Luiz 12/12/2023
Maomé, O "Reformador"
Livro: São Gabriel, Maomé e o Islamismo
Autor: Pe. Júlio Maria de Lombaerde
Fazendo um trabalho investigativo e expositivo, Pe. Júlio Maria, nos mostra a essência "Reformadora" de Maomé. Afim de alertar os católicos sobre os perigos "ideológicos" do Islamismo, somos imersos numa narrativa que conta não só a história de vida de Maomé antes da fama como também após sua morte.
Maomé nasce no ano 570 d.C., é criado pelo seu avô, após a morte de sua mãe, que o ensina na "arte" do comércio, mas ainda que tenha desempenhado esse ofício, demonstra desde cedo inclinações pra teologia, religião e o misticismo, sendo um homem recluso, mas mostrando domínio sobre as areas da linguagem e poesia. Anos mais tarde é deixado aos cuidados de seu tio pra ter uma boa educação. Já maduro, Maomé, em uma viagem de negócios, se envolve com a viúva Kadidja, após ser um de seus homens de confiança nos negócios. Este fato lhe proporcionou grande notoriedade e uma ascenção de status social, que unido ao contato com Cristãos, Judeus e Pagãos, lhe proporciona uma certa autoridade.
Sua história se inicia, de fato, num momento de reclusão e adoecimento, lá se pôs a escrever, dizendo estar passando por alucinações, relata estar sendo sugestionado por "espíritos malignos" e o deixam confuso, brevemente depois, relata que o próprio Arcanjo Gabriel lhe nomeia um mensageiro da vontade divina. Inicialmente seu campo de influência era pequeno, pregava a paciência, a meditação, a abdicação de bens materiais, até que conforme seu nível de influência cresce, política e economicamente, pautas antes defendidas passam agora a serem postas de lado e se pregar o domínio sobre demais povos, expansão da cultura, guerra religiosa e recompensas materiais infinitas oferecidas por Deus ao cumprimento de diversas "doutrinas" formuladas com base na violência.
"No começo de sua carreira, Maomé era o reformador do paganismo de seus patrícios. Tendo sido bem sucedido nesta empresa, tornou-se legislador e chefe civil, setor em que brilhou com incontestável valor. Organizando seu exército, de pilhagem no início e de conquistas depois, tornou-se o guerreiro valente e avassalador. Ainda aqui, é um homem superior, que mostra uma coragem e uma perspicácia acima do comum.
[...]
Levado, porém, ao pináculo da glória e do poder, e deixando para seus auxiliares a parte ativa da guerra e das conquistas, Maomé recai sobre si mesmo, e mostra aos seus próprios correligionários e ao mundo inteiro, o que era no fundo de seu temperamento irrequieto: um sensual e um efeminado, envolto no manto da mais negra hipocrisia e do mais deslavado cinismo. Parece um outro Maomé, ou pelo menos, um Maomé degenerado..."
(Pe. Júlio Maria de Lombaerde, p.77)
A história de Maomé é contada pelo Pe. Júlio Maria e mostrada sob a ótica de que, ao final, Maomé não passa de mais um "Reformador", tal qual Lutero ou Calvino, ou os demais reformadores protestantes, ele arrogou para si a autoridade de "Mensageiro" de Deus, ou o revelador da vontade divina. Pe. Júlio Maria nos mostra que a personalidade de Maomé era a ambição de poder, de domínio, era a lascívia, a concupiscência e etc.
Numa época em que o paganismo e o politeísmo dominava a região árabe, que em si era extremamente diversificada, a proposta Islâmica se tornou uma possibilidade de união de povos, pelo menos era assim que inicialmente seus escritos propunham, mas a medida que foi crescendo seu poder Político, Militar e Religioso essa ideia de "união" passou a ser vista como "dominação". Ao fim a guerra passou a ser a "ideia-força" de toda a empreitada Islâmica, que mesmo após a morte de Maomé, continuou a se expandir.
"O paraíso está à sombra das espadas. As fadigas da guerra são mais meritórias que o jejum e as orações e as outras práticas da religião. Os guerreiros que caem no campo de batalha sobem ao céu como mártires."
(Maomé apud Pe. Júlio Maria de Lombaerde, p.110)
Pe. Júlio Maria menciona que de fato, Maomé, possuía uma influência impressionante, era um líder político e militar como muitos outros que viriam após ele, como o caso de Napoleão ou Aníbal, possuía uma inteligência e determinação fora do comum, mas tanto quanto, uma grande crueldade para com seus adversários e prisioneiros.
O seu poder também o levava à uma grande lascívia e concupiscência de tal modo que, ainda que o casamento já não fosse em essência monogâmico, existia um regra de que se poderia casar com até 4 mulheres, mas Maomé se coloca como exceção a esse estatuto ao ter pelo menos 15 mulheres despojadas, 11 concubinas e 26 mulheres em seu harém. Esse tipo de relato mostra, assim como outros diversos, que Maomé, se é que recebia revelações de São Gabriel, as utilizou para se beneficiar, mudando constantemente os escritos do Alcorão para tal, que ao fim levou pelo menos 17 anos pra ser concluído e recebeu diversas "emendas" e adaptações à vontade de Maomé.
Dentre muitos pontos salientados pelo Pe. Júlio Maria talvez o mais marcante seja a visão de que, se de fato um Arcanjo lhe revelou a vontade de Deus, haveria nesta crença uma busca por santidade, uma busca pra transformar o homem em um ser mais digno, virtuoso, amoroso e etc, mas nada disso é encontrado, é o justo oposto, o islamismo prega o desejo carnal como recompensa, riquezas materiais como recompensa, a guerra como meio de conquista e pregação... isto prova, sobremaneira, a inconsistência do islamismo como revelação divina. Uma vez que as melhores partes que o islamismo possui são adaptações do Judaísmo e do Criatianismo, que foram influências de Maomé desde sempre, mas que por seu conhecimento limitado sobre, lhe proporcionou erros de interpretação extremamente equivocados.
Isto leva o islamismo, assim como o protestantismo, a ser uma invenção humana.
"Embora desvirtuados e mal explicados, os dogmas cristãos encontram-se no ensino de Maomé.
Pecado original de Adão, expulso do paraíso; solidariedade do gênero humano, Satanás expulso do paraíso, livros sagrados, Anjo da guarda, AntiCristo, Fim do mundo, Ressurreição, Juízo final, são pontos em que o Alcorão se mostra vizinho do cristianismo. Implicitamente até encontramos no Alcorão os dogmas da encarnação, da Rendenção, da Imaculada Conceição, da missão de Jesus, da Ascenção e mesmo a Eucaristia, na Surata Mesa posta."
(Pe. Júlio Maria de Lombaerde, p.99)
"O islamismo em nada contribuiu para o desenvolvimento do espírito humano. Pelo contrário, materializa o espírito, fecha-lhe o horizonte de uma vida pura, santa, abnegada, que termina na felicidade divina, e não numa felicidade material como ensina o Alcorão.
O céu do islamismo oferece o vício como suprema recompensa da virtude: até haverá palácios, riquezas, prazeres, mulheres e tudo o que a miséria humana pode sonhar para conhecer a si mesma e satisfazer os seus instintos humanos."
(Pe. Júlio Maria de Lombaerde, p.145)
É um livro bem curto e rápido, Pe. Júlio Maria consegue condensar muito bem o assunto e trazer luz até as questões das Cruzadas no livro. Pra quem é cristão e tem o interesse em saber um pouco mais sobre o islamismo, me parece ser um livro que explica bem sua origem e alguns erros teológicos, mas confesso que esperava mais informações sobre os erros teológicos do islamismo, considerando a erudição do Pe. Júlio Maria.
Por outro lado, me surpreende o tema, não me recordo haver algum outro tipo de livro que faz duras críticas ao islamismo, em seu sentido histórico, político e teológico, nessa abordagem que o padre se arrisca. Mas independente disso, é um tema necessário, acredito que atualmente os misticismos diversos que existem por aí e até demais religiões, precisam de algum tipo de contraste pra e embate, justamente para que aquela pessoa duvidosa sobre sua posição religiosa possa ver e decidir o que é mais coerente, com base na história, na doutrina e na ética. Esse tipo de confronto teológico pode ser bem proveitoso.
Como disse, acredito que poderia ter se aprofundado mais sobre alguns pontos, mas pra mim, que sei muito pouco sobre o islamismo, mostrou-se também uma boa fonte de informação e introdução. Recomendo.