Acad. Literária 20/12/2015
RESENHA - Caçadora: Sussurros das Sombras
Resenha originalmente publicada no blog Academia Literária DF
Jéssica, caçadora incompetente, 29 anos (com cara de 19), filha do “embaixador”, excêntrica por definição e atrapalhada por natureza aprontou mais uma. Claro, isso não é lá grande novidade, mas o que ela fez foi muito grave e afetará não só sua condição como caçadora, mas todos a seu redor. O que será de Jéssica se descobrirem o que ela fez? Será que Zack vai admitir seus sentimentos por ela? Quem é o homem misterioso da capa? E o baile? Com qual roupa ela vai? Essas e outras questões são reveladas em A Caçadora – Sussurro das Sombras, segundo livro da trilogia A Caçadora.
Vivanne Fair volta a arrancar risadas (algumas histéricas, outras nem tanto) dos leitores no segundo volume da trilogia A Caçadora. Após os eventos do primeiro livro (resenha aqui), Jéssica permaneceu na universidade, com a desculpa esfarrapada de que sua missão de liquidar com a raça de Zack ainda não havia sido concluída. O fato é que ela estava perdidamente apaixonada pelo vampiro e não queria sair de perto dele, mesmo que isso fosse contra todos os princípios do Conselho (e do bom senso). Porém, um revés acontece: Zack deixa a pobre caçadora na “Friendzone” (eu ri).
Como se não bastasse, os pais de Jéssica mexeram seus pauzinhos e o conselho enviou uma ajuda totalmente inesperada: Vicent, o maior dos caçadores de vampiros que eles tinham em sua folha de pagamento. O homem não media esforços para alcançar seus objetivos e ainda tinha uma rixa antiga com Zack. Para piorar o que já estava ruim, um homem misterioso vestido de branco começa a rondar a universidade sempre que Jéssica passa por algum tipo de aperto. E para fechar a bagunça, um novo aluno aparece e de cara se apaixona por Jéssica. O que essa mulher tem? Mel? Todo mundo de alguma forma parecia estar atrás dela. E assim a narrativa da obra se desenrola.
Bem, quem me conhece, sabe que eu não sou lá muito chegado a livros de romance. Mas eu tenho de dar os devidos créditos à autora por criar uma obra que me fez rir numa temática que me faz ficar entediado. Ok, o livro é uma comédia romântica, mas comédias românticas me deixam entediado também. O fato é que o livro é ótimo. A autora volta a usar suas piadas hilárias para dar seu toque de humor singular na narrativa, que por sinal, ficou em minha opinião mais dinâmica que no primeiro volume (vai ver porque tem menos “melosidade” hahahaha). Usando de seu humor natural, Vivianne confere leveza à narrativa e mesmo nas situações mais tensas da obra, algum personagem sempre vinha com alguma piada.
Jéssica, que daria uma ótima comediante de Stand Up, continua com suas piadas afiadas e autoestima baixa. Além da conta bancaria, da moral, da sanidade... Zack continua sarcástico e misterioso, porém, pela primeira vez na narrativa, eu pude ler uma descrição em que ele sentia algo parecido com medo. Pontos para a autora. As Otakus e o nerd ainda são mais sensatos que a caçadora e os novos personagens, que apesar de simples em suas descrições (o aluno bonito, o homem misterioso e o caçador valentão), não são nada tradicionais no modo de agir, vai por mim.
Jéssica em alguns momentos da obra chega a conversar diretamente com o leitor, como se toda a história fosse uma conversa que ocasionalmente é contada em uma roda de amigos. E não vamos esquecer as referências! Tem muitas nessa obra. Menções a Conde Drácula, Star Wars, Crepúsculo, os mais variados animes e até mesmo uma menção ao Chuck Norris. É quase como ficar procurando Easter Eggs (veja o conceito no link) em um jogo de videogame de tanta referência que aparece.
Minha única critica vai para o fato de que Jéssica é muito fútil para a idade dela. Não é um problema da autora, ela criou a personagem assim de propósito. É o personagem que incomoda um pouco com alguns pensamentos de adolescente (nada contra, mas não é algo que se espera de uma mulher de 29 anos). E não que seja uma constante, ela não faz isso o tempo todo. E acabei me acostumando com isso, sabe? Então, já ficou natural imaginar ela pensando/falando sobre sapatos, vestidos e bailes, enquanto algo realmente sério acontece ao seu redor. E olha que legal, não suspirei tantos “Affz” como na obra anterior. Isso é um bom sinal.
A obra é narrada em primeira pessoa. A narradora é a personagem principal, Jéssica. E toda a história gira em torno dela. Com narrativa bem fluida, vamos avançando rapidamente a leitura à medida que acompanhamos as trapalhadas da caçadora. Os personagens são simples no sentido de não terem profundidade narrativa, assim como as descrições da autora. O recurso pode estranhar um pouco alguns (é como se ela estivesse te contando à história pessoalmente), mas logo acostuma e diverte. A relação temporal é toda linear. A revisão está ótima, um errinho ou outro, nada demais. A formatação está muito boa também, com uma boa fonte e espaçamentos adequados para a leitura. As ilustrações estão maravilhosas. A própria autora (que também é ilustradora) as fez e mostra de cara o tom cômico da obra. E por fim, a capa muito bem desenhada que faz referências diretas a passagens da obra.
A caçadora – Sussurro das Sombras é um livro divertido. Vivianne tem um jeito singular de contar histórias (quase como se estivesse em uma roda de amigos, contando uma piada). E por falar em piadas, elas são engraçadas e vem em momentos que o leitor menos espera. Recomendo esse livro, primeiramente as pessoas que querem uma leitura despretensiosa e relaxante. Não podemos esquecer, é claro, das referências. Se você gosta de quadrinhos, filmes, series, animes, RPG e tudo o mais que a cultura pop nos proporciona, vai adorar encontrar nesse livro muitas referências divertidas. Como é um romance, recomendo também para quem curte o gênero. Quem quer passar vergonha no ônibus/metrô/locais públicos, recomendo também, pois isso vai acontecer hora ou outra por conta das divertidas situações na qual a autora coloca seus personagens. Afinal, se o amor pode parecer uma piada, que ao menos seja bem contada. Certo?
A caçadora – Sussurro das Sombras é a continuação de uma comédia romântica que cumpre aquilo pelo qual foi feito e pelo qual a autora se destaca: arrancar sorrisos dos leitores.
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