Lendas do Universo DC: Quarto Mundo - Vol. 4

Lendas do Universo DC: Quarto Mundo - Vol. 4 Jack Kirby




Resenhas -


2 encontrados | exibindo 1 a 2


Liparini 23/03/2020

O último volume?
Se esse for o último volume que a Panini vai publicar da saga, parou no meio e cagou milhões pro consumidor, sem dó
Daniel.Borges 11/07/2020minha estante
ao que parece vai continuar a ser publicado só deu uma pausa




Paulo 22/12/2022

Esta é uma edição bem acima das anteriores e mostra um pouco daquilo que Kirby pretende inserir em futuras edições. Claro que continua a ser uma mistura de ideias geniais com bizarrices questionáveis, mas o leitor sempre precisa entender que estamos diante de uma HQ da década de 1970 feita por um autor que construiu as bases para muita coisa que a DC usa hoje. Vou comentar algumas delas em suas respectivas edições, mas fica claro a preocupação de Kirby de interligar suas criações sem afetar o universo maior em um primeiro momento. Tanto é que apenas na revista do Jimmy Olsen que temos o Superman como um a ligação com as demais revistas a editora. Ao mesmo tempo, Kirby vai tornando Darkseid um inimigo bastante perigoso e ardiloso, representando uma concepção nilista sobre o universo. Se ele começa como sendo um grande vilão na disputa entre duas civilizações, aqui Kirby sobe o personagem alguns níveis e o transforma em uma criatura que ameaça, de fato, a paz universal. E que para derrotá-lo não basta apenas juntar um grupo de indivíduos poderosos; Darkseid tem poderes divinos.

Mas, vou fazer diferente em relação às últimas resenhas e começar pelo que menos gostei e vou em escala ascendente. Novamente, as edições da revista do Olsen apresentam a nós algumas ideias completamente insanas. É aquilo: aplausos pela tentativa de modificar um mito, mas a maneira como isso é feito é de revirar os olhos. A secretária do Morgan Edge, o atual dono do Planeta Diário, é atacado pelo conde Dragorin, originado da Transilvane. Sim, um vampiro. Com todos os poderes vampirescos: se transforma em morcego, não tem reflexo no espelho, desaparece em uma nuvem de fumaça, possui olhos hipnotizantes. O pacote completo. Só que aí é que está: Quarto Mundo é uma série que explora altos conceitos de ficção científica e estamos diante de Jack Kirby que produz o suco do scifi. Então estamos diante de um vampiro do espaço! Não satisfeito com o vampiro do espaço, temos Lupek, o lobisomem espacial! E Kirby criou uma trama envolvendo uma espécie de microsseres que habitam em um microplaneta no qual o criador fica passando filmes de terror no céu por gerações a fio. E isso teria alterado as moléculas dessas criaturas que desenvolveram habilidade metamórficas em seres saídos de filmes de terror. Santa Hipnose, Batman!! Pior é o que o Superman faz com o pobre planeta no final da história. Troque um filme de terror por algo pior ainda. Santa Breguice, Batman!

Mas, nem tudo são flores murchas. A edição conta ainda com a participação da Legião Jovem que consegue fugir do Projeto e em sua fuga conseguem descobrir o esconderijo de um membro infiltrado da Intergangue. No meio de uma confusão, descobrimos mais um mistério sobre o Guardião. E isso acaba se conectando com as experiências feitas com o DNAlienígena, algo que foi explorado por Apokolips também. Me parece que esse é o real ponto de conexão com as histórias do Quarto Mundo. O Superman até desconfia que Dragorin tivesse alguma coisa a ver com o que eles haviam enfrentado na base secreta, mas isso não é o caso aqui. Não é spoiler porque essa suposição rapidamente é descartada por Jimmy e o Supes. Só uma dúvida permanece no ar: onde se enfiou o Morgan Edge? Há três edições que ele está desaparecido.

Em Senhor Milagre, tivemos o confronto de Scott Free e Grande Barda contra o dr. Vunbabar. Tirando o nome bizarro e a maluquice de sua origem, a edição é bastante interessante no sentido de que coloca mais peças sobre a origem do Senhor Milagre. A gente percebe que Scott é meio esquivo toda vez que Oberon faz alguma pergunta sobre o seu passado. Aos poucos, com pedaços de informação está dando para montar o todo, e ao final desta história tem uma história curta mostrando o tempo da vida do personagem ao lado da Vovó Bondade. Vemos o seu treinamento que envolve uma série de atrocidades sendo realizadas para que os jovens se esqueçam do caminho do bem. E que Scott nunca conseguiu ser completamente treinado embora ele tenha desenvolvido uma devoção sem igual pela Vovó. Aliás, esse é um dos truques dela para manter todos os seus lacaios sob seu domínio. Algo que faz parte da filosofia de Darkseid: controlar a mente e a natureza daqueles que habitam em Apokolips. Darkseid desejar a equação antivida, que permite ao seu usuário controlar a vontade das pessoas, é parte disso.

Além do nome engraçado, vale pontuar que Vovó Bondade se baseou em soldados prussianos para criar a personalidade de Vundabar. É o que?? Fico espantado que alguém de Apokolips tenha o interesse em conhecer a Prússia do século XIX. Mas, okay. Mais uma vez Kirby consegue criar situações bastante criativas para o uso das habilidades de escapista de seu personagem. Se tornou quase um padrão: Scott é capturado, o vilão cria uma armadilha mortal, se vangloria para seus aliados, apenas para ver seus planos frustrados. Apesar de que dessa vez, Vundabar meio que sabia que o Senhor Milagre escaparia e tentou criar algo em cima disso. Palmas para o Kirby na maneira como ele lida com a Grande Barda. Tirando o biquini de gosto duvidoso, Barda é apresentada como uma mulher imponente e que se incomoda com elogios fúteis. O Senhor Milagre até chega a alertar os engraçadinhos que Barda é alguém que não leva essas coisas para casa. Na história vemos o quanto Barda e Milagre são parceiros e um confia totalmente nas habilidades do outro. A personagem não é a sua típica princesa em apuros e só é capturada aqui por desatenção momentânea dela. Mesmo assim, quando ela precisa combater alguém, Milagre é que fica parecendo mais frágil.

Ainda não falei sobre a arte desta edição porque ela está sensacional nas edições de Povo da Eternidade e Novos Deuses. O que Kirby está fazendo nessas duas edições é algo de cair o queixo. Página após página, ele entrega designs incríveis, cenas de ação tensas e algumas das páginas duplas mais estonteantes que vamos poder ver. O que quero destacar em Povo da Eternidade é o veículo que se transforma em uma fortaleza. Vejam os detalhes do veículo. Todo o design deles acaba se tornando o padrão para representar as tecnologias de Nova Gênese e Apokolips. Os quadros transbordam aquele senso de aventura e curiosidade no leitor. Ficamos com vontade de conhecer mais sobre os personagens, sejam os mocinhos ou os vilões. A partir desse volume temos dois arte-finalistas auxiliando Kirby: em algumas edições é o parceiro de longa data Vince Colletta e em outras é Mike Royer. Isso ajuda muito o traço do Kirby apesar de ele não precisar muito. Aliás, recomendo que vocês deem uma olhada nos extras dessa edição que incluem alguns dos rabiscos iniciais de Kirby no design dos personagens. Vejam o traço vigoroso, porém suave de seus personagens, a preocupação com a anatomia e a sincronicidade. Não apenas isso, mas potencializar características dos personagens, concentrando a arte no gestual, no olhar, no ponto de visão. Darkseid parece um cara perigoso: sempre com um olhar voltado para a frente, as mãos postas atrás e o visual todo de seu capacete com o rosto cinzento e alienígena. Desaad se parece com algum tipo de sacerdote fanático ou druida insano, sempre com um olhar vidrado e uma risada maligna. Os quadros dão um foco bem no rosto do Desaad, o que aumenta essa percepção de loucura dele. Tem uma ceninha ótima no final desta edição quando o Darkseid usa o seu efeito ômega nos personagens. E o rosto dos membros do Povo da Eternidade se transfiguram passando para um medo absoluto. O leitor fica tenso só de observar a sequência das cenas, temendo pela vida deles.

Disparado a melhor edição deste volume é a dupla de Novos Deuses. E quanta informação nova ele colocou nelas. Para começo de conversa, temos o vislumbre pela primeira vez da Fonte, o local para onde as essências dos deuses vão após suas mortes. Logo na primeira cena temos uma criatura de proporções celestiais presa em uma parede à deriva da Fonte. A página dupla é daquelas de pendurar na parede. Mas, não é o conteúdo total desta edição. Nela, continuamos o confronto de Orion contra os Seis Profundos. E Órion tinha sido capturado na edição passada. Aqui, Slig, um dos Seis Profundos, tortura o personagem para obter mais informações sobre os Novos Deuses. E no meio da discussão, com a tentativa de Órion se libertar, o vemos despertar seus instintos primitivos e a camuflagem oferecida pela caixa materna a ele desaparece, revelando seu rosto monstruoso. Mais uma vez, Kirby nos revela que o personagem, dono da astroforça, é diferente dos demais Novos Deuses e possui uma origem nebulosa. Somente depois de deixar seu adversário quase morto é que Órion percebe o que fez e retoma seu controle. Este é um personagem que precisa lidar muito com os seus ataques de fúria e eles o fazem se voltar para o que o motiva a ajudar seus companheiros. Acho interessante esse pequeno arco que Kirby está fazendo com o personagem e deve levar a alguns bons conflitos de personalidade nas próximas edições.

Acontecendo em segundo plano está a posição dos aliados humanos de Órion. Algo que havia comentado na semana passada e que a situação toda os fez precisar agir para auxiliar seu protetor. Mas, todos eles concordam que estão assumindo riscos em uma guerra incompreensível para os seres humanos. Por mais que alguns deles vez ou outra coloquem o argumento de que isso é necessário caso contrário o universo será destruído e a segurança deles não importaria muito, o instinto de sobrevivência de todos começa a tomar mais forma. Afinal, estamos diante de um vendedor, uma secretária e um homem aposentado. Nenhum deles é um homem de ação propriamente dito, nem o menino mais novo. O surgimento de Kalibak atacando o apartamento onde eles estão escondidos não ajuda muito também. Falando em envolver pessoas inocentes. vemos que nem tudo o que Kirby escreve são histórias upbeat. Vemos uma tragédia acontecendo na edição do navio da glória. Algo que se liga um pouco ao dilema de Órion: morrer como um guerreiro ou sobreviver para lutar outro dia? Sem falar no que representa a verdadeira coragem.

Uma bela edição com histórias que ora são bastante bizarras e estranhas, ora são geniais e apresentam momentos emocionantes. E esse é Jack Kirby. Certamente o leitor vai se entreter de alguma forma com aquilo que ele está escrevendo para nós. Seja uma releitura bizarra de alguns mitos do terror até cenários de puro encantamento onde conceitos de ficção científica são levados ao limite. As histórias começam a ficar mais amarradas e algumas conexões podem ser percebidas. A trama da chegada de Darkseid ao nosso mundo está tomando corpo e nossos heróis precisarão de todas as suas habilidades para superarem os desafios.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
comentários(0)comente



2 encontrados | exibindo 1 a 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR