Luiza Helena (@balaiodebabados) 28/09/2020Originalmente postada em https://www.balaiodebabados.com.br/Quando saiu as primeiras reviews sobre Mexican Gothic, ele já entrou no meu radar para futuras leituras. Eis que a Darkside anunciou que iria lançar por aqui e decidi adiantar ele na lista, para ter certeza se valia realmente a pena adquirir a edição. Bem... então né...
Mexican Gothic tem como pano de fundo o México nos anos 50. Infelizmente não é visto muito da cultura mexicana, já que a história toda se passa em uma casa isolada no interior do país cujos donos - os Doyles - são descendentes ingleses, chamada High Place. Ou seja, caso não fosse dito a localização da casa, você poderia imaginar essa história se passando em qualquer lugar além do México. Nem a própria base do suspense/terror da história tem a ver com a cultura mexicana e, visto que a autora é mexicana, ela perdeu uma grande oportunidade ali, na minha humilde opinião.
Sobre a protagonista Noemi, é dito que ela é bem impetuosa, um pouco teimosa e bastante determinada, mas infelizmente não consegui enxergar além do teimosa e um pouco mimada. Desde o início, Noemi percebe que há algo de estranho não somente na casa mas com todo mundo que mora nela - inclusive com sua prima, mas eu senti que faltou um pouco mais de querer da personagem para realmente ir a fundo em tudo que estava acontecendo.
Logo no início da história, o pai de Noemi diz que ela é a melhor indicada para averiguar a situação visto que ela é um tanto intimidadora e consegue as coisas do seu jeito. A verdade é que achei Noemi um tanto conformada com algumas situações que lhe eram impostas pelos parentes do marido da sua prima. Ela hesita suas ações baseada no fato de ser hóspede e ter que seguir as regras da casa, o que até entendo por questão de educação. Mas a partir do momento que 99% das vezes que ela pede para ver a prima e esse pedido era negado, eu esperava um pouco mais de ação da sua parte pois está escrito em neon que algo muito de estranho está acontecendo.
Quanto aos Doyles, de primeira dá pra perceber que há algo errado com tudo ali. Afinal, uma família morando em uma casa isolada em cima de uma colina rodeada por névoa nunca é coisa boa... Ao longo do livro, sabemos que eles escondem mais que aparentam. Suas atitudes, suas conversas, suas personalidades... tudo grita FOGE QUE É CILADA. Nesse ponto, a autora super acertou porque de todos, exceto por Francis, você percebe aquela vibe estranha que faz arrepiar e nem querer ficar no mesmo recinto que o personagem.
Até mais ou menos 40% do livro, o ritmo é um tanto lento já que não acontece muita coisa, a não ser Noemi andando de um lado pro outro naquela casa estranha e tentando alguns encontros com sua prima. A partir daí a autora começa a jogar algumas informações sobre a verdade por trás dos Doyles. Silvia até soube trabalhar bem o suspense nessas situações, mas as revelações em si me pareceram um pouco confusas.
Mexican Gothic vai realmente pegar no tranco lá pelos 70% do livro, o que faz com que algumas coisas seja bastante atropeladas e rápidas ao mesmo tempo que se seguiu um pouco de enrolação até chegar no conflito real do livro. Silvia também tenta uma espécie de romance entre Noemi e Francis que, na minha opinião, super desnecessário. Infelizmente, dessa vez fui enganada pelo hype e pela boa premissa, já que minhas expectativas passaram longe de serem atendidas durante a leitura.
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