Pandora 19/06/2020
Acompanho a Mulher-Maravilha dos #Novos52! desde 2016 e essa foi uma das minhas piores experiências como leitora. A única coisa boa nessa série é a arte do Cliff Chiang.
Chiang e Azzarello nos contam nos Novos 52! o que ocorreu quando Zeus sumiu do Olimpo, todos os outros deuses começam a caçar uma mulher grávida dele, enquanto o filho Primogênito de Zeus e Hera retornava de seu confinamento no congelamento eterno com o intuito de dominar o mundo e semear sangue nele. No meio dessa trama, Diana se tornou a guardiã de Zola e enfrentantou deuses, deusas, heróis e vilões para proteger a mãe e criança.
A premissa é ótima! Chiang desenhou a heroína exalando força, determinação e liderança, sem recorrer a fetiches masculinos ou poses ginecologicas construindo uma #HQ iconograficamente poderosa. Os Olimpianos são uma das famílias mais disfuncionais e cativantes já vistas. O que poderia da errado? As escolhas narrativas do roteiro poderiam e deram errado.
Azzarello opta por integrar Diana aos Olimpiano como filha de Zeus e discípula do deus da Guerra, destrói a imagem dela como pacifista e filha do desejo da Rainha das Amazonas. Destrói a imagem da Ilha Paraíso como um lugar no qual mulheres convivem em harmonia em clichês machistas de rivalidade feminina, não perde uma oportunidade de desconstruir os as convicções da Mulher-Maravilha, constantemente a coloca em situações nas quais precisa ser salva por homens.
Quando a força de Diana é testada ela falha. Na arte ela lidera, no roteiro é liderada do início até o momento final no qual se descobre que todos foram manipulados. Tudo foi parte de um plano secreto há muito construído, um jogo de peças marcadas.
Em todas as histórias da Mulher-Maravilha existe tensão entre os valores de Themyscira, onde o governo é exercido por mulheres para mulheres, e o mundo do Patriarcado, no qual o governo é exercido por homens para homens colocando as mulheres em posição hierarquicamente inferior. Tradicionalmente a heroína critica o Patriarcado, é símbolo do empodetamento feminino e luta pela paz e igualdade. Azzarello tomou o caminho tão oposto a essa tradição que no final se vê Diana defendendo a ideia de SUBMISSÃO.