spoiler visualizarUiny 09/03/2022
Eu poderia dizer que é a história de um menino de 12 anos que salva o “mundo” enfrentando robôs e humanos para derrubar um muro. Um menino que não para de repetir a frase “A vida é assim” - sério, isso estava me irritando no livro.
Mas, além disso, trata-se de um livro interessante do ponto de vista estrutural. Consegui visualizar várias séries e filmes na narrativa dos personagens, em especial 3% (série brasileira da Netflix) por conta da separação dos “mundos”.
Achei bem curioso como alguns pontos trazidos como um futuro distópico já são tão visíveis na sociedade atual, como o próprio acúmulo de lixo e descarte de tecnologia de forma exacerbada seguindo a lógica da obsolescência programada. Outra questão é a lógica de que robô serve o humano sendo invertida para humano servindo robôs, onde podemos inserir também vários debates sobre escravidão e sobre essa necessidade de que alguém sempre tem que servir alguém.
Esse livro também toca em questões ambientais sensíveis, como a mudança climática permanente que nós estamos causando e que no futuro podemos ser “punidos”. Ao cair uma chuva ácida que causa ferimentos na pele de quem tem contato com a água, um personagem muito sabiamente diz “o céu nos castiga porque nós castigamos o céu primeiro. Quando as coisas voltam, elas nunca voltam do mesmo jeito. A jornada muda tudo”.
Cheguei a essa obra por indicação de uma pessoa para a qual a história da biblioteca foi extremamente marcante e eu achava que esse era o mote do livro, pois ela me disse “o menino descobre que tem livros do outro lado e vai querer passar para ter acesso”, mas na verdade o menino nem sequer acredita que realmente livros existam e muito menos bibliotecas. Mas tudo bem, gostei de conhecer um autor soteropolitano que passeia tão bem pelo cenário imaginário. Irei atrás de outras obras dele!