spoiler visualizarDaniel 03/04/2011
Uma lição de morte.
“Tuesdays with Morrie”, escrito por Mitch Albom, foi publicado no Brasil pela editora Sextante em 1998, com o título adaptado da tradução literal “Terças-feiras com Morrie” para “A última grande lição, o sentido da vida”. No livro, Mitch relata um momento muito especial da sua vida: o reencontro, na forma de catorze encontros destinados à reflexão sobre temas da vida - após vinte anos sem que nenhum contato fosse mantido - com um professor que se tornara quase um segundo pai, tamanho o laço afetivo entre eles nos tempos de universidade, mas que agora perece diante de uma doença terminal, restando-lhe poucos meses de vida. Tendo alcançado rápido sucesso em razão de sua narrativa simples e sincera e dos diálogos cheios de significância que são travados entre Mitch e seu ex-professor, o romance, que também pode ser considerado uma forma genérica dos livros de “auto-ajuda” usuais, está na décima oitava edição.
“Toda sociedade tem seus problemas, Mitch, a solução não é fugir. Precisamos trabalhar para criar a nossa própria cultura.”
A principal responsável pelo sucesso do livro é a linguagem simples e sem rodeios com que se dão as conversas entre Mitch e Morrie, seu ex-professor. “Não importa onde vivamos, o maior problema dos seres humanos é a miopia intelectual. Devíamos atentar para o nosso potencial e nos esforçarmos para alcançar tudo o que podemos ser.” É devido a essa simplicidade que o leitor percebe que o que está sendo debatido, embora o título do livro seja extremamente audacioso, são temas recorrentes no nosso cotidiano, tais como família, religião, cultura e morte, entre outros. Além desse fator, como Mitch usa as conversas para ponderar sobre o modo como levou sua vida nesses vinte anos sem contato, o leitor se vê impelido a fazer o mesmo, criando a interação que, por sua vez, estimula a popularidade do livro.
O romance escrito por Mitch Albom pode ser considerado um livro de “auto-ajuda”, mas uma forma genérica, e não a que usualmente é empregada. Isso porque, ao contrário do que usualmente se espera para livros considerados de “auto-ajuda”, não há, aqui, um diálogo direto entre leitor e autor. O leitor não encontrará indicações de como agir, como se portar e do que valorizar. Essas considerações estão no livro, mas são absorvidas através das conversas entre aluno e professor para serem, então, ponderadas pelo leitor. Além disso, a estrutura narrativa da trama segue uma linha cronológica - até mesmo pela evolução gradativa da doença de Morrie – e o autor narra acontecimentos paralelos aos encontros com Morrie, bem como anteriores, com personagens e locais bem definidos, algo incomum para os livros de “auto-ajuda” tradicionais. Portanto, poder-se-ia classificar “A última grande lição, o sentido da vida” como um romance com tendências para a “auto-ajuda”, configurando, então, um livro genérico, o que não diminui, de modo algum, seu mérito.