Túlio 29/11/2022novamente, isto não é uma resenha (não me convenceu)Outra vez, é só um registro de impressões, dois minutos depois de terminar de ler o segundo livro.
1 - Antes de mais nada, eu preciso ressaltar que o Murakami é um escritor autêntico, original e corajoso. Ele coloca no papel as ideias malucas dele, se os leitores vão curtir ou não é outra conversa... Isso por si só já vale um bocado.
2 - Embora "O assassinato do comendador" (vol. 1 e 2) tenha sido minha experiência mais negativa com esse autor, não vou deixar de ler as outras coisas que ele escreveu. Exatamente pelo item 1. Isso conta muito.
3 - O primeiro grande ponto negativo dessa obra, na verdade diz respeito a edição. Por que 2 volumes? Achei desnecessário. Será que o editor do Murakami achou que criaria um anticlímax assim? Comigo não funcionou. Ficou parecendo que foi só uma artimanha para vender mais livros... Facilmente esse "assassinato do comendador..." poderia ser resumir a um único grande volume, assim como "crônica de um pássaro de corda" ou "kafka à beira-mar". Provavelmente seria um livro com as mesmas dimensões. Ou seja, um calhamaço de 700/800 páginas. Pode parecer um detalhe insignificante, mas para mim não é. Quando a publicação de uma obra requer "volume 1... e volume 2..." a própria narrativa precisa fazer algum sentido em cima disso. O que definitivamente não acontece aqui. É só a trama fatiada ao meio e publicada em dois livros. Ponto.
4 - A respeito da trama em si, há uma centena de detalhes desnecessários. E além disso, as últimas 70/80 páginas foi só enchendo linguiça.
5 - Há alguns insights interessantes, e passagens de rara beleza. Coisa típica do Murakami. Mas elas são poucas, e escassas.
6 - Em contrapartida, o oposto disso atravessa todo o livro. Pontas soltas, detalhes que em um determinado momento é dado bastante importância/ênfase, mas que cem ou duzentas páginas a frente não fazem nenhuma diferença para trama, e por aí afora... isso acontece uma porção de vezes na narrativa. Às vezes eu parava e ficava me perguntando: para quê isso?...
7 - O próprio arco narrativo não tem muita sustentação. O livro começa com o protagonista em crise, e nas três ou quatro páginas finais esse arco meio que se fecha, mas de forma tão simplória, que fica a sensação de que foi posto ali só para dizer que há um ponto final. Achei isso mal executado. Preguiçoso.
8 - Eu não sou exatamente um crítico literário, portanto não tenho gabarito para classificar a obra e escrita do Murakami, mas até onde sou capaz, acho que ele se enquadra no Realismo Mágico. E ok. Tudo ótimo com relação a isso. Mas em síntese, mesmo trabalhando com esse gênero, esse livro aqui não me convenceu. Os personagens não me convenceram. A trama não me convenceu. E assim por diante... Além disso, depois de ler "Kafka..." e "Crônica de um pássaro de corda" (o que mais gostei dele até agora) alguns elementos da obra do Murakami me parecem um pouco repetitivos demais! Fico com a sensação de que já vi isso nos outros livros dele, com personagens e situações ligeiramente distintas, mas que no final das contas descrevem o mesmo sentimento.
9 - Enfim... lendo os pontos anteriores, fica parecendo que eu só tenho coisas ruins a dizer desse livro. E não é bem assim. Veja bem, eu admiro o Murakami. Talvez a minha frustração seja exatamente em cima disso. Ele é um puta escritor, mas as vezes constrói capítulos desnecessários, e em outras partes coloca uns floreados que não acrescenta nada a trama. E isso me irrita um pouco. Exatamente porque o Murakami poderia ser ainda mais genial! Mas claro, isso são minhas impressões. O autor não me deve nada.
10 - Enfim... Dei duas estrelas pela frustação. Mas são "duas estrelas" diferentes de outras "duas estrelas" que as vezes eu classifico outros livros ruins. Ainda quero ler muitas outras coisas do Murakami.
Pensei um monte de coisas enquanto estava lendo, e pensei em colocar tudo isso aqui na resenha, mas quando a gente senta, e começa a escrever as palavras simplesmente fogem. Mas é isso... impressões... foi mais ou menos isso que senti depois de terminar de ler os dois livros de "o assassinato do comendador".