Em louvor da sombra

Em louvor da sombra Junichiro Tanizaki




Resenhas - Em louvor da sombra


76 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


ohara.dourado 29/02/2024

O autor fala sobre como a sombra é utilizada na cultura oriental em diversos aspectos, desde o vestuário, passando pelo entretenimento e chegando à arquitetura. Ele faz uma crítica muito óbvia à utilização da tecnologia em detrimento da cultura oriental e de como ela poderia ter sido melhor adaptada. No entanto, ao mesmo tempo, é possível notar também uma ironia ao falar do tradicionalismo radical.
comentários(0)comente



itadorisadic 18/02/2024

A estética escura de Tanazaki
Livro fascinante sobre a estética de um grande autor quando se trata de ambientes e iluminação. Ele fala sobre a beleza das sombras em uma sala e como a lâmpada meio que se tornou inimiga de... bem, de tudo! Tanizaki é um dos grandes autores do Japão, e este livro pode parecer uma obra reacionária de um homem mais velho, mas acho que é um grito apaixonado por coisas que eram misteriosas no passado e que devido à tecnologia (como as lâmpadas) expõe o que há de tão belo sobre escuridão e comidas que ficam bem em um ambiente romântico (escuro). Parece leve, mas é realmente um livro que carrega uma bagagem sobre o estilo de escrita de Junichiro mesmo em tão poucas páginas. Um dos melhores livros que li sobre estética.
comentários(0)comente



Suênya 28/01/2024

@poecitando
?Em Louvor da Sombra? é um ensaio sobre a temática da transformação da cultura e cotidiano japonês com a chegada da energia elétrica na virada do século. Embora o ensaio só considere o aspecto que oferecem resistência às mudanças elétricas, obviamente as páginas extrapolam o tema principal e desbocam numa interessante análise da estética japonesa e no próprio modo de vida desse País.

Ocorre que o assunto é permeado por um contexto bem mais amplo: o Japão de 1930 e o Imperialismo Japonês, responsável por um sentimento de aversão a tudo que diz respeito ao Ocidente, tendo sido esse Império o responsável por fazer surgir um ânimo que favorecia o chamado ?retorno ao Japão?. É essa valorização da tradição cultural do Japão, que voltou a ter força com a ascensão do nacionalismo militarista, que transformou o cenário existencial do País.

Assim, havia uma dicotomia escancarada entre o Ocidente e o Oriente, uma distinta tensão entre a tecnologia ocidental e a ?cultura recôndita? da tradição local: ?[...] o que aflora ao longo do texto é sobretudo o que resta de sombra e de resistência à luz em cada detalhe do cotidiano japonês?. Sob esse ponto de vista, empréstimos da cultura ocidental são considerados desvantagens.

Muito se discute, no entanto, acerca da verdadeira intenção de Tanizaki ao escrever esse ensaio. Isso porque sua obra é dividida em duas fases: a que tece elogios ao Ocidente e outra, que o rejeita. O embate entre essas duas versões e a incongruência repentina no comportamento de Tanizaki em seus textos leva alguns críticos a levantarem a hipótese de que o ensaio teria sido uma paródia do contexto vivido, não um elogio; uma crítica tanto ao nacionalismo vigente como à nostalgia à tradição. Considera-se até mesmo que essa hipótese abalaria qualquer seriedade que o ensaio pudesse ter.

Evidentemente, aqui Tanizaki está em favor da sombra e vê a energia elétrica como um elemento potencial à destruição da tradição japonesa. O livro, então, se inicia com o autor discorrendo sobre a impossibilidade de se construir uma casa no puro estilo arquitetônico japonês, visto que agora existem dificuldades para conciliá-las com as invenções modernas.

Os que desejavam manter a pureza da cultura japonesa teria de se valer de malabarismo para intercalar ambas as tradições. Observa, entretanto, que é quase impossível resistir às inovações diante da pressão que elas exercem. Não obstante, reconhece os benefícios dessas novidades, se opondo mesmo ao fato de que os japoneses falharam em adaptar tais invenções aos seus gostos e modo de viver.

Ele divaga, portanto, sobre como poderia ter sido diferente tanto a cultura japonesa quanto a sociedade em geral se o oriente tivesse tido sua própria cultura científica sem empréstimos alheios. Ele acredita especialmente que mesmo inventos de ordem prática, se pensados ao modo japonês, teriam alterado a política e a religião e iria ainda mais adiante, influindo na própria ordem do mundo.

 Para ele, certamente haveria uma diferença extrema, pois orientais e ocidentais possuem maneiras de pensar completamente opostas, sem nenhuma conexão. Tais diferenças se apresentam desde ao material do papel utilizado por esses povos até o aspecto de ordem intelectual e espiritual. O papel orienta, por exemplo, seriam como folhas ?frescas e úmidas que transmitem aconchego e paz de espírito?, e tudo nele é trabalhado para despertar tais sensações.

O ocidente, ao contrário, seria envolto em luz, o que contradiz a predileção da cultura nipônica por sombras. Na verdade, mais que uma preferência, é como se a sombra fosse a própria constituição do Japão. O Oriente é profundamente estético; e é como se essa esteticidade sombria e imponente fosse elemento natural e imprescindível da vida, o resultado de uma adaptação ao meio. Até na composição de suas peles há sombras. Tudo no Oriente só poderia ser visto em sua verdadeira beleza e misticidade pela treva: ?seja em pedras ou em utensílios, nosso gosto é pelo brilho mortiço que remete ao lustro dos anos?.

Desse modo, os japoneses brincam e manipulam as cores em seu favor. Faz parte da natureza oriental essa característica de valorizar a sombra, utilizando-se dos meios que estão disponíveis. Em contraponto, enquanto os japoneses contentam-se, os ocidentais nunca estão satisfeitos e por essa razão sempre perseguem a iluminação que desnuda ? japoneses creem que certas coisas são melhores senão vistas.

Para Tanizaki, o mundo das sombras desaparecia, mas um pouco dele ainda podia ser resgatado nos teatros e escritos, tendo ele deixado sua parcela de colaboração e memória nestes últimos.

É com a descrição cativante e minunciosa de aspectos banais da vida cotidiana japonesa que Tanizaki nos apresenta traços característicos da cultura japonesa. Ao final da leitura, uma grande impressão é deixada e você é capaz de se perguntar e refletir por qual motivo realmente parece que ambientes japoneses parecem sempre tão aconchegantes e primitivos, beirando quase o transcendental. Mas talvez não haja como saber... 
comentários(0)comente



Danilo 28/01/2024

Beleza no que está oculto
Em Em Louvor da Sombra, o renomado autor Jun'ichir? Tanizaki mergulha nas nuances da obscuridade para revelar a beleza oculta que muitas vezes negligenciamos. Explorando a estética japonesa tradicional, Tanizaki destaca a poesia e a sensualidade encontradas nas sombras, oferecendo uma reflexão profunda sobre a dualidade entre luz e escuridão. Sua prosa refinada e contemplativa convida os leitores a apreciar a complexidade e a serenidade que residem no mundo sombrio, desafiando as convenções estéticas ocidentais. Uma obra magistral que ilumina a beleza que se esconde nas sombras da vida cotidiana.
comentários(0)comente



Rewan 28/01/2024

Quero reler logo logo
Esse livro trás lições que não deveriam ser esquecidas, principalmente a quem precisa desse tipo de análise na profissão, que é meu caso com arquitetura.
comentários(0)comente



Leticia.Ayumi 21/01/2024

Baita ensaio!
Às vezes, Tanizaki fabrica noções muito idealizadas dos elementos nacionais - o que me espantou um pouco, levando em conta os primeiros trabalhos dele. Mas isso se rompe, também, com um humor repentino e comentários sarcásticos. A introdução da edição ajuda a entender que é preciso apalpar as nuances do texto; graças a ela, li cada palavra com certa desconfiança.

Além disso, há passagens belíssimas! Isso devido à escrita exuberante e cheia de penumbra do autor - excelentemente traduzida pela Leiko Gotoda.
comentários(0)comente



unidiniz 04/01/2024

Haicais à latrina
Águas escuras fluem,
Silêncio na latrina,
Renova-se o ciclo.

Riacho de sombras,
Na latrina, o silêncio,
Renova-se o tempo.
comentários(0)comente



Marcos606 27/12/2023

Tratado que realça a importância das sombras na estética japonesa, desde os domínios da arquitetura e do teatro até os objetos do cotidiano. Está em destaque a beleza das formas tradicionais da cultura japonesa, que têm uma relação produtiva com as sombras, face ao domínio ocidental e ao seu foco no progresso, que exige luz e procura evacuar as trevas.

Tanizaki começa pensando no dilema de um arquiteto tradicional que pode tentar construir uma casa em puro estilo japonês, o que pode entrar em conflito profundo com os fios, canos e outros elementos utilitários até mesmo dos recursos modernos mais simples, como um telefone e aquecimento. A partir deste ponto, ele conduz seus leitores em uma viagem sinuosa através de exemplos contemporâneos e históricos que demonstram um senso de gosto particularmente japonês. Embora estas preferências estejam presentes há muito tempo no país, ele argumenta que correm o risco de desaparecer, dados os efeitos de uma modernização liderada pelo Ocidente e o desejo relacionado do Japão de imitar a América.

Um de seus primeiros argumentos diz respeito aos banheiros, que historicamente são espaços mal iluminados e imaculadamente limpos na arquitetura japonesa, que ele vê como uma fonte de repouso espiritual. Ele acredita que a poesia da experiência do banheiro é arruinada pelas preferências ocidentais por azulejos brancos e iluminação excessiva. Isto leva a uma discussão sobre como a civilização teria sido diferente no Japão sem a intervenção ocidental. Em particular, está interessado em sustentar práticas e ferramentas adequadas a cada cultura nacional. Por exemplo, uma caneta-tinteiro distintamente japonesa pode ser adaptada às qualidades específicas do papel japonês, que absorve a luz, em vez de desviá-la, como faz o papel ocidental.

Isto leva a uma discussão mais ampla sobre o amor do Ocidente pela claridade e brilho, que é caracterizado pela prata polida e diamantes transparentes e brilhantes. Em contraste, o Japão prefere cristais “impuros” que possuem veios opacos e objetos de estanho com uma beleza que se revela através do escurecimento ao longo do tempo. Da mesma forma, ele contrasta a arquitetura da catedral gótica ocidental, em que o telhado aponta para o ponto mais alto possível no céu, com os templos japoneses que apresentam um telhado baixo e maciço de telhas pesadas, produzindo sombras extremas e obscurecendo as portas dos edifícios e paredes.

Em vez de simplesmente marcar diferentes preferências estéticas, o autor está a defender uma compreensão historicamente enraizada da beleza que se relaciona com as realidades cotidianas. Ele postula que os seus antepassados ​​japoneses, que não tiveram escolha senão viver em quartos escuros, passaram a compreender a beleza das sombras e a brincar com estas propriedades nos seus produtos culturais. Na verdade, Tanizaki vê a tranquilidade das sombras como algo particularmente japonês; para ele, esse descanso da luz cria momentos em que ele sente uma pura sensação de paz e o tempo para.

Ele então continua a construir seu argumento através da discussão de outras formas culturais para, em última análise, argumentar que as diferenças de gosto entre o Japão e o Ocidente são produtos de atitudes culturais em relação à mudança.

É uma perspectiva desconcertante pois nos conta sobre um Japão que já desapareceu. Sua ode as trevas funciona como catalisador para uma modernidade que esquece de onde vem. A busca visceral pelo progresso que nos faz esquecer a menor escuridão dentro de nós.
comentários(0)comente



Lika.Tanaka 15/11/2023

Visão geral do livro

Neste breve ensaio sobre estética escrito em 1933, Junichiro Tanizaki analisa a arquitetura, o teatro, a comida, o vestuário, o papel e até o tom de pele para refletir sobre um elemento central da cultura japonesa: o contraste entre a penumbra e a claridade. 
comentários(0)comente



Marcela 26/10/2023

Sob a luz da sombra
O escritor de Irmãs Makioka? e ?Diário de Um Velho Louco?, Jun?ichir? Tanizaki traz neste pequeno ensaio reflexões profundas relacionadas à estética nipônica proporcionada pelas sombras em contraste com as luzes ofuscantes do ocidente. Tendo como inspiração as obras de Edgar Allan Poe e Oscar Wilde, Tanizaki faz sua crítica à ocidentalização proporcionada pela Restauração Meiji de uma forma poética e bela.
A valorização das sombras está desde a culinária, com o doce de feijão azuki e shoyu, passa pela moda, objetos cotidianos, na estrutura das casas japonesas, no teatro Nô, no costume de enegrecer os dentes e até mesmo na arquitetura dos banheiros! Uma forma única de exaltar os valores e estilo de vida japoneses, com uma escrita (ironicamente) brilhante!
comentários(0)comente



@luanahr_ 25/09/2023

Tanizaki analisa neste interessante ensaio o modo como o elemento ´´sombra´´ se faz presente em diversos âmbitos da cultura japonesa, analisando aspectos relacionados desde o comportamento da sociedade japonesa a arquitetura e culinária.
Tem uma linguagem fácil de ser compreendida e é um livro relativamente curto, com 72 páginas. Para aqueles que tem grande interesse pela cultura asiática, especialmente a nipônica, acredito que vale a pena a leitura do ensaio, certamente será uma experiência bastante enriquecedora.
comentários(0)comente



_bbrcam 13/09/2023

Confesso que gostei da reflexão de que esse livro seria uma sátira
Caso seja mesmo, o autor deve ter dados boas risadas. algumas partes também me fariam rir se eu soubesse que é mesmo uma sátira. caso não seja, existe essa possibilidade, ainda é um livro muito interessante sobre a cultura japonesa. tive que pesquisar alguns termos, mas nada que atrapalhou a leitura.
comentários(0)comente



Japa 19/08/2023

Um pouco da cultura japonesa
O autor traz comparações entre o ocidente e o oriente, trazendo as diferenças na arquitetura, teatro e comida, assim podemos aprender um pouco da cultura japonesa. A leitura é interessante mas a escrita não me prendeu e tive um pouco de dificuldade para me manter ma leitura.
comentários(0)comente



annikav.a 04/08/2023

Ao superficial e faiscante preferimos o profundo e sombrio
Tanizaki faz uma ode em ensaio às sombras (literais, o oposto da luz), argumentando esse ser um elemento fundamental da cultura japonesa milenar, intrínseco à comida (como o doce feito de feijão azuki e o shoyu); à moda, que mais esconde do que revela ao valorizar a alvura espectral realçada pela maquiagem, pelo costume de enegrecer os dentes e raspar as sobrancelhas; ao teatro Nô, com seus adereços e técnica próprios; à arquitetura (até e principalmente a dos banheiros) e todo o escopo do ambiente doméstico, que valoriza o abrigo físico contra a luz e as intempéries, criando um espaço de sombras extremamente medidativo e rico. Isto vem acompanhado de uma profunda irritação com a modernidade e suas cegantes e incessantes luzes, que para ele se espalham até onde não deveriam - o interior- como uma erva daninha, afetando toda a estrutura social e cultural do Japão, inclusive refletindo sobre o acesso à cidade pelos idosos, o desmatamento, como lidamos com o clima, entre outras questões. Enfim, a reflexão é curta, mas justificada, e vale muito a pena pensar sobre o texto e sua relação conosco. Para mim, seu pensamento é abertamente anti-colonial, mas ainda cai em armadilhas raciais típicas do século XX.
comentários(0)comente



Luis Felipe S. Correa 19/07/2023

Uma perspectiva sobre luz e sombra
O livro surpreende por revelar aspectos de um Japão que vive a transição da tradição para a modernidade. Revela perspectivas estéticas da cultura e dá uma visão inovadora sobre luz e sombra na arquitetura - aqui consta um relato pessoal na condição de leigo quando à área de conhecimento referenciada. Ótima leitura.
comentários(0)comente



76 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR