Karol 30/07/2012
Digam o que quiserem, para mim é um clássico.
Há 12 anos estava eu, no carro, com meus pais, indo pra Limeira. Meus avós paternos vivem lá e grande parte da minha família também. É uma viagem de umas duas horas e eu estava torta de tédio, mas eu tinha um trunfo! Havia encontrado perdido e empoeirado, em uma estante lá em casa, um exemplar antigo de Se Houver Amanhã, do Sidney Sheldon. Até então eu era “pré-adolescente”, nunca havia lido nada fora das Coleções Vaga-lume e Veredas, da biblioteca da escola.
Pois bem. Eu não tinha nada para fazer, o livro estava lá, eu também... Só podia lê-lo, não? Peguei o livro e comecei a ler. O primeiro livro adulto que li na vida, com doze anos de idade. Precisa dizer que fiquei encantada? Não é nenhuma obra prima da literatura mundial e não foi escrito para uma criança de doze anos. Mas eu li e gostei. E hoje, mais de uma década depois, guardo um carinho especial por Se Houver Amanhã, que foi lido mais algumas vezes desde então. E como parece óbvio (afinal, tá ali no título do artigo, né?), é dele que vamos falar hoje! (Ehhhhh! \o/)
Para quem nunca leu Sidney Sheldon, algumas informações: suas histórias são sempre romances policiais. Alguém morre, alguém rouba, alguém mata, essas coisas. Suas protagonistas são (quase) sempre mulheres fortes e bonitas que vivem algum drama pessoal e tem que dar a volta por cima – e encontrar o amor no caminho.
É um estilo literário que não se encontra mais atualmente. Livros como os dele, da Agatha Christie, do Irwing Wallace, essa turma aí, são raros. Não sei se porque a época pede muitos YA’s, ou porque o leitor rejuvenesceu... Enfim, é raro ver algo no estilo Sidney Sheldon atualmente. Uma pena. Durante a minha adolescência li todos os livros dele publicados em português e adorava.
Em Se Houver Amanhã conhecemos Tracy Whitney. Uma mulher lindíssima, com uma vida perfeita. Ela está grávida e prestes a se casar com um dos melhores partido da Filadélfia, tem um bom emprego, uma mãe amorosa e está decididamente feliz. Porém, em uma noite chuvosa (é sempre uma noite chuvosa) ela recebe uma ligação da polícia informando que sua mãe suicidou-se. Tracy volta para sua casa, em Nova Orleans, em choque. Sua mãe era jovem, bem sucedida. O que haveria acontecido para que decidisse deixar de viver?
Ao chegar à cidade, Tracy descobre que o suicídio de sua mãe seria melhor classificado como um assassinado. Após ser enganada pela máfia a mãe, Doris Whitney, teve seu patrimônio depredado e faliu. Doris não foi forte o suficiente para começar a tudo novamente e, no ápice do desespero, acabou com a própria vida. Tracy, inconformada com a situação, decide que vai encontrar os responsáveis e fazer com que limpem o nome da mãe. Mas ela é apenas uma mulher jovem e grávida. O que poderia fazer para reverter tal situação?
A primeira parte do livro gira em torno da vingança de Tracy contra todos os homens que, indiretamente, mataram sua mãe e destruíram sua vida antiga. A história é cheia de reviravoltas e surpresas, personagens importantes são introduzidos e mesmo sendo meio absurdo, o enredo é envolvente. Destaque para a primeira cena do trem e para Ernestine que, superado o susto inicial, é uma personagem bastante interessante.
No segundo ato da história temos o renascimento de Tracy. O seu “e agora”? Essa é a parte mais eletrizante do livro e vale ficar atento nas cenas do xadrez e no segundo trem que dá as caras. Assim como em Jeff Stevens. Acho que o Jeff foi o meu primeiro amor literário. Boas lembranças... hahaha
Enfim, é um livro gostoso e fácil de ser lido, de um autor popular e um estilo em extinção – ou quase. Recomendado para dar uma mudada nos ares, sabem? De vez em quando é bom ler livros mais antigos e com o papel amarelado. Dá uma sensação de nostalgia e traz lembranças de um tempo em que tínhamos bem menos auê ao redor dos autores e suas histórias, e que a Internet não era tão presente na nossa vida literária.
=)