O tempo adiado e outros poemas

O tempo adiado e outros poemas Ingeborg Bachmann




Resenhas - O tempo adiado e outros poemas


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Wendy 29/01/2023

"Vivo e escuto de longe seu canto dos cisnes!"
Poemas melancólicos, às vezes vivaz, densos, mas com um tom quase sempre lúgubre.

Ao final do livro conta uma parte biográfica da autora, desde o nascimento até sua partida trágica.

Um destaque curioso na biografia de Ingeborg Bachmann:
"De forma estranha, mas coerente, ela nunca reunia os amigos nem falava a uns sobre outros, tática extremada para mantê-los apartados de fatos específicos de sua vida, exclusivos de uns, mas não de outros."

"Mas sobre a ladeira do efêmero
sonho algum se curva por nós.
É melhor viver por conta
das margens, de uma para outra,
e durante o dia cuidar
que o convocado corte a corda.
Pois ele alcança a tesoura do sol
na névoa, ofuscado por ela,
abraça-o a névoa na queda."
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Paloma 01/11/2020

Tempo Adiado
O Tempo Adiado

"Vem aí dias piores./
O tempo adiado até a nova ordem/
surge no horizonte./
Em breve deves amarrar os sapatos/
e espantar os charcos./
Pois as vísceras dos peixes/
Esfriaram no vento./
A luz da anileira arde pobremente./
Teu olhar pressente a penumbra:/
o tempo adiado até nova ordem/
Desponta no horizonte./

Do outro lado afunda tua amada na areia,/
ele sobe-lhe pelo cabelo esvoaçante,/
ele corta-lhe a palavra,/
ele ordena-lhe silêncio,/
ele encontra-a mortal/
e pronta para a despedida/
depois de cada abraço./

Não olha para trás./
Amarra teus sapatos./
Espanta os cães./
Joga os peixes ao mar./
Anula a anileira!/

Vêm aí dias piores."

Ingeborg Bachmann, 1953.

Essa edição da @todavialivros é de 2020 e tem seleção, tradução e posfácio de @_claudiacavalcanti_ . E que espetáculo de livro!
Poeta e intelectual, Ingeborg Bachmann era austríaca e testemunhou, ainda criança, a invasão nazista em sua cidade natal.

Qual a relação com o tempo que estamos estabelendo nesses dias? E a nossa relação com a morte? A perplexidade diante de sentenças como "E daí?" Ou "Vamos tocar a vida!" não é suficiente. Há algo de brutal nessa linguagem... a mesma brutal e vulgar linguagem que emerge como ameaça no poema de Ingeborg Bachmann.

Tenho lido e relido com deleite e cuidado os poemas de Bachmann durante esse ano. Mas hoje, em um dia de sentimentos estranhos, esse poema me acompanhou desde cedo. Não hesitem diante da genialidade dela!
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Douglas Finger 25/09/2021

Poesia de gente grande
Confesso que a edição da Todavia foi o motivo real para que eu comprasse esse livro! Conhecia o nome da Ingeborg Bachmann em virtude de sua proximidade com Hannah Arendt e com intelectuais da Alemanha, que a citavam frequentemente como intelectual e grande poeta, mas nunca havia lido nada dela.
O livro tem um posfácio brilhante que eu recomendo todos começarem, pois dá um otimo panorama da obra e vida da autora.
Aqui estao reunidos inumeras poesias de Ingeborg e alguns que foram escritos no periodo da Segunda Guerra Mundial, acontecimento marcante na vida autora austriaca.
A ediçao bilíngue Alemão/Portugues da Todavia nos da a oportunidade de ver no original a musicalidade ritmica dos versos, e a força das palavras! Temas como morte, recomeço, esperança e solidão são questoes condutoras desses versos. Recomendo muito a leitura. Adianto aos aspirantes que são poesias de alto nivel, daquelas que precisa nota de rodapé para conseguir entender e sentir a mensagem que a
autora quer transmitir!
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Diego Rodrigues 15/12/2023

Poesia pós-guerra
A presença ainda é tímida, mas cada vez mais tenho conseguido encaixar livros de poesia entre as minhas leituras. Como é um hábito que ainda estou tentando criar, tem lá os seus desafios, e eles se tornam ainda maiores quando se trata de Ingeborg Bachmann. Sua poesia não é considerada das mais fáceis e ainda conta com diversas dificuldades no que diz respeito à tradução, já que estamos falando de poesia em língua alemã e que utiliza de muitos jogos de palavras. As coisas, definitivamente, não são entregues de mão beijada aqui.

A edição da Todavia é bilíngue e conta com tradução e um rico posfácio de Claudia Cavalcanti, o que é de grande valia já que o contexto é de suma importância para uma melhor compreensão dos poemas. Em resumo, trata-se de poemas do pós-guerra que irão não apenas reviver os horrores da chegada das tropas alemãs mas também indagar os rumos da sociedade europeia após esse evento catastrófico, transmitindo sensações que vão desde agouro até impotência, passando por medo, ausência e melancolia. Junta-se a isso experiências pessoais da autora, como os relacionamentos conturbados e suas andanças por países europeus. O resultado é uma poesia muito única e intrigante, nem sempre fácil de penetrar.

Não digo que morri de amores pela leitura, mas gostei de boa parte dos poemas aqui reunidos e, principalmente, de conhecer Bachmann. Literatura pós-guerra sempre me interessou, em especial em língua alemã, que na esteira da Segunda Guerra Mundial sofreu de um certo "cancelamento". Uma curiosidade é que o pai da autora se filiou ao Partido Nazista, só aí já temos alguma ideia do quanto os eventos das décadas de 30 e 40 reverberaram na vida de Bachmann. Olhar para esse contexto de uma perspectiva mais poética foi uma experiência bem diferente e, sem dúvida, recompensadora.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Lucas 09/05/2022

Impressões
Denso e profundo. Necessário nos dias hoje. Tem um ar sombrio e desalentado. Impactante. Vale a leitura.
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Paula1735 02/01/2023

"Não prescrevam a essa espécie uma crença,
bastam as estrelas, navios e fumaça,
ela se estende nas coisas, determina
estrelas e o número infinito,
e um traço, chama-o traço de um amor,
surge mais puro de tudo.
Os céus pendem murchos e estrelas se
soltam da ligação com lua e noite."


"Sou cria dessa grande angústia do mundo,
que pende na paz e na alegria
como badaladas no correr do dia
e como a foice no campo maduro.
Sou quem Sempre-Pensa-na-Morte."
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Adriana Scarpin 11/12/2020

Depois de todo aquele Celan, nada mais justo do que embarcar em Ingeborg Bachmann e que primorosa essa edição da Todavia, embora seja apenas uma coletânea de seus poemas, as escolhar foram certeiras e ainda a tradutora Claudia Cavalcanti traz ainda um posfácio de dezenas de páginas nos situando sobre quem é Ingeborg no mundo das palavras e no real. Mas principalmente: a edição é bilingue e todo bom livro de poesia deveria ser bilingue.
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manuswag 11/02/2023

Tempos terríveis.
Nunca havia lido nada dessa mulher até agora, e sinceramente, eu gostei pra caramba.
Eu adorei a tristeza com que ela escreve, porque realmente não se tem como escrever coisas felizes se sua infância se passou na época da segunda guerra mundial, realmente muito triste.
Adorei as informações extras no final, pra entendermos com um pouco mais de clareza a escrita dessa mulher.

Uma leitura densa por certas vezes, mas extremamente real e melancólica, realmente muito bonita!! (Nunca tinha lido poemas alemães, adorei)
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Julio.Gurgel 10/05/2020

Uma espécie de perda
A poesia de Ingerborg Bachmann se introjeta na veia. Soturna, distanciada, alterna entre o amor e a desesperança em versos lúgubres e delicados. É realmente um trabalho lindo. Há de se ler no papel, para alternar e submergir nas páginas sempre que necessário.
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Bruna 26/09/2022

O Tempo Adiado e Outros Poemas
Os poemas são bons, densos e pesados.
Mas não consigo me conectar muito com as histórias contadas quando são escritos dessa forma (em forma de poema).....
As três estrelas são por isso, não que o livro ou a escrita seja ruim... só não consigo me conectar muito.
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João Leite 25/03/2024

?Depois desse dilúvio

queria ver a pomba,

e nada além da pomba

mais uma vez salva.

Eu até naufragaria nesse mar!

Se ela não levantasse voo,

se ela não trouxesse

na última hora a folha.?
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arthur966 31/01/2022

vocês, palavras, levantem, sigam-me!,
e quando já tivermos ido mais longe,
longe demais, iremos ainda
mais longe, isso não tem fim.
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jujumomo 18/02/2023

é um livro extremamente lindo, só foi uma pena eu não estar na mesma vibe para a leitura, acabou prejudicando minha experiência.
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haruurane 01/10/2023

As poesias são interessantes, ainda mais quando nos situamos na época em que o tempo adiado e outros poemas foram escritos.
a biografia, mais uma vez, foi uma parte um tanto quanto maçante pra mim, embora tivesse informações interessantes que completaram a ideia da poética do livro.
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