O templo

O templo Stephen Spender




Resenhas - O templo


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Léo 06/09/2020

Vazio
É difícil analisar um livro específico como esse. Trata do período entre guerras, numa Alemanha em transformação, vivido por jovens ingleses e alemães ricos.

Não sei se é pela narrativa da época, pelo estilo do autor ou pela tradução, mas os diálogos são monótonos e a história em si é estranha.

Não existem acontecimentos expressivos e o relacionamento entre as personagens é mal descrito ou, se descrito, raso.

Temo que a sensibilidade do autor, louvada em outras resenhas, se perdeu na tradução.

A leitura é arrastada e não tive vontade em acompanhar, já que nada acontece.

O pano de fundo da Alemanha se tornando nazista é mais falada pelas personagens do que vivida nos acontecimentos do livro.

Personagens ingênuas, ocasionais, com relações que não soam verossímeis.

Talvez haja dificuldade para nós entendermos a sociedade descrita da época. Acredito, porém, que o livro em si não faz um bom trabalho para descrevê-la.
Fernanda 03/10/2020minha estante
Não sei se é a escrita do Spender ou a tradução que é muito ruim, mas achei os diálogos superficiais e as personagens muito caricatas.




bobbie 17/06/2020

Crônica em romance semi-ficcional.
Um livro polido, de palavras medidas como exigem as métricas poéticas. Um registro de amizades e situações que moldaram a vida e obra de Stephen Spender. Esta obra demorou quase 80 anos entre o começo de sua escrita e os reparos finais, quando finalmente pôde ser publicada. Aqui, personagens fictícios, entre ingleses e alemães, tomam a pele de suas contrapartes de carne e osso, das relações vividas por Spender enquanto jovem, que influenciaram sua vida como poeta, ensaísta e romancista. Situado no período entre guerras, somos apresentados a jovens idílicos, que sonham em aproveitar a vida e apurar seus talentos (Spender/Paul, enquanto escritor e poeta; Herbert List/Joachin, enquanto fotógrafo). De teor hedonista e erótico, o temos aqui são jovens descobrindo e experimentando sua (homo)sexualidade, em especial numa Alemanha que já começa a mostrar os sinais do Partido Nazista. Leitura ao mesmo tempo leve, poética e assustadora, quando vemos nos sinais de outrora, sinais atuais. A se pensar.
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Euler 23/12/2020

Foi uma longa leitura, atribulada pelo meu desânimo e as demandas trabalhistas que só me mostram que escrever e ler é ainda um privilégio. O Templo narra a história de um poeta inglês chamado Paul que vai a Alemanha em dois momentos, a primeira após a Primeira Guerra Mundial, e a segunda pouco antes da Segunda Guerra. Na primeira, vemos as relações que se estabelece entre o escritor e outros jovens e suas experiências homoeróticas; na segunda, o clima muda totalmente e temos um retrato do crescimento do nazismo. Nessa segunda parte, foi inevitável não pensar no bozonazismo, já que o livro demonstra como o movimento crescia por negligência e por uma certa descrença que tamanho absurdo avançasse, até mesmo as pessoas afetadas com o ideário acabavam sendo coniventes - qualquer semelhança com Brasil pós-golpe, é verdade. A narrativa se inspira nas viagens que o autor fez nessas épocas, e o que o livro perde enquanto desenvolvimento narrativo, ganha em registro do período histórico ??
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Marcelo 31/05/2022

Resenha publicada no Booksgram @cellobooks ?
O livro ?O templo? é considerado um clássico moderno, muito por retratar a homossexualidade durante a o pós guerra e no início da fase da Alemanha Nazista. Também ganhou este destaque por envolver algumas grandes personalidades: W. Há Auden, Christopher Isherwood, Herbert Litz e o próprio autor, Stephen Spender.

Trata-se do que o autor denomina como uma ficção autobiográfica. ?O templo constitui, então, um complexo de memórias, ficção e percepção tardia? Isso porque o autor redescobre um manuscrito que ele mesmo teria escrito durante o final da década de 20 ? anotações sobre uma viagem que fez para Hamburgo em 1929 onde conheceu Herbert Litz e (que no livro ele chama de Joachin e outros amigos, onde teve sua primeira relação sexual, o contato com a vida homossexual e bissexual, a descoberta de um mundo diferente do qual vivia em Londres e que mudaria sua vida para sempre.

Sobre esse manuscrito, o autor relata que já não se lembrava dele. Conta que o havia vendido naquela época e que foi encontrado então numa biblioteca pública. Tendo entrado em contato, solicitou copia do manuscrito, e partindo daí, recriou, com base em suas memórias e nas anotações do manuscrito, a primeira parte do livro, referente à essa viagem e as vivencias em Hamburgo de 1929. A Segunda parte apresenta a volta de Paul (Stephen Spender) à Hamburgo em 1932, o reencontro com os amigos, a mudança que todos tiveram em suas vidas, a transformação dessas pessoas, a constatação de que tudo passou e não será mais o mesmo que viveram.

De forma geral achei o livro bem parado, monótono e as vezes enfadonho (principalmente a primeira parte). A segunda parte apresenta o contato com o nascimento de grupos nazistas em que alguns de seus conhecidos começam a aderir, e isso sim é algo interessante e dolorido de se ler.

Para quem leu ?A Montanha Mágica? de Thomas Mann, vai entender quando eu digo que é um livro bom mas monótono, pois tem sua poesia, embora sem grandes emoções.
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Luccas.Soares 08/07/2021

Acredito que, ao contrário de muitas resenhas que vi de pessoas que acharam "chato" demais, ao ler aos poucos, fui refletindo melhor sobre a história.
Para além da premissa e da valorização da amizade e descoberta da sexualidade, fiquei fascinado com a vida dos artistas dessa geração tão específica do entre guerras. Digo isso porque os personagens são em parte baseados em eventos e pessoas reais, como Auden, Isherwood, List e o próprio Spender.
Confesso que trechos do livro em alemão por vezes me irritaram pela falta de tradução, apesar de se entender tudo pelo contexto. Não sei se foi uma escolha do tradutor deixar assim ou da edição.
Em outro ponto, me assusta a similaridade dos fatos da ascenção nazista na Alemanha e os tempos que vivemos no nosso país. Os relatos e falas de alguns personagens na segunda parte do livro fazem pensar o quão perto estamos de algo que já aconteceu mas que parece ter fugido da memória da sociedade. A reflexão é valiosa!
Marcos Ogre 08/07/2021minha estante
Nossa, quero tanto ler esse livro!


Luccas.Soares 08/07/2021minha estante
Marcos eu gostei bastante, mas tem que ter paciência se for ler rápido pra que não fique arrastado demais. A história é linda na primeira parte e bem melancólica na segunda, apesar de não ter um evento em particular na vida dos personagens que faça isso. É bem diário mesmo. Mas vale a pena!!


Marcos Ogre 08/07/2021minha estante
Ah, eu em geral leio devagar mesmo hahaha até gosto de livros mais densos, tô bem interessado!


Luccas.Soares 08/07/2021minha estante
Ahh espero que não se decepcione então. Vale super!!??




Diego / @blogdiscolivro 29/03/2022

Autobiografia romanceada / um sensível registro entre guerras
Stephen Spender foi um poeta, ensaísta e romancista inglês, nascido em 1909, na cidade de Londres. Em sua trajetória, cultivou diversas amizades no meio literário e artístico com pessoas como T. S. Eliot, Ernst Hemingway, Pablo Picasso e, principalmente, com os escritores W. H. Auden e Christopher Isherwood, com os quais teve uma estreita relação nos tempos de faculdade, em Oxford, relação essa que impactou profundamente sua vida e obra. Tendo se envolvido com homens e mulheres ao longo de sua vida, sua sexualidade sempre foi alvo de polêmica. Na década de 30, se posicionou contra a ascensão do nazismo e durante a Segunda Guerra atuou nas brigadas anti-incêndio de Londres. Chegou a flertar com os ideias comunistas mas acabou se afastando do movimento no período pós-guerra, se tornando voz ativa na luta contra qualquer tipo de censura, discriminação e asfixia social. Lecionou na University College London e, em 1983, recebeu o título de cavaleiro da Coroa inglesa. Faleceu em 1995, em sua terra natal.

Inspirado no verão de 29 passado na Alemanha ao lado dos amigos Auden, Isherwood e do fotógrafo Herbert List, "O Templo" começou a ser concebido em 1929, em formato de diário. Acusado de ser pornográfico e imoral, foi recusado pelo editor e acabou por ser engavetado. Posteriormente, foi vendido a uma universidade e redescoberto por um pesquisador somente na década de 80. Recuperado o manuscrito, Spender decidiu reescrever o livro em formato de romance e assim "O Templo" foi finalmente publicado em 1988, quase sessenta anos depois de iniciado.

Autobiografia romanceada, a obra retrata a visita de Paul, alter ego de Spender, a Alemanha. A convite do amigo Ernst, Paul deixa pra trás uma Inglaterra moralista para desfrutar a liberdade da República de Weimar. Ao desembarcar em Hamburgo, o jovem poeta explora os prazeres da carne e acaba tendo uma espécie de despertar homossexual. Na companhia dos amigos Ernst, Joachim e Willy (todos eles alter egos dos amigos de Spender), Paul passa os seus dias tomando banhos de mar e, de café em café, ingressando em acalorados debates sobre poesia, música, fotografia, arquitetura e arte em geral. Com toques de romance de formação, a obra nos permite acompanhar de perto suas descobertas do corpo e também sua formação como artista.

O livro é dividido em duas partes com títulos bem significativos. Em "Os Filhos do Sol" temos jovens cheios de energia rolando na areia debaixo do sol escaldante, tudo é bonito e colorido, remetendo a uma efervescente fase de descobertas. Já "Rumo à Escuridão", extremamente triste e melancólica, é um total contraponto. Aqui, Paul volta à Alemanha três anos depois, mas já não encontra o mesmo país. Em vez da ensolarada Alemanha de outrora, o poeta encontra um país desolado, no auge do inverno e se vê obrigado a passar os seus dias enfurnado em um apartamento embolorado. As ruas estão tomadas pelo ódio e pela tensão: há perseguições e assassinatos à luz do dia. Pessoas dispostas a fazer de tudo para "purificar a Alemanha" começam a sair dos esgotos e a destilar seu veneno, revelando o que há de pior no ser humano. Paul e seus amigos ainda não sabiam, mas a Europa estava prestes a mergulhar na mais profunda escuridão. Hitler aguardava para entrar em cena, mas a perseguição aos judeus e aos homossexuais já começava ali.

O livro de Spender é um sensível registro que nos permite, através de uma perspectiva mais intimista, perceber o quanto um conturbado período político é capaz de afetar nossas vidas. O nazismo não é o foco da historia contada aqui, mas é triste ver como este é capaz de transformar as relações, sejam elas amorosas ou de amizade. Até mesmo um dos amigos de Paul que abominava a política e que nem mesmo exercia seu direito de voto, acaba sofrendo consequências. É aquilo: Você pode até tentar permanecer indiferente ao que acontece à sua volta, mas aquilo que acontece à sua volta não permanecerá indiferente à você. A leitura não deixa de ser poética, embora tenha achado exageradamente descritiva em alguns momentos. Mas vale lembrar que este não é um romance em seu formato tradicional. É, no fundo, uma autobiografia. Então, não vamos encontrar muita ação nem grandes plot twists por aqui. Logo, esse não é o tipo de livro que eu indicaria para todo mundo. Ainda assim, acredito que essa seja uma leitura importante de se fazer, pois além de um belo retrato da vida de Spender, a obra também funciona como registro de uma conturbada época entre guerras.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Douglas 24/06/2020

Sobre cotidianos nada distantes
A premissa do livro é muito interessante, logo que vi o resumo fiquei intrigado pela história e, admito, a capa também me chamou bastante atenção. Aproveitei a promoção da Editora 34 para adquirir um exemplar e assim que chegou comecei a leitura. No início, fiquei extremamente decepcionado, as primeiras páginas do livro me pareceram muito pretensiosas, tive a impressão que o autor achava que o simples fato de seus personagens citarem poetas conceituados e referências "cult" já os tornaria interessantes, erro cometido por muitos jovens escritores por aí rs. Temi que a narrativa continuasse apoiada nesse mecanismo que me irrita bastante, mas felizmente não foi o que aconteceu. Logo que ele deixa de se esforçar para tentar nos convencer da excêntricidade e intelectualidade de seus personagens e se debruça mais sobre as suas experiências de viagens para Alemanha em dois contextos diferentes, a narrativa flui. Foi por isso que resolvi escrever esse pequeno comentário, espero que se alguém buscar algum incentivo para continuar a leitura, eu possa ajudar. Não pretendo falar sobre a história em si, o resumo do skoob já é suficiente, mas deixo aqui alguns elementos que me agradaram bastante no livro e que me proporcionaram boas reflexões. O primeiro são as experiências homossexuais do autor/personagem principal, a naturalidade ao trabalhar a questão, trazendo problemáticas que vão para além da "aceitação", relacionandas com corpo e afetos foi muito importante para mim. O segundo é a amizade, o livro não se foca só nos relacionamentos amorosos do personagem principal, mas como ele foi desenvolvendo amizades ao longo dessas duas viagens que o marcaram fortemente, são cenas muito bonitas. Inclusive, a foto da capa foi tirada por um amigo do autor que inspirou o personagem Joachin, meu favorito. O terceiro elemento é o contexto histórico que a história se passa, a primeira viagem à Alemanha é feita durante a República de Weimar, momento de conquistas importantes para liberdades individuais, para as artes, cultura, etc; a segunda viagem já é feita no momento de derrocada desse regime, em que os ideais nazistas começaram a ganhar cada vez mais espaço no imaginário das pessoas e a transformar relações. O fato de o autor ter narrado essas questões de maneira "cotidiana", sempre através de suas próprias experiências, aumenta nossa conexão com o livro e possibilita boas reflexões entre suas vivências e as nossas, tanto sociais, quando individuais. Espero que consiga ajudar eventuais leitores que possam ter empacado no começo da história ou, até mesmo, instigar algumas pessoas a buscarem por ela.
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Augusto Queiroz 16/06/2022

Um retrato de uma Europa maluca
Com a linguagem claramente dos clássicos, aquela linguagem um pouco arcaica, porém lindamente trabalhada nos anos 1930, este romance faz um passeio pela Alemanha entreguerras. Com uma linguagem linear e um pouco confusa, o autor, que iniciou o relato nos anos 1920, e depois de ter praticamente esquecido por mais de 60 anos, vindo apenas a termina-lo no final dos 1980, publicando-o em 1988, narra as desventuras de quatro amigos que viajam pela Alemanha pós I Guerra, e um detalhe, os quatro estão bastante inseguros quanto à sua homossexualidade. Eles refletem por várias páginas, até realmente dar na cara os ciúmes e as possessões entre cada um. O autor traz um panorama de uma sociedade na qual qualquer fato relacionado à sexualidade significava brincar com o perigo. Dividido em 2 partes, a primeira, alegre e inocente. Na segunda, vem a desesperança naqueles personagens.

Leitura dentro do programa de leituras LGBT, sendo a 3ª indicação. Recomendo pela contextualização, mas a história em si leva tempo para conquistar o leitor.
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Edgar 24/06/2020

A calmaria que antecede a tempestade
A leitura deste livro remete a dias ensolarados, jovens sonhadores, sexualidade aflorada e muita bebedeira. A obra autobiográfica de Stephen Spender oferece um panorama da Alemanha pós primeira guerra, onde apesar de todas as dificuldades, era um pólo de liberdade que atraia jovens artistas à procura de um ambiente liberal e cativante. A prosa flui com naturalidade e apesar da descrição de situações corriqueiras, não deixa de ter sua beleza na simplicidade dos acontecimentos.
O contexto do livro (período entre guerras) pode se encaixar perfeitamente no cenário político / social atual, onde a maré de liberdade vigente é sucedida pelo surgimento de ideologias extremistas e líderes despóticos (alô Brasil???).
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Francisco 16/11/2023

Quando a política nos transforma no pior...
Spender faz um contundente relato de seu período na Alemanha, sua paixão pela República de Weimar, a situação nada pudica como na Inglaterra. Apesar de o narrador esclarecer que dispunha de pouco dinheiro, ainda é evidente que eram privilegiados pois ainda usufruíam de certos valores que proporcionavam uma distinção.
Gostei muito de poder ler sobre essa atmosfera LGBT daquele período, fiquei a imaginá-los o tempo todo. Também foi bem triste perceber como várias daquelas pessoas que conviviam, eram bon vivants, foram caindo gradativamente na ideologia nazista. O ódio vai se disseminando e impregnando, triste.
Uma leitura bem agradável, recomendo.
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