Dani do Book Galaxy 23/11/2023Permanece um clássico atemporalApesar de esta ser a primeira vez que escrevo uma resenha "oficial" sobre essa obra-prima, gosto de mencionar que em 2007, quando eu tinha 14 anos e estava na sétima série, escolhi este livro como tema de meu trabalho para a "Feira do Livro" da escola. Fiz um cartaz enorme com a sinopse e uma mini resenha, e lembro que a minha professora de Português ficou muito empolgada porque ela também era fã do autor.
Bem, nem precisa dizer que este é, de longe, o meu livro preferido do Sidney Sheldon. Apesar de boa parte dessa preferência vir dessa memória afetiva, o fato é que a história do livro é MUITO BOA.
Assim, MUITO boa.
Claro que existem alguns pontos que envelheceram mal em 2023. Por exemplo: o fato de que a beleza de Tracy desperta inveja em todas as outras mulheres, e que ela não tem amigas ou outras personagens femininas que a igualem em beleza ou inteligência.
Além disso, o modo como o autor fala de homossexualidade e relacionamentos homoafetivos também é bastante ultrapassado e, digamos, fruto de seu tempo. Afinal, o livro foi publicado na década de 80, e sabemos de todo o preconceito e desinformação sobre o assunto na época.
Mas não esqueçamos que o próprio Sidney Sheldon era gay, então pode ser que tenha sido uma decisão consciente usar um ponto de vista heterossexual para expor tal preconceito.
Porém, falo com toda sinceridade que esses pontos não afetam de maneira nenhuma a experiência da história emocionante de Se Houver Amanhã, nem mesmo alguns pontos anacrônicos sobre a tecnologia da época (que se tornam risíveis em 2023, com smartphones e wifi).
O fato é que depois de ter lido o romance cerca de 6 vezes, muitas dessas vezes em minha adolescência, afirmo hoje que este livro tem TODOS os elementos que tornam uma história boa, cativante e atemporal.
Apesar de ser um romance sobre superação e vingança, a história vai muito além disso. É um livro com uma personagem feminina extremamente forte e empoderada (e digo isso da maneira mais positiva possível). A trajetória de Tracy Whitney como personagem é belíssima e incrível de acompanhar. Sua estadia na prisão é um marco de transformação da personagem inocente que conhecemos no início do livro para a mulher poderosa e independente que chega ao final, sim; porém, não é apenas isso.
Tracy era inteligente e determinada desde o início, e nós crescemos e aprendemos com ela no decorrer da história. E que história, minha gente.
Se a personagem principal é um ponto alto do livro, o enredo é espetacular. A história é cheia de pontos altos e baixos, com tensão nos momentos certos e capítulos que fazem nosso coração quase parar de emoção. A passagem de tempo entre as cenas mais intensas e transições do ponto de vista das personagens são estabelecidas perfeitamente de forma que nós leitores nunca ficamos cansados.
Além de muito suspense, o querido tio Sid ainda encaixou uma trama de thriller policial aqui, então até os leitores que gostam de tramas desse gênero vão gostar.
Vingança, suspense, suspense policial e romance - tudo perfeitamente balanceado e nos cenários mais incríveis, passando por toda a Europa e nos agraciando com muitas informações sobre arte, história e política. E tudo isso em uma atmosfera de muito glamour, claro.
Outra coisa que sempre me deixa impressionada neste livro é a astúcia e a criatividade do autor para criar os golpes e armadilhas que a Tracy arma. Sério, ele deve ter se baseado em golpes reais, porque não é possível… é tudo bom demais.
Bom, por fim, último ponto que adoro aqui é o romance, acreditem ou não. Apesar de eu não ser uma garota dos livros de romance, confesso que os de Sidney Sheldon são dos poucos que eu adoro. O relacionamento "gato e rato" que ele constrói aqui é PERFEITO, do tipo que me fazia sorrir e torcer pelo casal ao acompanhar a interação entre eles.
Este livro segue sendo um dos meus preferidos da vida, e o preferido do autor. Tenho ele em tão alta conta que não li e nem pretendo ler as “continuações” escritas pela Tilly Bagshawe. Acho que "Se Houver Amanhã" é tão perfeito sozinho que os outros livros devem ser meio que um desserviço.
Se você leu esta resenha até aqui… pare o que está fazendo AGORA e vá ler "Se Houver Amanhã". De nada.