Jeff.Rodrigues 07/04/2020Resenha publicada no Leitor CompulsivoThrillers de espionagem nunca me atraíram muito e tive algumas decepções com algumas obras de Ken Follet, um autor de quem sou fã no campo da ficção histórica. Ao mesmo tempo o maior de todos os autores do gênero, John Le Carré, conseguiu fisgar minha atenção e mostrar o potencial dessas obras. E seguindo esse caminho de me aprofundar no gênero abri espaço na minha gigante lista de livros para Palácio da Traição, obra que é uma sequência de Operação Red Sparrow, de Jason Matthews.
Protagonizado pela espiã Dominika Egorova, Palácio da Traição é um thriller moderno totalmente antenado com nosso mundo e contando com uma participação super especial do presidente russo Vladimir Putin. Uma trama que tem a Rússia como um dos cenários certamente tem tudo para fascinar os leitores, até porque no meu imaginário é um dos países que mais combinam com espionagem e histórias urdidas nos bastidores do poder. E assim, acompanhamos Dominika atuando em dupla função. Mantendo sua posição junto ao serviço secreto russo, ela repassa informações para a CIA, e precisa lidar com invejas de seus superiores e um jogo em que seu nome acaba entrando no rol de pessoas a serem rapidamente eliminadas. Detalhe, ela conta com a total confiança de Putin, o que inicialmente pode ser um trunfo. Até quando?
Escrito por um oficial da CIA, Palácio da Traição traz toda a carga de conhecimento e detalhamento que o autor possui. Isso tem dois pontos bem distintos e que fazem muito a diferença para os leitores. Em primeiro lugar, a riqueza da ambientação, as descrições, cenários e, principalmente, a veracidade da história, fazem com que o livro tenha uma qualidade que supere a simples ficção. Muito do que é descrito, guardadas as adaptações, certamente é uma reprodução bem fiel do que se passa no mundo real da espionagem atual. Portanto, a maior qualidade da obra é o domínio que o autor tem do assunto que reflete na trama. Por outro lado, o excesso de descrições também tem sua parte ruim. O livro demora muito a engatar em um ritmo que atraia o leitor. Passamos por dezenas de páginas em que falta ação ou qualquer elemento que dê fluidez para a história. O desafio é não desanimar até que a história ganhe fôlego.
A ficção de Palácio da Traição se alimenta do que acontece no jogo de poder entre Rússia, Oriente Médio e Ocidente. Sua história, escrita em 2015, soa real demais para nós e aí reside o ponto que me conquistou e me faz indicar o livro, mesmo com as ressalvas de sua lentidão inicial. Para todos os que gostam do xadrez político, a obra é um convite ao prazer da leitura com boas doses de mistério. E a aventura não termina. Ainda há um terceiro livro para concluir essa trilogia Red Sparrow.
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