Érica | @aquelacomlivros 20/09/2020
(MINHA OPINIÃO ESTÁ NO FINAL)
"Se eu não deixar minhas lágrimas saírem, não vou me afogar por dentro?"
Para seguir com sua carreira de bailarina, Clara muda de cidade, deixando seu pai que sofre com alzheimer e raramente se recorda dela. Sozinha e angustiada, ela tenta se adaptar à nova vida até que sua vizinha lhe conta uma lenda que paira sobre a cidade: O muro que chora.
Há 150 anos, a fazenda Windisle foi cenário de uma linda e trágica história de amor entre uma escrava e um soldado que, por causa do racismo, viveram um romance proibido que eles precisaram manter em segredo. Mais tarde, Angelina tiraria a própria vida por não suportar a dor de ser abandonada por John.
O lugar se tornou um ponto turístico, pois segundo a lenda seu espírito vaga por lá e há quem afirme que os muros da propriedade choram. Então, as pessoas passaram a colocar desejos escritos em papel, através das rachaduras do muro. Obcecada com a lenda, Clara decide ir até lá, mas ela vai descobrir que atrás dos muros existe mais do que uma velha história.
Jonah foi do céu ao inferno e carrega cicatrizes que o fazem se isolar do mundo na decrépita fazenda Windisle e durante seus anos de isolamento, vem coletando os mais variados desejos, até que um deles chama a sua atenção e pela primeira vez em muito tempo, ele se sentirá conectado a alguém.
"Eles eram apenas um rapaz e uma moça sentados de lados opostos de um muro, com uma grande barreira de pedras entre eles, mas mesmo assim seus corações estavam ligados"
Minhas considerações:
Com um toque sobrenatural e uma pitada de O Fantasma da Ópera, Mia Sheridan traz mais uma história sensível, porém previsível e carregada no dramalhão. Angelina e John roubam o protagonismo e eu devo confessar que só me empolguei em ler por causa deles. Infelizmente, me incomodei muito com Clara e Jonah. Os dois não tinham química, foi mais um clichê da mulher perfeitinha e super altruísta que resolve fazer da vida dela uma missão de ajudar um cara super grosso, que mesmo com toda a tragédia, não perdeu a soberba e a vaidade. Ele preferiu se esconder do que se aceitar e o maior dilema não se tratava das feridas internas que carregava, mas das externas que o deformaram. Então, vemos um cara que enrola muito, mas MUITO para simplesmente aparecer para a Clara. O tempo que isso levou, deixou o ritmo lento e por várias vezes parei de ler porque ficamos presos ali naquela mesma problemática que era mais doce do que um problema real.
Outro ponto negativo é a construção dos personagens secundários. A Mia tem essa falha em seus livros e neste não foi diferente. Os poucos personagens que compõem a história, "piscam" entre as páginas. Eles aparecem somente para resolver um dilema de um dos protagonistas e depois somem. Como a cena em que ela liga para o pai (que sofre com Alzheimer e raramente consegue recobrar a memória) e ele magicamente atende completamente são, ela conta de Jonah, ele dá o conselho que ela precisava ouvir e então ele volta a perder a memória. É tão bobo que não dá para acreditar que partiu dela, é como se tivesse preguiça de construir histórias reais para eles.
Se Angelina e John fossem os protagonistas e a história deles, a principal. Então teria sido um livro arrebatador! Contava a história deles e colocava dois bobões de fundo descobrindo os segredos da história, dando um final merecido aos dois. Eu já imaginei isso diversas vezes! kkkkkkk
Enfim, foi uma boa leitura, mas tinha expectativas maiores para essa história. Apesar de tudo o que eu não curti, a história é interessante de acompanhar e vários momentos me senti presa a ela. Lembrando que essa foi a minha experiência, cada um recebe a leitura de um jeito. Pode ser que você nem perceba essas coisinhas, ou perceba e não se importe. Então, de qualquer modo, eu indico a leitura e espero que você aproveite melhor do que eu.