Fernanda631 05/07/2023
Memórias de uma moça bem-comportada
Memórias de uma moça bem-comportada foi escrito por Simone de Beauvoir e publicado em 1958.
Memórias de uma moça bem comportada é uma autobiografia dividida em quatro partes onde Simone nos conta desde sua infância até sua vida adulta.
O tom de crítica à sociedade e aos papéis impostos às mulheres já começa pelo título e desenha toda a narrativa até o último parágrafo. O tom de crítica à sociedade burguesa e aos valores impostos às mulheres começa logo no título, pois a "moça bem comportada" é exatamente o que Simone não conseguiu ser. Quem conhece a historia e livros da autora sabe bem isso.
Ao contrário do que imaginei, sua escrita é fluída.
Na primeira parte da autobiografia, o leitor se aproxima da infância de Simone, vinda de uma família rica e influente da França. Ela conta que, quando criança, era bastante temperamental e sensível, chorando e reclamando ao menor sinal de adversidade. Naquela época, no entanto, sua família se desdobrava em atender aos seus caprichos, coisa que parou de acontecer quando ela entrou na adolescência. Simone também descreve a proximidade de sua mãe e de sua irmã, mas a ausência de seu pai. Ela se esforçava em atender as expectativas de sua família.
As memórias de Simone neste livro nos parece uma amiga que nos conta sua história.
Neste livro, Simone focou sua infância e adolescência. Os relatos de sua convivência com Elizabeth Mabille, a eterna Zaza, são comoventes.
Dentre todas as obras autobiográficas da autora, esta se destaca. Extremamente poético e emocionante.
A autora sempre buscando a leitura, o conhecimento e aprender coisas novas, e se indignando com o único destino possível às mulheres de sua época: casamento e filhos. Em determinado momento se vê sozinha, já que seus pensamentos e opiniões fortes à afastam da mãe e da irmã e já tinha sido separada da melhor amiga e seu grande amor ZaZa, já que a moça era vista como péssima influência a Simone já que eram muito parecidas.
Simone voltou-se para ZaZa, amiga de infância que a acompanhou no início da adolescência e, diz-se, foi seu primeiro amor. Na vida adulta, Simone teve diversas relações com mulheres, com o consentimento de seu então amante Jean-Paul Sartre.
Na segunda parte do livro, Simone começa a relatar diversos pensamentos e acontecimentos que a tornaram a filósofa feminista que hoje conhecemos. Tudo parece começar com o afastamento forçoso de ZaZa, tanto pela sua família como pela escola, que consideraram ZaZa - geniosa e de opiniões fortes - uma péssima influência ao caráter de Simone. Ela também começa a perceber uma série de falhas na sua família, falhas estas que ela não percebia quando criança, e que a fazem se afastar de sua mãe e irmã. Sozinha, Simone busca conforto no estudo e na leitura de livros "proibidos a moças comportadas" - sobretudo Filosofia.
Na última parte, que relata o início de sua vida adulta, Simone justifica suas escolhas por estudar Línguas, Matemática e Filosofia. Ela opta, predominantemente, por campos de atuação que irão "ferir" os valores de sua família, por serem contrários aos paradigmas de "uma moça bem comportada". Estes ataques à família e à sociedade burguesa alternam-se em inconscientes e propositais.
Simone segue até a fase adulta fiel ao que acreditava, buscando conforto nos estudos por campos de atuação propositalmente contrários aos paradigmas de uma moça bem comportada, como a matemática e as línguas, e na leitura de livros proibidos às mulheres, sobretudo de Filosofia.
Tornou-se escritora, filósofa, intelectual, ativista e professora, além de ter sido Integrante do movimento existencialista francês e até hoje ser considerada uma das maiores teóricas do feminismo moderno.