Roberta - @rkrutzmann 12/11/2014{Resenha} GoneDescobri a série Gone através de um feed de blog, no final da resenha estava dito que a pessoa não entendia como a série não era conhecida aqui no Brasil porque é fantástica, e, obviamente, isso me chamou atenção, porque eu adoro livros desconhecidos, mais do que isso, gosto de divulgar livros desconhecidos para fazer com que ganhem o reconhecimento que merecem, e bom, ao terminar Gone eu tive que concordar com a autora da resenha.
"- Aconteceram coisas ruins com todos nós - disse Sam. - Algumas muito ruins. Estamos arrasados, estamos cansados. Não sabemos o que está acontecendo. O mundo inteiro ficou estranho para nós. Nossos corpos e nossas mentes mudaram de maneiras mais estranhas ainda do que a puberdade."
Gone começa com Sam no meio de uma aula, com a cabeça em qualquer outro lugar, menos no que o professor estava falando, porém o fato dele desaparecer enquanto escrevia algo no quadro chama um pouco a sua atenção. No início seus colegas acharam graça, não entendendo o que tinha acontecido, até que começaram a escutar gritos nos corredores e descobrirem que não foi só o seu professor que havia sumido, foram todas as pessoas com mais de 15 anos.
"- Quero começar seguindo a barreira e vendo se, por acaso, simplesmente existe algum portão grande. Talvez a gente atravesse o portão e todo mundo esteja lá, sabe? Minha mãe, seus pais, Anna e Emma.
- Os professores - sugeriu Astrid.
- Não attuíne uma imagem feliz."
Astrid, uma garota por quem Sam sempre tivera uma queda, entra na sala deles dizendo que seus colegas e professores haviam desaparecido, e como não existia uma explicação lógica para isso ela estava em pânico, afinal, ela era um gênio e tudo que envolvia lógica ela entendia. Dessa forma Sam, Astrid e o melhor amigo de Sam, Quinn, se juntam para tentar compreender o que estava acontecendo.
"Muitas crianças foram para suas casa vazias, mas outras precisavam ter pessoas à sua volta. Algumas encontravam conforto na multidão. Algumas só precisavam ver o que estava acontecendo."
A maioria das crianças de Praia Perdida, depois rebatizada de LGAR pelas crianças, começa a se juntar na praça da cidade, e é quando elas percebem um incêndio no prédio ao lado da creche. Sam, que uma vez já havia dado uma de herói, entrou no prédio para tirar a menina que estava lá dentro, porém quando a encontrou, ela lançou fogo pelas mãos e quase o matou. Mas seu instinto o defendeu, lançando nela o seu poder escondido.
"- Eu consigo... cara, sei que parece que estou doido, mas, às vezes, uma luz pula das minhas mãos.
Quinn soltou uma risada.
- Não, cara, isso nem é maluquice. Maluquice é você dizer que é melhor do que eu surfando. Isso aqui é insanidade. Isso é piração demais."
Depois do incêndio as crianças olham para Sam com expectativa, esperando dele uma liderança que não o interessa. Por isso, quando Astrid perguntou se ele queria ir com ela procurar seu irmão mais novo, ele não hesitou em ir com ela.
"- Você é uma dessas pessoas, acho. Segue na vida, tipo, só vivendo. Mas, quando alguma coisa dá errado, lá está você. Aparece e faz o que tem de ser feito. Tipo hoje, no incêndio.
- É, bem, para dizer a verdade, meio que prefiro a outra parte. A parte em que só vivo a vida."
A história é contada em terceira pessoa, várias vezes a narração troca de personagem, dessa forma conhecemos Lana. Uma adolescente que estava a caminho do sítio do avô, como "punição" dos pais por ter dado bebida para o seu namorado. Porém, do nada seu avô some e o carro que ele estava dirigindo capota para fora da estrada, deixando Lana com ferimentos muito graves, tendo como companhia somente o seu cachorro. E é neste sofrimento que ela descobre seu dom.
"- Ele também é - acusou Quinn. - É uma aberração.
- Ele não sabe o que faz - disse Astrid.
- Isso não é exatamente tranquilizador - reagiu Quinn. - Qual é o truque dele? Dispara mísseis pela bunda ou algo assim?"
Gone é um livro incrível. Confesso que é meio estranho ver crianças sendo obrigadas a se comportar como adultos, porém ali elas não tinham escolha, pois surgiu uma parede ao redor de Praia Perdida, impedindo que qualquer pessoa saísse ou entrasse na cidade. Também descobrimos que algumas pessoas tem poderes escondidos e outras fazem questão de não esconder, de forma que possam assumir o controle e se aproveitar dos mais indefesos, colocando as crianças em seu limite, pois já estão sem seus pais e ainda tem os "valentões" se aproveitando deles.
"- A cinco diz que todos temos de ajudar Mãe Maria na creche, dar o que ela pedir e ajudar sempre que precisar. Certo. Bastante justo. Seis: não matarás.
- Verdade? - perguntou Quinn.
Sam deu um sorriso triste, como fazia quando estava cansado de ficar furioso e esperava que todo mundo também estivesse.
- Brincadeira - disse.
- Certo, para de palhaçada e leia.
- Só estou tentando manter o senso de humor enquanto o mundo desmorona ao nosso redor - disse Sam."
O estilo do autor me lembrou muito o Stephen King, até pela história lembrar Under the Dome (resenha aqui), porém o fato de envolver somente crianças acaba te atingindo muito mais forte, afinal é difícil de imaginar algumas cenas de violência sendo feitas por crianças, principalmente as que envolviam Drake. Ele seria o filho perfeito para o Big Jim, de Under the Dome, ou ele cresceu e trocou o nome, porque a mente psicopata é igual.
"- Sam. Você pode fazer alguma coisa?
- Talvez. Tenho uma ideia.
Num sussurro tenso, ela disse:
- Você está falando em...
- Não sei como fazer isso, Astrid, a coisa simplesmente acontece. E esta não é exatamente a hora para eu consultar Yoda sobre como usar a força."
A história é fantástica e envolvente, realmente não entendo porque não é mais divulgada aqui no Brasil, afinal quem não gosta de uma boa ficção? Ainda mais no estilo de Gone que você começa a mergulhar nesse novo universo e não quer mais sair, principalmente por combinar o humor com a tragédia de uma forma tão perfeita. Tenho muitos livros da série pela frente, mas sem dúvida que lerei eles, pois quero muito saber o desfecho disso.
"- Talvez você acorde do lado de fora do LGAR - disse Panda, falando pela primeira vez.
- Talvez acorde no inferno - sorriu Diana. - Que é o seu lugar.
- Eu deveria rezar - disse Andrew.
- Deus, me perdoe por ser um idiota que deixa pessoas morrerem de fome? - sugeriu Diana."
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