Chiquinha Gonzaga

Chiquinha Gonzaga Edinha Diniz




Resenhas - Chiquinha Gonzaga


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Henderson 26/01/2011

Para mim uma boa biografia deve ter duas qualidades básicas: explicar o contexto da época em que o biografado viveu e dar informações precisas e se possível isentas sobre o mesmo. Bem, o livro de Edinha Diniz é brilhante em um desses quesitos e falho no outro.

A parte boa é a explicação do contexto em que surgiu a obra de Chiquinha Gonzaga. Como a mistura de polca, maxixe, tango brasileiro (não é igual o tango argentino) e lundu deu origem ao samba ? Porque o Rio de Janeiro era conhecida como “a cidade dos pianos” ? Todas essas questões são abordadas no livro. Inclusive há capítulos em que Chiquinha Gonzaga sequer é citada, e a autora recua até a época de Dom Pedro I para explicar as origens do que aconteceu na época dela.

Mas, quando se trata de retratar a biografada, a autora comete alguns deslizes. Primeiro porque ela insiste em dar um tom feminista radical para defender as atitudes tomadas por Chiquinha. Sim, está certo que ela foi uma pessoa a frente do seu tempo, que enfrentou a sociedade patriarcal da época, mas fazer dela uma mártir do seu tempo é um pouco de exagero, na minha opinião.

Outro ponto falho é que a autora fica “cheia de dedos” para criticar algumas atitudes digamos, estranhas de Chiquinha Gonzaga, principalmente no fim da vinda, quando tornou-se arrogante e deixou de ajudar até as próprias filhas. Enquanto para louvar os méritos de Chiquinha a autora faz uma boa análise dos fatos, quando chega a essa parte ela simplesmente “passa por alto” quase como se esse fosse algo sem importância na vida dela.

Outra característica do livro que pode desagradar alguns, mas que eu acho até interessante, é o gosto da autora por frases pomposas, rebuscadas. Por exemplo: ao explicar a importância dos negros para a formação da música popular brasileira, Edinha Diniz se saiu com essa:

Portanto, é a partir da década de 1870 que podemos falar de uma cultura melaninada, onde o pigmento fundamental a singularizá-la foi o do elemento negro.

Outro detalhe estranho no livro é que autora cita as suas fontes ao longo do texto, e não como notas de rodapé. Isso atrapalha o fluxo da leitura e você tem que ficar pulando várias linhas para pegar novamente o fio da meada. Chega a ser irritante em algumas páginas quando a autora cita várias fontes seguidamente. Custava usar notas de rodapé ?

Veredito final: uma boa biografia, mas poderia ser melhor se a autora se preocupasse menos em defender Chiquinha Gonzaga e mais em contar a história dela.
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Cali 12/10/2015

Vale a pena!
O livro é uma mistura da vida da compositora e maestrina com as mudanças culturais que ocorreram na época. A música de Chiquinha sofreu muita influência do contexto histórico e não tem como falar de uma coisa sem a outra. A história dela é uma inspiração de vida.
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Gabrielle 15/02/2024

Magnífico!
É muito importante trazer à tona as histórias de personagens centrais na nossa formação cultural. Apesar de vincular o nome de Chiquinha Gonzaga ao famoso Ó abre alas, eu pouco sabia sobre toda sua história (e o quanto ela estava atrelada à história macro do Brasil). Sem dúvidas precisamos falar mais sobre Chiquinha e sobre as incontáveis contribuições suas para nossa vida cultural e social. Pioneira não apenas na música, mas também na ideia de direitos autorais, na luta abolicionista e no protagonismo feminino. A obra em si traz inúmeras referências bibliográficas de estudiosos da História, da Sociologia e da Música. Incrível apanhado, sou muito feliz por ter lido.
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Giro Letra 04/06/2011

Chiquinha Gonzaga: uma história de vida
"Pois, senhor meu marido, eu não entendo a vida sem harmonia"

Há algum tempo, li um livro maravilhoso: Chiquinha Gonzaga: uma história de vida. Trata-se da biografia da primeira maestrina brasileira, Francisca Edwiges Neves Gonzaga, ou, simplemente, Chiquinha Gonzaga. O livro foi escrito por Edinha Diniz, baiana que, a partir de 1977, começou uma extensa pesquisa sobre esta mulher tão singular que foi Chiquinha Gonzaga. A pesquisa foi realizada em três diferentes lugares, Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, e resultou na publicação desse livro, que é mais do que uma simples biografia. Ele representa um estudo da vida e obra da maestrina e compositora, tendo como plano de fundo a história do Rio de Janeiro do século XIX vista da perspectiva do homem comum, das baixas camadas sociais. Por isso mesmo, representa, para nós, leitores, uma viagem pela vida de Chiquinha Gonzaga, lembrada mais constantemente pela autoria da marcinha "Ó abre alas", e também pela história do Rio de Janeiro, mais especificamente da Música Popular Brasileira.

Chiquinha Gonzaga (1847 - 1935) era mestiça, filha de mãe negra e pai branco. Nasceu numa época em que esse tipo de relação (homem branco e mulher negra) era repudiada. Com Chiquinha, porém, isso foi diferente. O seu pai, general José Basileu Gonzaga casou-se discretamente com dona Rosa e, dessa forma, Francisca teve acesso à melhor educação da época, que incluía, além de leitura e estudo de outros idiomas, música. Daí, desde a infância, ela demonstrou uma incrível facilidade e uma verdadeira paixão pelo piano e pela música em geral. Como costume da época, teve seu casamento planejado pelo pai, que escolheu, para esposo da filha, o jovem Jacinto Ribeiro do Amaral, o qual é, irrevogavelmente, contra o "capricho" da mulher.

"Considerando a natureza de sua personalidade, a música representava um meio de manifestar e extravasar seu temperamento e manter sua vontade própria. Compreensivo, portanto, que provocasse ciúmes ao marido e chegasse mesmo a desafiá-lo. Jacinto o encarava (o piano) como um forte rival; proporcionava a sua mulher devaneio, alegria e uma forma de afirmação de sua vontade. E isso era incompatível com o comportamento austero, submisso e abnegado que ele lhe exigia."

Dessa forma, Chiquinha viveu constantes conflitos na sua relação conjugal. O marido, querendo fazer valer seus direitos de patriarca e marido a quem a mulher deve total submissão, teve um último artifício para manter a mulher debaixo de suas ordens: resolveu levar Chiquinha em suas viagens realizadas com o navio São Paulo, no qual carregavam-se escravos "voluntários" da pátria para combater na Guerra do Paraguai. Depois de diversas viagens em que ela era tão ou mais escrava que os negros transportados pelo navio, o marido a mandou escolher entre a música e ele. Depois da escolha tomada, ela abandonaou o marido sem receber o apoio da família, mas foi obrigada a voltar depois de descobrir que estava pela terceira vez grávida (o primeiro filho, João Gualberto, nascera pouco depois do início do casamento e sempre a acompanhava nessas viagens, a segunda, Maria, recém-nascida, encontrava-se com a avó, dona Rosa). Descobrindo-se grávida, Chiquinha se vê obrigada a retornar à convivência com o marido, mas, mesmo o nascimento do terceiro filho, Hilário, não mudou em nada sua relação com o marido, de modo que ela decide mais uma vez se separar dele. Sai de sua casa apenas na compainha de seu primogênito, deixando Maria aos cuidados dos avós e Hilário fica sob a responsabilidade de uma tia-avó paterna.

A partir daí, ela começou sua carreira musical, rodeada de escassez de todo o gênero, uma vez que a atitude tomada por ela não era aceitável na época. Sua primeira música foi a polca Atraente, que data de aproximadamente 1876. Esta foi ao mesmo tempo muito bem recebida por uns, pela sua qualidade e pioneirismo, e muito criticada por outros, que diziam ser uma polca muito provacativa (pois o título, segundo diziam, fazia referência aos atributos físicos da compositora, fato totalmente impróprio na época).

A partir daí, suas composições não pararam. E Chiquinha Gonzaga teve que se dividir entre sobreviver de um trabalho ainda não aceitável para as mulheres, desenvolver novas habilidades, criar seu filho e viver novos amores.

Essa história de vida, bem como toda a evolução da MPB e cultura do Rio de Janeiro são contadas de maneira contagiante, resultado de uma ampla pesquisa. A pessoa que lê esse livro e conhece a história dessa tão fantástica mulher é incapaz de não se tornar admiradora dela, Chiquinha Gonzaga, que se tornou um exemplo impressionante de determinação e superação de barreiras.

Patrícia Tavares
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Nat 29/10/2019

Que biografia! Lembro de ficar fascinada com a história de Chiquinha Gonzaga depois de assistir a série produzida pela Globo em 1999. As fotos, que fazem parte do acervo da família, são mais um chamariz para o livro. Só para constar: este não é o livro que inspirou a série: o livro em questão é de autoria de Dalva Lazaroni de Moraes, Chiquinha Gonzaga: Sofri e Chorei: Tive Muito Amor (a autora moveu um processo contra a Globo porque a emissora não lhe deu os devidos créditos, mas acabou falecendo antes do resultado do julgamento. Para saber mais sobre essa história, basta clicar aqui). Uma leitora prazerosa, como poucas. Livro indicado.

site: https://ofantasticomundodaleitura.blogspot.com/2019/10/lendo-o-brasil-bahia-chiquinha-gonzaga.html
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Lu Tibiriçá 16/06/2021

Biografia da música brasileira
A história de vida de Chiquinha Gonzaga se mescla o desenvolvimento e a cultura musical brasileira. O livro inicia com a biografia de Chiquinha e termina com a história da música e dos compositores brasileiros, assim como de suas lutas por reconhecimento e direitos.
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