Laura 15/07/2021
Romantismo com um quê de existencial.
Por ser escrito em formato de cartas, tive que pausar entre uma e outra para internalizar que de um escrito para outro existiu intervalos de dias e até meses. Porém, consegui me conectar com a maior parte das mudanças sentimentais de Werther. Ademais tais percepções próprias do processo de leitura, fui surpreendida positivamente com as reflexões contidas na obra.
A inquietação do herói pela complacência dos ditos normais quando abordados sobre o amor, a loucura, a arte, a inteligência etc; a sua desaprovação com os jovens mal-humorados; e o seu incômodo com as desigualdades sociais, são reflexões que tocam o leitor de maneira poética e precisa. Goethe nos obriga a ceder tempo e energia para pensar sobre tais questões que muitas vezes nos passam despercebidas. Contudo, como já me tinha sido alertado, a questão que toma conta da nossa consciência durante a leitura (especialmente a segunda parte) é a morte, ou melhor, o suicídio.
A morte e o que nos acontece após ela são tratadas por Goethe de uma maneira tão instigante que não nos cabe outra posição que não a de se permitir ser emaranhada pelo pensamento do jovem Werther. Quem, afinal, sabe o que é (definitivamente) a morte? Podemos apenas experienciá-la de maneira abstrata e simbólica, como quem assiste, mas a sua vivência de fato fica restrita ao fim. O fim, inclusive, da própria experienciação.
Planejo reler a obra, dessa vez na íntegra.
Cá entre nós, todos os livros do Romantismo me despertam o desejo de encaminhar os personagens para a terapia.