Carlos Nunes 09/07/2020
Infelizmente, deixou a desejar
Depois de ler os quatro livros anteriores com a dupla Tommy & Tuppence, e principalmente porque o anterior, UM PRESSENTIMENTO FUNESTO trouxe Agatha Christie em sua melhor forma, a expectativa para esse último volume estava bem alta. Mas esse, que foi o último livro escrito pela autora (embora não o último publicado), causa uma grande estranheza. O início é bem similar aos anteriores protagonizados pela dupla: ao se mudarem para uma casa de campo, Tuppence descobre um bilhete bastante sugestivo dentro de um livro infantil e, dando asas à sua imaginação fértil, começa a investigar o fato, que teria ocorrido na época da I Guerra. Por isso, ela própria já uma senhora na faixa dos 70 anos, precisa entrevistar velhinhos em asilos, enquanto Tommy mexe as engrenagens com seus velhos conhecidos do Serviço Secreto. Mas a trama é confusa, repetitiva, muitas vezes não se sabe para onde estamos sendo conduzidos. Reflexo de uma senilidade dos personagens ou da própria Agatha? Parece que essa falta de qualidade ficou tão evidente que a própria filha da autora sugeriu que o livro não fosse publicado, mas Agatha bateu o pé e exigiu a publicação. O fato é que nesse livro Agatha colocou muito de suas reminiscências da infância, como locais, livros e brinquedos de sua própria vida. Agatha, que sempre primou por um desfecho redondo, no qual amarrava perfeitamente todas as pontas soltas da trama, aqui deixou um emaranhado frouxo e preguiçoso. Um final melancólico para os personagens mais divertidos da autora.