Max 18/01/2023
Não palavras para descrever como Fernanda young é esptacular
Sou uma pessoa solitária. Mesmo acompanhada, sinto-me só. E minha natureza, não sei que espirito ruim me possui, ou quais os males que estou pagando, só sei que não consigo viver feliz. E nem mais quero, pois sinto me totalmente despreparada e sem talento para a paz. O que tenho é tédio, tédio de tudo e tudo mais. Quero dormir, mas não consigo. Quero levantar me e andar léguas, mas um sono incontrolável se apodera de mim. Sou assim. Uma pessoa que, por algum motivo misterioso, aprendeu a sofrer e, gostando ou não, viverá sempre assim: sofrendo. Nenhum motivo mais será necessário, nenhuma dor, nenhuma perda. Apenas o dormir ou não dormir, o acordar e o nada a fazer, além ficar na cama pensando sobre os meus pés e os pés de toda a humanidade. Eu, que nenhum talento possuo, que passarei pela vida sem ter cometido uma grande obra. Sem ser herói ou assassino. Passarel pelo mundo como os milhões que já passaram, os bilhões, trilhões de desconhecidos que não tiveram nada para deixar pro futuro. Milhares de rostos na sombra, no limbo Cada qual dependendo de filhos, netos, bisnetos e tudo o mais, para serem relembrados. Porém a memória da vida de um homem médio não dura mais que très ou quatro gerações. Algumas pessoas são imediatamente esquecidas quando partem.
Partem para onde? Para onde eu irei quando mor- rer? Os que têm filhos vão para os porta-retratos. Viram mártires, porque os mortos são santos. Os mortos que têm familia tornam-se flores num jarro. Retratos pintados à mão. Tomam-se algumas histórias engraçadas ou como- ventes. Os mortos são dia de finados, dia de aniversário, Natal e nada mais. Mas já é alguma coisa. Mesmo que isso seja tudo o que uma pessoa ganha por ter vivido setenta anos ou mais, é alguma coisa. E para mim, o que sobrará de minha existência quando ela não mais existir? Isso! Não mais existirá. Nada. Nenhum filho ingrato a curar suas culpas, indo colocar flores no jarro sobre a minha lápide. Nenhum amor sofrendo, pela lembrança de minha juven- tude. Nem amigos contando histórias sobre porres inesquecíveis. Nada. Um dia encontrarão algumas fotos e cartões-postais numa caixa de madeira velha. Encontrarão restos de mim, em papel e anotações. Talvez um corretor imobiliário encontre minhas lembranças todas, dentro de uma caixa velha de papelão. Um dia, talvez uma jovem curiosa, mexendo em papéis velhos numa feira de antig dades, encontre fotos minhas. Eu, com minha prepotencia e alma de escritor. Que nunca escrevi uma só linha que prestasse. Ali, na caixa de madeira ou papelão. Fotos de uma mulher que nunca quis ter filhos e não os teve Fotos de uma mulher que não cultivou amigos, nem amantes etemos.
Rasgarei todas as minhas fotos quando sentir a morte chegar. Peço a algum Deus, caso exista e esteja me escutando: avise-me quando a morte estiver em meu encalçol Não serei etema como aqueles que fizeram algo estrondoso. Não sou Proust, não sou Hitler, não sou nem mesmo o papagaio do Pirata da Perna de Pau. Sou Ana Delfina Amaral. Uma mulher que tem o nome nobre e talvez a alma também. Não tive pai para amar, tive me para odiar e algumas paixões. Sou Ana e pretendo rasgar as minhas fotos antes de morrer
Acho q o livro algumas horas tem muita enrolação mas ela crava o coração no peito e deixamos pq gostamos.