso pode ser bom ou ruim. No caso do livro de Stallybrass foi um pouco assim, a diferença é que eu esperava que fosse literatura, não ensaios de um professor de humanidades e literatura comparada. Acho que cheguei a um dos limites da confusão que se pode fazer sobre um tema de um livro, embora eu culpe o resumo que a Autêntica fez... ou minha desatenção devido a tantos livros que estavam em volta, afinal era uma feira de livro. Pelo menos foi positivo, afinal é interessante como Stallybrass analisa e escreve sobre diferentes assuntos. O livro é divido em três ensaios, um sobre a relação da memória e roupas, o outro sobre a relação do capitalismo com as roupas e, por último, sobre a representação do andar em diferentes peças.

O primeiro ensaio traz uma questão que é pouco pensada, as roupas daqueles que morrem. Não só como elas são forma de memória como também herança de família e aqueles que as recebem lidam com ela. Interessante como a roupa leva consigo a marca daqueles que a usaram, como a forma ou o cheiro. Stallybrass afirma, por experiência própria, que quando se veste a roupa que antes era um de outro você leva junto a memória da pessoa. Também considerei importante o pensamento de como companheiros lidam com isso, há alguns que tentam se livrar o mais rápido possível para não ter a lembrança da perda enquanto outros guardam algumas peças como forma de lembrança. Cada um tem a sua forma de lidar com a dor, e doeu um pouco ver como o armário vazio do pai de Philip Roth ainda lembrava da perda da companheira de 55 anos.

O segundo ensaio, que dá nome ao livro, é uma discussão sobre a transformação das roupas em mercadoria. Acompanhamos a história das roupas no século XIX, principalmente o casaco de Marx. Importante ver como a roupa era uma marca de distinção, já que Marx somente poderia ir ao Museu Britânico para trabalhar se o seu casaco não estivesse penhorado. Peter trabalha como distinções diferentes de hoje, antigamente cores e certas tecidos distinguiam classes sociais. Ele também vai por um caminho diferente e acha que hoje se tira o valor dos objetivos e assim os desvaloriza. Pergunta por que o desprezo as coisas? Usa o caso dos prisioneiros que são despojados de sua roupa como forma de despojar do que são. É interessante ver como ele associa estudos acadêmicos com a vida daqueles que os escrevem como também de uma forma mais direta com a sociedade que vivem.

O último ensaio trata sobre a noção de caminhar em diferentes peças clássicas. Interessante ver como um estudioso de literatura comparada racionaliza sobre peças de diferentes séculos, como Édipo e Lear. A forma que ele compara como é o caminhar para cada um dos personagens e a sua importância e sua época. Édipo não pode caminhar direito pela mutilação que sofreu, enquanto Lear não precisa andar pelo poder que tem. Stallybrass levanta um importante ponto sobre a dificuldade de se caminhar e como desvalorizamos esse ato quando conseguimos realizar naturalmente depois de aprendido. Isso não vale somente para o andar, muitas atitudes que tomamos são tão naturalizadas em nossas vidas que não percebemos mais como devemos valorizá-las.

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http://depoisdaultimapagina.wordpress.com/
Marcela 17/09/2013minha estante
Você é amiga da Luisa do Anglo?




Leo Ratão 17/06/2021

O frio de Marx mesmo coberto de vontade de pesquisar!
Sem conhecer o autor ou encontrar esse livro em alguma livraria eu o li em e-book por indicação de um amigo. Na verdade a indicação foi um comentário sobre um aspecto do livro: a análise que Peter Stallybras faz das desventuras de Marx para visitar a biblioteca onde fazia diversas pesquisas dentre as quais a d'O Capita!

Com 3 artigos em separado, onde o primeiro ajuda a entender a discussão que da nome ao livro - O Casaco de Marx - servindo como um longo e interessante prefácio, já o último artigo é um tanto cansativo, seguindo a discussão dessa sua "Sociologia da vestimenta", como eu achei adequado chamar.

É um livro que se eu for recomendar, faço só o segundo artigo. Não é cansativo de ler porque flui, é leve, mas também não tem muito a acrescentar. Para os interessados em roupa, moda, talvez a esses sim, seja interessante a leitura, mesmo se quando o autor apresenta sua "sociologia" em contraponto com partes da teoria de Marx, faz tendo a roupa como demiurga das relações sociais. A sua forma de sustentar é interessante e versa com a realidade Historia da revolução industrial da época.

Enfim, bem ruim, porém nem Boa também.
Leo Ratão 28/01/2022minha estante
"Enfim, nem ruim, porém nem boa também"*




vfrauzino 21/01/2022

As roupas são memórias que recebem a marca humana
?Uma rede de roupas pode efetuar as conexões do amor através das fronteiras da ausência, da morte, porque a roupa é capaz de carregar o corpo ausente, a memória, a genealogia, bem como o valor material literal?

Quando iniciei o livro, fui com a expectativa de que seria uma coisa bem diferente do que realmente foi. Sempre bom se surpreender! Stallybrass percorrer com delicadeza e poesia a vida de Marx e a relação dos seres humanos com os objetos, especialmente as roupas. Ele filosofa na simbologia das roupas como algo além do simples material... um objeto que transmuta-se em novos significados: roupa como memória, patrimônio, relíquias simbólicas e, até mesmo, como disputa de posse e poder.

Um livro leve e rápido para aqueles que buscam expandir sua perspectiva sobre um objeto tão presente no nosso dia a dia.
Leo Ratão 28/01/2022minha estante
Ahh, bacana, você também leeeu!!




Lau 04/03/2022

surpreendida
acho que vou ter que ler esse livro mais umas três vezes pra conseguir entender a profundidade da discussão que o autor propõe. mas lendo pela primeira vez, de uma forma mais apressada e simples, gostei muito dos assuntos abordados, principalmente sobre as roupas das pessoas que já foram, e sobre a loja de penhores e as roupas como "moeda de troca".
importantíssima essa permeabilidade do assunto "roupas" com outras áreas do conhecimento
Laiana Silveira 06/03/2022minha estante
É um livro que eu tô sempre relendo, e sempre descubro uma informação nova. Cada leitura é com uma percepção diferente! Lindo




Liz 22/10/2014

Moda e memória
A roupa como memória e continuação de um ser.
Stallybrass explica a memória na roupa e o seu valor como memória e componente de caracterização e componente caracterizado na vida, vivência e "pós-vida" de um indivíduo e sua importância. Conta a importância do corpo para a roupa em três capítulos, no primeiro falando sobre o casaco de um falecido amigo, no segundo sobre o casaco de Marx (sim, Karl Marx) e dizendo como a roupa transita entre o valor comercial e memorial sentimental e individual e no terceiro fala como o movimento é importante ao corpo e logo importante à roupa, usando como base uma metáfora sobre uma peça de teatro. Um livro incrível que deve ser lido por todos.
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Broetto 02/05/2020

Apenas um capítulo trata do casaco de Marx. Um capítulo trata do papel das roupas na sociedade e um capítulo sobre o caminhar. Apesar de interessante, não existe muita coerência no livro.
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Laiana Silveira 14/06/2020

Esse livro é perfeito!

Muito já havia lido e relido o capítulo 1, mas dessa vez o que me encantou mais foi o capítulo 3!

Leiam, é um livro pequeno e de fácil compreensão
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Oibaf 03/08/2020

O ser social da roupa e sua coisificação
Comprei esta nova edição acidentalmente, isso porque não encontrava em casa a edição anterior que eu já tinha lido a muitos anos. Qual não foi minha surpresa quando minha mãe me informa que o livro estava com ela. Não há mais volta, tive contato com está edição mais recente, e apesar de adorar o projeto gráfico da edição anterior, e ter achado um pouco incomodo a capa dura desta nova edição, esta tem lá seu charme gráfico.
Nessa minha segunda leitura, não pude deixar de ter novas pontes de contato com a obra, e embora hoje eu não me entusiasme tanto com a abordagem do autor, um tanto voltado exclusivamente para um ponto de vista focado no sujeito particular, a obra me trouxe novas sugestões de abordagem de temas que muito me interessam. Não que as particularidades de indivíduo nos seja algo secundário, mas permeia na obra uma abertura a ver na interação socio-emocional da roupa com seu consumidor uma relação fetichisada, onde uma "memória material" do objeto se converte em valor afetivo. É claro esse valor afetivo é real, mas há uma tendência entre os estudiosos da moda em converter o valor afetivo verdadeiro em símbolos de afetividade pelo consumo, e assim na faculdade de moda somos incentivados a aprender que o tecido tem uma história, que as marcas de gasto no jeans são valores adquiridos. E tudo isso é uma completa alienação, que apresenta coisas sobre a forma humanizada enquanto ignora que o mercado de trabalho da indústria da moda é sustentado por uma lógica de pessoas coizificadas.
Pois bem, levantado meu descontentamento, nem tanto com o autor mas principalmente com o ensino acadêmico da moda, vamos ao que me chamou a atenção na obra. Um fato que acaba sendo deixado de lado na obra, principalmente quando ela acaba se tornando exclusivamente bibliografia de estudantes de moda e vestuário, é o próprio interesse acadêmico do autor, vindo da crítica literária. Quando eu penso na finalidade do autor, de esgotar as possibilidades de abordagem de como a literatura descreve o ser social, partindo de um dos fios possíveis de abordagem, que no caso é a roupa, passei a ter mais paixão e vontade de retornar a um tema de pesquisa que abandonei a pouquíssimo tempo.
No caso, o tema era sobre a obra da filosofa brasileira e crítica de estética da arte Gilda de Mello e Souza. Em um de seus livros mais famosos, O Espírito e as Roupas, a autora trabalha com uma chave de leitura, muito inspirada pelo sociólogo neo-kantiano Georg Simmel, de uma relação social entre a função social da indumentária na leitura das relações ideias entre indivíduos. Ou seja, uma vez que as relações entre os seres se dá pela consciência, até que ponto a indumentária, do século XIX no caso da obra, é um referência material confiável de se interpretar a sociedade. Assim como György Lukács, que foi aluno orientando de Simmel, Gilda prefere ler a sociedade do século XIX pelo seu recorte de classe, portanto, sendo o capítulo sobre luta de classes pela indumentária talvez a pérola central do clássico livro de Gilda Mello e Souza. Lukacs, embora nunca tenha se dirigido diretamente a moda em si, teve em sua formação uma ruptura com Simmel ao migrar a sua obra de maturidade, se tornando sem dúvida o filósofo mais importante do século XX. Antônio Candido, sociólogo brasileiro companheiro intelectual de Gilda de Mello e Souza, com quem compartilhou não apenas os estudos, como também alguns anos de casamento, redendo inclusive filhos, dedicou sua vida ao estudo da leitura sociológica da literatura brasileira, partindo muitas vezes das análises que Lukacs desenvolveu sobre a coisificação das relações humanas, a famosa teoria da reificação.
Quais não seriam as inúmeras possibilidades de estudo da literatura brasileira se, partindo do que Peter Stallybar faz ao analisar obra literária pela relação narrativa da roupa, não nos orienta-se-mos em combinar os estudo acadêmicos de dois dos maiores nomes da teoria crítica brasileira, analisando as hipóteses formuladas por Antônio Candido sobre as principais obras primas da literatura brasileira com a chave de leitura sociológica de Gilda de Mello e Souza. Para além de um reencontro na teoria desse finado casal, seria uma positiva consciliação na teoria entre Lukacs e seu antigo orientador de mestrado Simmel, sem cair nas contradições simmelianas é claro.
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Eduardo 22/08/2020

Três pequenos contos, um deles fala sobre as idas e vindas do casaco de Karl Marx para a loja de penhores devido as dificuldade financeira enfrentadas.
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Prinup 05/10/2020

Amei
Roupa, memória e dor
Para uma pesquisadora sobre brechós, esse livro me acrescentou muito
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Caesar 22/07/2021

O autor traduz o pensamento da mercantilização dos objetos e, consequentemente, no fortalecimento do capitalismo. Ideia essa sustentada por Marx ao exemplificar seu casaco de inverno em sua obra principal, O Capital.
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alex santos 11/09/2021

Só um casaco?
Como a roupa assume diferentes papéis na vida da gente! A memória do antigo dono, seus cheiros e jeitos, nossa história, sentimentos. Ou seu simples valor de mercado, quando nosso sentimento vira valor, vira mercadoria. Peter e Marx nos mostram como o valor de uso vira valor de mercado; como sentimentos viram moeda. Como o capitalismo transforma poesia em dinheiro. Super recomendo!
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Marinho Cabral 15/02/2022

Memórias em o Casaco de Marx
A primeira vez que li ?O casaco de Marx? ainda na faculdade pela indicação de uma professora? a leitura inicialmente muito me maltratou, talvez por relacionar a roupa com as memórias da dor? não sei? me incomodou!

Atualmente, com um olhar mais maduro (talvez) a associação das roupas com referência às memórias e dor me concede mais significado as roupas (principalmente em um tempo que a efemeridade do descartável impera), Peter Stallybrass realmente empresta um viés poético as durezas da vida? nos convidando as reflexões das memórias e as marcas que estas deixam em nós, em nossas roupas, os desgastes e as marcas que deixamos para nossos entes queridos.

A leitura é rápida, 110 páginas distribuídos em 3 didáticos capítulos a cerca das reflexões das memórias e das dores que as acompanham, o texto não fala só de dor, ao contrário, desmistifica experiências, resistências, esclarece, informa e principalmente, nos sensibiliza a outros olhares.

O autor, de forma fluída esclarece as questões da memória, direciona-se para parte da história de vida de Marx durante a escrita de 18 Brumário e O Capital, por fim, contextualiza o caminhar?

Quero ler de novo, daqui mais uns anos talvez, para experimentar o que a sensibilidade me escapuliu?

A leitura é considerada cult, a vejo como uma leitura informativa, traz aspectos e abordagens de pesquisa associando as histórias dos personagens, o que propicia relativa leveza.

A dor é abordada em perspectiva de partida, uma outra face do luto. Vale a pena a leitura!

Sobre ?O casaco de Marx? vou ficando por aqui? Eu cá com meus botões, e as minhas reflexões! ?
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