Vitor 10/02/2024
Um quadrinho de vampiro que falta dente pra morder o leitor
Sou admirador do trabalho de Danilo Beyruth desde Necronauta, Bando de dois e seu incrível trabalho nas Graphics MSP do Astronauta. Mas aqui, para mim, o Danilo entrega uma de suas obras mais insossas em muito tempo (e olha que ?Shirô? é bem fraquinha).
Love Kills é uma interpretação do Danilo Beyruth sobre vampiros. Trata-se de um quadrinho repleto de ação e sangue, mas que, em quase 250 páginas de duração, acaba falando muito pouco e recaindo em clichês para justificar cenas de ação.
O quadrinho é protagonizado por Helena, uma vampira poderosa, que vive de forma solitária na cidade de São Paulo (mas que poderia ser em qualquer outro lugar, uma vez que a cidade praticamente não é explorada na obra), sem nenhuma empatia em relação a humanidade. Um clichê bem comum, especialmente em obras de vampiros. Durante a história, descobrimos sobre um grupo de outros vampiros que desejam atacar Helena por um motivo bastante mal explicado e, neste ínterim, um cozinheiro humano acaba se envolvendo (sabe Deus porque).
O principal problema de Love Kills é que tudo é tão corrido e explorado de forma superficial, que você acaba lendo a obra sem conseguir se importar com nada. Helena não é cativante o suficiente para segurar a história ao redor dela, falta desenvolvimento para a personagem se tornar interessante ao leitor. O Marcus (o humano) está ali sem nenhum motivo que justifique a sua presença e a relação entre os dois é corrida e mal explorada (ao ponto onde eu me pergunto onde está o ?Love? do título da obra). Por fim, toda a trama ao redor dos vampiros que estão caçando a Helena não é bem desenvolvida, deixando claramente uma impressão de termos ou um lore raso e bastante pretensioso ou uma tentativa de emplacar uma continuação, que parece não ter ido pra frente.
A sensação final é de ter assistido um filme bobo, mas com boas cenas de ação. Falta dente (com perdão do trocadilho), em Love Kills, que finaliza sem conseguir morder nada.